Esperança no horizonte

Pe. Emerson José da Silva SAC– A solenidade de hoje é um rasgo de esperança em nosso horizonte. É uma festa muito mais nossa do que de Maria, que já está no céu e não precisa desta festa. Nós sempre nos enganamos quando pensamos que Deus precisa de festa e de nossos louvores. Somos nós que precisamos nos voltar para as grandes realidades que nos ajudam a levar o cotidiano pesado de nossa vida.

Todos os dias nos deparamos com mortes, crimes, roubos, violência, corrupção, maldades, o que nos leva a ficar desanimados, infelizmente com uma certa razão. Mas nos desanimamos porque nos esquecemos que existem realidades maiores que nos dão forças e reavivam a nossa esperança, e uma delas é a festa que celebramos hoje.

Quando pensamos em Maria, imaginamos uma mulher gloriosa, caminhando solene pelas ruas de Nazaré, uma cidade grande e bonita, mas não é nada disso. Nazaré era uma cidade da roça onde Maria vivia com sua família numa casinha paupérrima, sem qualquer espécie de conforto. Viviam na pobreza, talvez até passando fome, pagavam pesados impostos, pois cultivavam a terra das pessoas ricas que viviam nas grandes cidades.

Maria vivia esse cotidiano muito mais duro do que o nosso, mas olhando o seu Filho que já crescia e que passava pelas mesmas privações, o seu olhar se estendia para o mundo inteiro. Conservava no seu coração a certeza de que aquele Menino traria uma realidade diferente, não uma revolução econômica ou política, mas uma esperança que venceria qualquer situação.

Assunção quer nos dizer que a nossa vida não termina no momento derradeiro de nossa morte, mas se abre para uma eternidade de luz e de beleza. Esta festa quer nos lembrar que, mesmo caminhando dentro de nossas contingências, caminhamos rumo a uma plenitude, o que torna qualquer problema pequeno em comparação com a força interior que essa esperança nos dá.

É nessa caminhada diária que podemos experimentar as luzes de Deus, pois Ele não se manifesta no esplendor, mas no cotidiano de trabalho e de luta. Maria conseguiu perceber esses milagres diários e hoje ela nos diz que valeu a pena. Quando a Igreja proclama que ela subiu aos céus, não está nos apresentando uma alegoria, mas proclamando que ela atravessou o túnel escuro da morte para encontrar a luz. Todos nós somos chamados a viver a mesma experiência, pois não somos diferentes dela, mas antes precisamos viver como ela viveu, nessa caminhada muitas vezes longa e difícil, mas seguros e certos de que somos guiados por uma esperança que se fará certeza.