A importância da Via-Sacra na Quaresma em tempos de pandemia

Pe. José Antônio Boareto– A realidade da pandemia exigiu de nós a reinvenção. Diante da exigência de distanciamento social precisamos ter diversos cuidados. Apesar do serviço religioso ser considerado essencial, ter cautela é fundamental, pois a situação atual está cada vez mais preocupante. Entretanto, seguimos com fé, esperança e acima de tudo amor.

E com fé queremos viver o tempo da Quaresma. A família, igreja doméstica, é chamada à conversão, este ano em particular, ao diálogo como compromisso de amor, conforme motiva a Igreja no Brasil juntamente com as igrejas cristãs por meio da Campanha da Fraternidade Ecumênica.

E justamente reunidos em família devem aprender o valor da escuta e assim crescerem no diálogo. E como favorece à fraternidade entre os próprios irmãos, pais e mães em casa, a oração comum.

Rezar a via-sacra em família propicia um encontro com a própria Paixão do Senhor. Ao meditar sobre cada estação, cada um de vocês pode ir refletindo sobre sua própria “via-crucis”. Todo discípulo e discípula de Jesus sabe que para segui-lo é preciso renunciar a si mesmo, tomar a cruz e segui-lo dia após dia. (Cf. Lc 9, 23).

A renúncia exige abandono. Ao meditarmos o caminho de Jesus até o Calvário vamos aprendendo o sentido profundo do que seja dar a vida por amor. Ninguém tira minha vida, eu a dou livremente (Cf. Jo 10, 18). E essa liberdade de dar-se compreende como atitude de obediência à vontade do Pai até a morte de cruz (Cf. Fl 2,8).

Por meio da meditação da via-sacra compreendemos o sentido profundo da salvação que Ele ofereceu a nós. Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho único para salvar e não condenar o mundo. (Cf.Jo 3, 16). Assim, por meio da meditação da via-sacra feita em família, vocês podem fazer um exame de consciência sobre como estão acolhendo a cruz em vossas vidas.

Que a meditação da via-sacra ajude-os a reconhecerem a presença do Senhor em vossas vidas, pois Ele derramou o Espírito do Filho que clama Abbá. (Cf. Rm 5,5). Ele está vivo e ressuscitado e faz novas todas as coisas (Cf. Ap 21,5). É com o olhar em Cristo na cruz que é a vitória sobre o mal e a morte que devem contemplar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

 

 

Foto: Diocese de Bragança Paulista/SP

*Pe. José Antônio Boareto pertence a Diocese de Bragança Paulista/SP, é Reitor Seminário Imaculada Conceição, em Campinas/SP e assessor para a Dimensão do Ecumenismo e Diálogo inter-religioso