Pe. Nicolás Schwizer – Com toda a Igreja, celebramos este mês a festa da Virgem do Rosário (07 de outubro), pelo aniversário da vitória conquistada pelos cristãos na batalha naval de Lepanto, em 1571. Essa vitória é atribuída à Santíssima Virgem, especialmente invocada pela oração do Rosário. Parece-me que essa festa e o mês do Rosário querem animar-nos a rezar mais frequentemente.
Nós, como marianos, com certeza somos amigos também dessa oração tão eficaz e rezada durante séculos. Talvez não haja uma oração que dê mais alegria à nossa Mãe celestial; por isso, vamos agora refletir um pouco sobre o Rosário, seu sentido e sua riqueza para nossa vida cristã. Quando contemplamos os mistérios do Rosário, vemos que eles vão se unindo aos ritos de nossa história de salvação.
Diz-se que Santo Domingo inventou o Rosário, porque queria dar ao povo um compêndio de todo o Evangelho, um meio para meditar os mistérios centrais de nossa salvação. Esses mistérios nos mostram Maria como Companheira e Auxiliar de Cristo, durante toda sua vida. Na hora da Anunciação, Maria dá seu consentimento para a encarnação de Jesus Cristo e, assim permaneceu unida a Ele para sempre, acompanhando-o e cuidando dele durante toda sua infância e sua vida oculta.
Entretanto, Maria é também sua Companheira durante os três anos de vida pública, ainda que se mantivesse mais escondida. Finalmente, acompanha Jesus até o pé da cruz, sofrendo junto com Ele. Por sua grande fidelidade, Maria permanece também Companheira de Jesus em sua Ressurreição, Ascensão e Glorificação no céu. Participa no Reino de Cristo e da Santíssima Trindade, sendo a mais poderosa advogada do céu. Essa profunda unidade entre Jesus e Maria ressoa, quando contemplamos os mistérios do Rosário.
Rezando o Rosário, nós nos sentimos envolvidos nessa vinculação perfeita entre a Mãe e o Filho. Sabemos bem que o grande anseio de nossa Mãe celestial é nos conduzir e levar-nos pela mão até seu Filho Jesus Cristo e a Deus Trino. Assim, rezar o Rosário é símbolo de nosso amor a Maria, sinal de nossa vinculação com Ela e, por meio dela, com seu Filho Jesus. Meditando o Rosário, unimos os acontecimentos agradáveis e tristes de nossa própria vida aos mistérios gozosos e dolorosos da vida de Jesus e Maria.
Michelangelo, o famoso artista, pintou um quadro famoso, chamado “o juízo final”; ali, os bem-aventurados são levados até o céu por meio de um Rosário. Por esta obra, o pintor queria dizer-nos que um amor fiel à Santíssima Virgem, assim como se manifesta pela reza do Rosário, nos garante a salvação eterna. Na vinculação profunda com Ela, estamos sempre a caminho rumo à Casa do Pai.
Rezar o Rosário não é apenas sinal de nosso amor a Maria; é, também, manifestação de nossa confiança a Ela, é a confiança dos filhos de sua Mãe. Conhecemos o lema de São Bernardo: “Um filho de Maria jamais perecerá!” Rezar o Rosário quer ainda ser expressão de nossa gratidão. Geralmente, estamos mais prontos para pedir do que para agradecer, porque somos egoístas também em nossa oração. Meditar o Rosário nos inspira a dar graças por esses mistérios de salvação, por nossa vocação cristã, por tudo que Deus e Maria fazem por nós em nossa vida, dia após dia.
Queridos irmãos, parece-me que a Virgem convida a todos nós a rezar mais frequentemente, neste mês, essa oração tão rica e profunda, que é o Santo Rosário – expressão e sinal de nosso amor, nossa confiança e nossa gratidão para com a Santíssima Virgem e Deus.
Tradução: Maria Rita Vianna