Pe. Nicolás Schwizer– Com a Igreja universal, este mês, celebramos o tempo da Páscoa. É um tempo de gozo e de alegria, um tempo de vitória e de festa. Por isso, o verdadeiro cristão é incapaz de viver à margem da alegria pascal, por Cristo ter introduzido e instalado a alegria, nos entregado a alegria.

Em sua vida, não pode mais existir o fracasso: nem o pecado, nem o sofrimento, nem a morte são para ele obstáculos insuperáveis. Tudo é matéria prima de redenção, de ressurreição, porque no centro de seu pecado, de seus sofrimentos e de sua morte, o Cristo vencedor o espera.

O Senhor ressuscitado encheu o mundo de alegria. Se nos fixamos no Evangelho, percebemos duas coisas que Cristo reprova especialmente aos seus discípulos: o medo e a tristeza.

“Cheios de medo, acreditavam que estavam vendo um fantasma”, se diz deles. “Mulher, por que choras?”, disse Cristo a Maria Madalena quando lhe aparece, perto do sepulcro. O mesmo aconteceu com os discípulos de Emaús: “Estavam entristecidos”, quando o Senhor lhes aparece. Sempre Jesus chama a atenção para o medo e a tristeza.

Temos de nos perguntar se essa atitude não é também a nossa. Precisamos examinar se nossa religião pessoal não é também uma religião de tristeza e de medo, porque muitos cristãos constroem um muro entre Deus e eles; muro de desconfiança, de mal-entendidos, de terror e de distanciamento.

Aceitar crer na alegria significa quase aceitar a renunciar a nós mesmos. Nossa tristeza e nosso medo são as medidas de nosso apego a nós mesmos, à nossa experiência, à nossa desconfiança, à nossas queixas.

Estas são, então, as perguntas que Cristo nos faz neste Tempo Pascal: Você crê que eu posso ressuscitar a este morto que era você e a todos os demais mortos que te rodeiam? Você crê que eu posso te dar a conhecer uma vida que você gostaria de viver para sempre? Você crê que eu posso despertar você para essa vida nova?

O essencial não é ressuscitar dentro de dez ou trinta anos, mas, sim, viver e ressuscitar em seguida. Para que possamos experimentar uma vida nova, temos de morrer em seguida: morrer para nossas faltas, para nossas tristezas, para nossos ressentimentos e para nossas lamentações.

Apenas desse modo poderemos também ressuscitar em seguida, ressuscitar a paz, a fé, a esperança, o amor e a alegria. Somente assim existe Páscoa para nós.

Por isso, se Deus está comigo, não posso ter medo; ao contrário, minha preocupação maior deve ser: estar despreocupado em cada momento, não por negligência, mas sim porque confio em Deus. Sempre é mais forte aquele que tem Deus por aliado.

Hoje em dia, os sentimentos de temor e impotência contra os obscuros riscos e ameaças da vida são mais fortes que nunca e nos acompanham a cada passo; ficamos angustiados por causa da situação econômica de nossa pátria, pelo futuro de nosso povo.

A verdadeira fé é uma confiança total em Cristo, aquele que, em todos os perigos, traz ajuda e salvação. Jesus é salvação ainda quando parece que ele está dormindo ou sem se preocupar com os seus. A partir do momento em que Ele está na barca, não há nada para temer, porque não podemos perecer em companhia de Jesus; não se pode ir com Ele na mesma barca e afundar. Ele pode, ele vem nos salvar, mesmo que pareça estar dormindo.

Tradução: Maria Rita Vianna