Pe. Nicolás Schwizer – Os noivos vêm a Igreja para se casar diante de Deus e diante da comunidade cristã. É porque sentiram que esse amor que nascia, se oferecia como uma promessa de felicidade. Foi tão profunda sua experiência de amor, que decidiram: isso tem que durar para sempre.
E cada um haverá dito a si mesmo: Minha felicidade depende desta pessoa extraordinária com a qual me encontrei. Percebo que sem ela eu não posso crescer, não posso ser feliz, a necessito. E por isso quero unir minha vida a dela. Assim é como iniciam o caminho do matrimônio: cheios de esperança.
Mas o que significa o sacramento do matrimônio para a história de amor que estão vivendo?
Penso que a grande maioria dos matrimônios cristãos não tem muito claro esse significado. Existe muito de costume, de rotina e até de pressão familiar nisso. Muitos creem que o casamento não é mais que uma simples benção do próprio amor – assim como se abençoa um automóvel ou uma medalhinha – para que Deus os proteja e não lhes suceda nada mal. Eu sei que esse não é o conceito que vocês têm deste sacramento.
Porque o verdadeiro sentido do matrimônio cristão é: através deste sacramento, o Senhor faz algo com o amor. Toca este amor e o modifica, o modifica em outra coisa diferente do que era quando entraram na Igreja. Algo semelhante aconteceu na Última Ceia, quando o Senhor transformou o pão em seu Corpo. O pão continuou parecendo pão, mas já não era pão, mas sinal de que aí está o Corpo de Cristo. A mesma coisa faz o Senhor com o amor no dia do casamento: Toma o amor dos noivos e o transforma em sinal e em presença de seu próprio amor divino.
O amor continua sendo o amor dos dois, mas ao mesmo tempo é mais – como a hóstia consagrada é mais que pão. O amor dos dois recebe a missão de ser sinal e reflexo do amor de Deus entre os homens. E no sacramento do matrimônio, os dois vão aceitar essa missão. Vão dizer ao Senhor: Sim, aceito que meu amor se transforme em reflexo do teu. Quero amar meu cônjuge não segundo meus desejos, mas quero tratar de amá-lo como Tu, Senhor, amas a Igreja, como Tu amas a humanidade inteira, como Tu amas cada ser humano.
No profundo de seu coração dirão ao outro: eu te aceito como a pessoa através da qual Cristo vai aproximando-se a mim. Eu sei, Deus aproxima-se a mim através de muitas coisas, de muitas pessoas, de muitos acontecimentos. Mas ao me casar contigo, te aceito como o grande caminho pelo qual Cristo vai aproximando-se a mim. Cada um se aceita e se doa ao outro como lugar privilegiado de encontro com o Senhor. Cada um se transforma para o outro em Santuário vivo, onde encontra Cristo. O rosto da esposa e do marido se transforma no rosto de Cristo mesmo: rosto cheio de amor, ternura, generosidade, entrega e fidelidade.
Por isso, Deus os chama a se transformar em sinais permanentes de seu amor, em sacramentos vivos de seu amor. O importante da cerimônia do casamento não é, então, o vestido da noiva nem a quantidade de convidados, mas este encontro profundo com o DEUS DO AMOR. No livro do Apocalipse e na tradição cristã há uma imagem muito bonita, que é a imagem de CRISTO COMO SOL. Sabemos que o sol é a fonte de luz, fonte de calor, fonte de vida. E Jesus é nosso sol. Porque seu amor ilumina, esquenta e vivifica nossa existência. E isso o que significa? Cada um há de ser Sol de Cristo para o outro: dá-lhe a luz, dá-lhe o calor, a vida que necessita para crescer.
Vocês se casam porque cada um descobriu que o outro era seu sol. Porque o encontro com o outro o fez sentir feliz, seguro, aceitado. E decidiram se casar, para seguir sendo sol do outro, para continuar doando mutuamente essa luz. Queridos irmãos, peço a Deus e a Santíssima Virgem, a Mãe do amor bonito, que cada um seja Cristo para o outro, seja sol de Cristo para o outro, é dizer: luz, alegria, vida, amor, felicidade.
Pergunta para a reflexão
- Somos um presente um para o outro?
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