24º Domingo do Tempo Comum

Pe. Francisco José Lemes Gonçalves– Estamos no capítulo onde Jesus, em Mateus, traça o perfil da comunidade e a convivência com os irmãos e irmãs, de modo que a boa convivência transpareça o amor de Deus e ao sermos olhados os que não creem possam exclamar: “vejam como se amam” e queiram fazer parte da comunidade.

Perdoar é um dom a graça de Deus e uma arte. Uma ação que nos faz olhar para o Pai do céu que nos chama a perfeição e a santidade; faz chover sobre bons e maus e faz o sol brilhar sobre justos e injustos. Se Deus agisse somente com a justiça ninguém subsistiria! Por isso, seu amor vem acompanhado da justiça, tudo que Deus faz é por amor, com amor e para o amor. Tudo que ele faz é para nosso bem, mesmo o sofrimento no seu amargo tem um bem. Como dizia Dom Aloisio Lorcheider: “é o remédio amargo que nos cura”.

Na passagem de hoje, Pedro quer agir segundo os preceitos da Lei escrita que previa o perdão sete vezes ao dia para quem pecasse. Uma ação limitada! Jesus vai além, resgatando o espírito da Lei, perdoar até setenta vezes sete; ou seja, sempre! Estar disposto a perdoar pequenas e grandes falhas, já nos ensinará no Pai nosso: “perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos quem nos tenha ofendido”. Perdoar nos ressuscita e ressuscita quem recebe o perdão. Liberta! Cura! A medicina já diz em seus estudos que o perdão pode curar muitas doenças. Perdoar revela em nós a nobreza de Deus.

Muitos poderão dizer: “ah mais é difícil padre”, “o senhor não sabe o que ele/ela me fez”, “posso até perdoar, mas não quero papo”, “o que fez para mim foi um golpe no coração” e assim vai uma longa ladainha. Já parou para pensar se Deus agisse assim conosco quando não vamos a missa, quando trocamos as coisas de Deus pelas do mundo, quando deixamos de ser solidários agindo com a mais fria indiferença, quando só achamos que nós estamos sofrendo nesta pandemia? Pois é, no entanto, Deus segue te amando: o sol brilha na sua janela, tens saúde, ainda tens um trabalha, ninguém da tua casa foi contaminado nesta pandemia, enfim, quanta coisa Deus te presenteia!

Perdoar é converter e fazê-lo com um coração nobre inflamado pelo Espírito de Deus. Nosso Pai e Fundador sempre cultivou esta nobreza do perdão diante das incompreensões, até mesmo da própria Igreja, diante da Obra de Schoenstatt, senhor João Luiz Pozzobon também teve essa nobreza do perdão diante das dificuldades na Campanha da Mãe Peregrina… quando entramos na escola de Maria, no seu Santuário de Schoenstatt, ela vai nos modelando a imagem de seu Divino Filho e assim percorremos este mundo tão dilacerado pelo ódio, irradiando o amor de Cristo!