A Vigília Pascal é o centro e o núcleo do mistério pascal de Cristo e dos cristãos, e, por isso, de todo o Ano Litúrgico. Toda a Quaresma deve tender para ela, e o Aleluia nela cantado ressoa sem interrupção até Pentecostes. Todos os domingos do ano nela se inspiram.

A Vigília Pascal constitui a grande Páscoa anual dos cristãos, em que se celebram os Sacramentos da Iniciação Cristã e se renovam as promessas do Batismo. Nesta noite, a mãe de todas as vigílias, falam alto os símbolos da vida: o fogo, a luz, a água, o óleo, o pão e o vinho.

A bênção do fogo novo simboliza a vida nova que surge com a ressurreição de Jesus. A Igreja toda escura, sem a presença do Santíssimo significa que sem Jesus não existe nada, nem luz, nem vida, nem comunidade, nem alegria. A bênção do fogo e do círio pascal, que representa o Cristo Ressuscitado, nos falam que Cristo é a própria luz e “quem o segue não anda nas trevas para terá a luz da vida”!

Após a breve celebração da luz, a Igreja medita sobre as maravilhas que Deus realizou pelo seu povo desde o início da criação, que confiou em sua palavra e sua promessa, até que, aproximando-se a manhã da ressurreição, seja convidado, com os novos membros que lhe nasceram pelo batismo, a participar da mesa que o Senhor lhe preparou por sua morte e ressurreição.

A procissão do círio, a partilhar sua luz com as velas dos presentes, transformará o ambiente da igreja e então terá sentido fazer o grande anúncio da Páscoa pelo canto do Exultet.

Segue a Liturgia da Palavra. Propõe-se nove leituras: sete do Antigo Testamento e duas do Novo. Por razões de ordem pastoral, pode-se diminuir o número das leituras do Antigo Testamento, tendo-se, porém, em conta que a leitura da Palavra de Deus é o principal elemento desta vigília. Leiam-se pelo menos três leituras do Antigo Testamento. A leitura da passagem do Mar Vermelho nunca pode ser omitida.

Todas estas leituras são feitas à luz do Novo Testamento, à luz de Cristo. Já não são mais Antigo Testamento. A criação acontece no início do mundo, aconteceu em Cristo e acontece agora na vida da Igreja. O sacrifício de Abraão torna-se realidade agora em Cristo; a libertação da escravidão, o povo salvo das águas, são realidades presentes, vividas nas leituras, expressas nos Salmos e nas orações, após cada salmo responsorial.

O Glória solene faz a transição das leituras do Antigo Testamento para o Novo. Segue a leitura do Apóstolo Paulo sobre a ressurreição de Cristo e dos cristãos. O solene Aleluia prepara a proclamação da ressurreição de Cristo no Evangelho.

Terminada a Liturgia da Palavra com a homilia, quando há catecúmenos a serem batizados, a comunidade celebra a nova vida pelos Sacramentos da Iniciação cristã, vividos pelos novos filhos gerados na fé e no Batismo, ungidos pelo Espírito e participando da Eucaristia.

A Igreja torna-se Mãe. Nesta noite a Igreja, a comunidade, dá à luz novos filhos pelo Batismo. É na fé desta Igreja que as crianças e os adultos são batizados. Todos renovam o seu batismo, para reassumirem sua missão de mãe, de acolher a vida e colocar-se a serviço dela.

O Espírito de Cristo é que fecunda as águas do Batismo; o Espírito de Cristo fecunda os nossos corações, o Espírito de Cristo quer ir formando o Corpo Místico de Cristo na comunidade dos fiéis.

Na Eucaristia toda a comunidade vive a Páscoa em plenitude. Durante a Quaresma e a Semana Santa, a comunidade se preparou para esta celebração anual da Páscoa. Na ação de graças ela diz um sim festivo à existência já perpassada de eternidade pela ressurreição de Cristo.

Toda a nossa vida será, então, um aguardar dinâmico da manifestação visível do Cristo Ressuscitado e da nossa glorificação com Ele, onde cantaremos o eterno Aleluia da felicidade sem fim.

Cada Páscoa é um marco de renovação da comunidade, fonte de vida, um verdadeiro renascer. É a maior festa dos cristãos, por isso, em nossos corações precisa reinar alegria, vitória, pois Cristo ressuscitou e venceu a dor, o mal, o pecado. Nele seremos sempre vitoriosos!

A Vigília da Páscoa não pode passar despercebida para um cristão consciente. A Missa do Domingo da Páscoa será para ele apenas um complemento do que viveu na grande Vigília.

Texto baseado no livro Falar com Deus, Francisco Fernandes Carjaval, Ed. Quadrante.

Imagem: cathopic.com