Como tu me amaste e continuas me amando

João casou-se com Thereza Turcato, conheceu-a em Ribeirão, no Rio Grande do Sul. Ela trabalhava em um hotel e era boa cozinheira. Ambos se enamoraram e decidiram unir-se em matrimônio. Após o casamento, o casal mudou-se para Restinga Seca. Lá abriram um hotel. Thereza tinha fama de ser excelente cozinheira e, por isso, o hotel atraiu boa clientela, mas ela tinha uma saúde frágil e logo adoeceu. Quando ficou gravemente enferma (tuberculose), o casal mudou-se para Santa Maria, a fim de que ela tivesse um acompanhamento médico melhor.

Pouco antes do falecimento da esposa, mudaram-se para Santa Maria, em uma região de ferroviários, propícia para o comércio. João abriu um pequeno armazém, a fim de cumprir bem sua responsabilidade pelo sustento da família.

Para João Pozzobon o matrimônio tinha uma realidade sacramental indiscutível e levou a sério a fidelidade que jurou diante do altar!

Thereza faleceu e foi sepultada em Ribeirão, sua terra natal. João costumava viajar todos os anos de Santa Maria ao cemitério de Ribeirão, onde ela fora sepultada a fim de rezar junto de seu túmulo. Esforçava-se para manter sempre viva no coração dos dois filhos a recordação da mãe! Os filhos permaneceram por um tempo com os avós, porém João queria tê-los junto a si. Um sacerdote aconselhou-o a se casar novamente, e João conheceu Vitoria Filipetto, com quem se casou em 1933, na Igreja de Arroio Grande.

Desse novo casamento, nasceram cinco filhos. Ao todo, eram sete filhos, que João chamava de “minhas sete joias“. Ao falar do matrimônio de João com Vitória, facilmente nos inclinamos a usar a palavra “casal perfeito”! Vitória era uma mulher que trazia em seu interior a paz e a harmonia. João era um cristão modelar, um esposo exemplar, um digno pai de família. É compreensível que, com sete filhos, a esposa não saísse em peregrinação com o marido, levando a Imagem Peregrina às famílias; mas ela o acompanhava em tudo, apoiava seu trabalho e dava toda colaboração possível. Ela sempre o esperava com um chá quente, mesmo que chegasse tarde da noite e João a despertava com o café da manhã servido na cama.

Após 46 anos de uma feliz vida matrimonial, Vitória veio a falecer. Cinco dias após sua morte, João escreveu o quanto sentia a separação, dando como título de seu texto: “Deus e seus planos”.

Deixaste uma coisa importante gravada em nosso coração: teu exemplo de mãe serviçal. Um contínuo serviço e um modelo no modo de vestir. Soubeste copiar este modelo de Maria. […]

Vitória, descobri em teu coração aquele consolo que traz a oração. […]

Uma coisa ficará gravada em meu coração até a eternidade: quando eu partia para as longas viagens de peregrinação com a Imagem Peregrina da Mãe e Rainha tua despedida era: ‘que o Anjo da Guarda te abençoe, e a Mãe e Rainha te acompanhe’. […]

Tuas simples palavras: ‘João, estou às tuas ordens’ me encantavam cada vez que as pronunciava. […]

Como tu me amaste e continuas me amando, intercede do céu este amor.”[1]

 

 

_______________________________________________
[1] Pozzobon, João L. Trechos do Escrito “ Deus e seus planos” dedicado à sua esposa Vitória Filipetto.