Recordamos 125 anos da consagração do Pe. Kentenich a Maria, aos nove anos
Ir. M. Ana Paula R. Hyppólito – Em 12 de abril de 1894, dia de sua entrada no orfanato de Oberhausen, o pequeno José Kentenich é levado por sua mãe à capela. A mãe, aflita, volta-se para Maria, numa estátua de Nossa Senhora do Rosário, e consagra-lhe o que tem de mais caro, seu filho. O que acontece, no doloroso momento da despedida, impressiona o menino a ponto de, anos depois, falar muitas vezes daquele acontecimento. Frequentemente, confessa que essa consagração a Maria constituiu um acontecimento chave, que deixou na sua alma uma impressão profunda e duradoura e o acompanhou durante toda a vida. A consagração a Maria, foi para ele uma experiência que deseja absolutamente transmitir aos jovens, em sua tarefa de Diretor Espiritual. Ele diz: “Há alguns anos, vi na capela de um orfanato uma estátua da Mãe de Deus que tinha ao pescoço uma correntinha e uma cruz douradas. A correntinha e a cruz eram a recordação de primeira comunhão de uma mãe, que se viu forçada a colocar seu único filho num orfanato, devido a uma situação familiar adversa. Não lhe era possível continuar a cuidar de seu filho como mãe. O que podia, então, fazer, na angústia do seu coração e dos seus cuidados? Toma a única recordação de valor da sua infância, a sua lembrança da primeira comunhão, e coloca-a ao pescoço da Mãe de Deus, com o pedido instante: educa meu filho! Sê-lhe inteiramente mãe! Cumpre no meu lugar os deveres de mãe”![2] A partir daquele dia da consagração, o Pe. José Kentenich, ainda criança, interiorizara profundamente a convicção de que a Mãe de Deus é sua mãe. É esta a certeza que deseja transmitir, ao iniciar sua primeira tarefa de educador: “Maria é nossa mãe! Não nos dispensa simplesmente cuidados de mãe, nem é apenas nossa mãe adotiva, mas é, realmente, nossa verdadeira mãe, nossa mãe espiritual, nossa mãe sobrenatural.[3] Ao celebrar o jubileu de 25 anos de sacerdócio, destaca a importância central da educação de Maria na sua vida: “Ela (Maria) formou-me e educou-me pessoalmente a partir dos meus nove anos.[4] Olhando o passado, posso dizer: não conheço ninguém que tivesse uma influência mais profunda sobre o meu desenvolvimento. (…) minha educação é exclusivamente obra da Mãe de Deus, sem qualquer influência humana mais profunda”.[5] Que influxo esse acontecimento, vivido há 125 anos, pode ter em nossa vida pessoal? Certamente, grande influxo, a partir da nossa abertura a ele. Como schoenstattianos, vivemos da Aliança de Amor com a Mãe e Rainha de Schoenstatt. Essa Aliança define e configura nossa vida, até nos mínimos detalhes, à medida que vamos tomando consciência de sua importância e experimentando como a Mãe é realmente nossa Mãe e Educadora, bem pessoalmente. Essa Aliança nos leva a consagrar os filhos, netos e todos os que nos são queridos a Maria. Ao consagrá-los sempre de novo pela oração “Ó minha Senhora…”, não queremos que ela os coloque numa redoma e os livre de todos os perigos e dificuldades. Quando consagramos nossos entes queridos, temos por objetivo que sejam formados e educados como personalidades fortes, firmes, livres, autênticas, que saibam dominar a vida, tomar decisões a partir do interior, para serem luzes que brilham num mundo escuro. Nosso fundador lutou sempre pela formação do novo homem e da nova comunidade, viveu e pregou meios para que cada pessoa vença o homem-massa e alcance a verdadeira liberdade dos filhos de Deus. O principal meio é, sem dúvida, a consagração à Mãe de Deus. Vincular-se a Maria, como Mãe e educadora é uma vivência que marca profundamente a alma. Não é coisa “infantil” ou “pieguice”, coisa apenas para mulheres, crianças e pessoas menos instruídas, mas uma experiência que nos toma por inteiro e nos ajuda a superar muitos desafios exteriores e interiores. Dá-nos profunda segurança em todas as adversidades e forças para superarmos a nós mesmos. Dá-nos coragem para reconhecer quem somos, encarar com sinceridade nossos lados de luz e de sombra e abertura para nos deixar formar e ajudar. A Mãe e Rainha usa, muitas vezes, causas segundas para mostrar sua presença, sua atuação, mas em outras tantas, atua diretamente em nossa vida, só precisamos estar atentos para enxergar e veremos que tudo o que recebemos a cada dia, nos vem por sua materna intercessão e por seu carinhoso olhar de Mãe. Tenho experimentado isso muitas vezes. E você? Como tem percebido que sua Aliança com a Mãe e Rainha tem formado a sua vida? Material utilizado: Os anos ocultos de Dorothea Schichmann [1] Assim faz em 1913, 1914, 1932, 1935, 1950, 1951, 1955, 1960, 1963, e mais. [2] J. Kentenich, Conferência de 3.5.1914, apud: F. Kästner, Unter dem Schutze Mariens, p. 184. [3] J. Kentenich, apud: F. Kästner, Unter dem Schutze Mariens, p. 184. [4] No momento da consagração, J. Kentenich tinha oito anos de idade, estava, portanto, no nono ano de vida. [5] J. Kentenich, Conferência de 11.8.1935.