(Foto: parroquiamadridejos via cathopic.com)
Pe. Nicolás Schwizer– O tempo do Advento é um tempo em que a Igreja se prepara para voltar a celebrar, no Natal, o mistério da vinda de Cristo. O Cristo que veio pela primeira vez em Belém, para inaugurar o Reino de Deus na terra.
O Cristo que, um dia, voltará glorioso, para celebrar o triunfo definitivo desse Reino. Porém, é também o Cristo que vem a cada instante – por exemplo, na Eucaristia – e que, incessantemente, nos convida à abertura para o seu amor, para sua alegria e para sua paz.
O tempo do Advento é um tempo de esperança, de alegre espera nessa múltipla vinda do Senhor. O Advento nos lembra a longa espera do povo de Israel. O povo de Deus se preparou durante séculos à espera da vinda do Salvador, o Messias prometido. Os profetas se encarregaram de manter viva essa esperança. Assim também o profeta Isaías súplica ao Senhor: “Oxalá os céus se abrissem e baixassem”.
O Advento nos lembra, também, a alegre e confiante espera da Santíssima Virgem Maria. Durante nove meses, sente seu Filho, o Salvador do mundo, crescer em seu ventre. Com quanto amor ela o acolhe no presépio de seu próprio coração! Com que ansiedade espera e deseja o nascimento de seu Filho Jesus! Maria é, por isso, a grande figura do Advento.
Nós, cristãos do século XXI, já vimos e temos visto o rosto de homem do filho esperado por Maria, o Messias anunciado pelos profetas. Entretanto, ainda esperamos sua plena manifestação, quando voltará com poder e majestade. No Evangelho, ele nos convida a estarmos preparados, por meio da vigilância. Essa vigilância diante da surpreendente vinda do Senhor é o verdadeiro tema de toda pregação sobre o fim do mundo.
O fim do mundo não é, pois, um motivo para medo, mas, sim, de esperança, ainda que isso valha apenas para aqueles que vigiam. A contradição é que os cristãos já estão prevenidos, já lhes foi avisado, já sabem o segredo da catástrofe iminente. E, apesar disso, continuam vivendo como os outros e fazem tudo o possível para se esquecerem dessa catástrofe.
O Evangelho nos apresenta a volta do Senhor de modo discreto, cotidiano: o dono da casa que chega de surpresa e quer encontrar seus criados vigilantes. Acredito que o sentido dessa parábola simples da chegada de Cristo é o seguinte: não devemos imaginar Jesus como um juiz, vem no último dia, para nos pedir prestação de contas; somos nós mesmos que nos julgamos por nossa atitude para com Ele, pela nossa resposta aos seus chamados.
Aquele que rejeita e não aceita minhas palavras, já tem que o julgue; a palavra que tenho falado, essa o julgará no último dia (cf. Jo 12,48).
Essa é a razão pela qual Jesus nos exorta à vigilância e nos apresenta como iminente o fim do mundo. A verdade é que o fim do mundo acontece agora, e o Reino de Deus surge progressivamente entre nós. A cada instante, acaba o mundo velho e surge um mundo novo. Deus está conosco hoje e todos os dias, até a consumação dos tempos.
Cristo nos ensina o preço infinito de cada instante; nos revela que é Ele mesmo quem recebe tudo o que fazemos pelos mais pequeninos dos seus. Ele está ao nosso lado, todos os dias; nos dá esta vida para gozar de sua presença. Os que não gozarem de sua presença nesta vida terrena, continuarão sendo indiferentes a Ele, na outra vida.
Devemos eternizar tudo o que temos amado de forma suficiente. Nossa capacidade de redenção é proporcional à nossa força de amor.
Tradução: Maria Rita Vianna