Papa aprovou Documento Final do Sínodo como guia para o trabalho nas dioceses

O Papa Francisco aprovou o Documento Final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, no dia 26 de outubro, que apresenta 155 pontos resultantes de três anos de escuta do povo de Deus. Esse período de reflexão envolveu milhões de pessoas em todo o mundo, discutindo o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão e missão”.

Na segunda e última sessão do Sínodo, realizada em Roma, participaram 368 membros com direito a voto, incluindo 272 bispos e mais de 50 mulheres, entre religiosas e leigas de diversos países. Em seu discurso de encerramento, o Papa ressaltou a importância de um caminho inclusivo, enfatizando que “ninguém fique de fora” e que a harmonia é essencial para a manifestação do Reino de Deus.

A missão da Igreja no ambiente digital

O Documento aborda a missão da Igreja no ambiente digital, reconhecendo sua crescente influência, especialmente entre os jovens. Cada cristão é chamado a ser missionário em seu contexto, incluindo o digital, onde há oportunidades de evangelização. A Igreja deve apoiar esses missionários digitais com “pão da Palavra e da Eucaristia”, enfatizando que essa missão é coletiva e não individual.

Duas palavras-chave emergem do texto: “relações” e “vínculos”, representando a dinâmica de interações entre as Igrejas, com foco nas Igrejas locais e a valorização do laicato. A proposta para que os Dicastérios da Santa Sé realizem consultas antes de publicar documentos normativos é também uma das recomendações significativas do Documento.

Estrutura do documento

O Documento Final é dividido em cinco partes. A primeira, “O coração da sinodalidade”, é seguida por “Juntos, na barca de Pedro”, que trata da conversão das relações que formam a comunidade cristã. A terceira parte, “Sobre a tua Palavra”, identifica práticas de discernimento eclesial e transparência. A quarta parte, “Uma pesca abundante”, discute o intercâmbio de dons entre as Igrejas. Por fim, “Também eu vos envio” destaca a importância da formação em sinodalidade missionária, sendo guiado pelos relatos evangélicos da Ressurreição.

O sofrimento e a esperança

A Introdução do Documento explica que o Sínodo é uma experiência renovada de encontro com o Ressuscitado, que traz à tona as feridas que ainda sangram em muitos irmãos e irmãs, refletindo sobre o sofrimento causado por guerras, injustiças sociais e crises ambientais. O Sínodo é também um esforço ecumênico, buscando a unidade plena dos cristãos e reafirmando a inspiração do Concílio Vaticano II.

Reflexões sobre a sinodalidade

A primeira parte do Documento reflete sobre a “Igreja Povo de Deus”, ressaltando a necessidade de uma Igreja mais próxima e relacional. A sinodalidade é descrita como um caminho de renovação espiritual e reforma estrutural, capaz de irradiar a luz de Cristo. A valorização da diversidade cultural e das relações é fundamental para crescer como uma Igreja missionária.

Conversão relacional e participativa

A segunda parte do Documento enfatiza a importância de cultivar relações saudáveis com Deus e entre os irmãos. A conversão relacional é necessária para uma verdadeira sinodalidade, e a dor expressa por muitos que se sentem excluídos é um chamado à renovação das relações no Senhor.

A participação de leigos e leigas é central, com o ministério ordenado a serviço da harmonia e da unidade na Igreja. É necessário um entendimento claro da relação do bispo com a Igreja local.

Discernimento e processos decisórios

A terceira parte do Documento destaca que o discernimento eclesial, a transparência e a prestação de contas são práticas essenciais para responder à Palavra de Deus. O discernimento não é uma técnica, mas uma prática espiritual vivida na fé, fundamental para as decisões da Igreja.

Interligação e unidades entre Igrejas

A quarta parte do Documento aborda a necessidade de cultivar novas formas de intercâmbio de dons entre as Igrejas, destacando que a experiência de enraizamento é essencial para a missão da Igreja.

Formação de discípulos missionários

A última parte do Documento afirma que para que o Povo de Deus testemunhe a alegria do Evangelho, é necessária uma formação integral e contínua. A promoção de uma cultura de proteção nas comunidades e a disseminação de temas como paz, justiça e diálogo inter-religioso são fundamentais.

Acolhimento e compreensão

Francisco fez um apelo para uma Igreja sem barreiras e alertou sobre os problemas causados por rigidez, que muitas vezes afeta membros do clero. Ele sugeriu que o Documento Final fosse acolhido com abertura e compreensão.

Diferentemente das edições anteriores, o Papa anunciou que não publicará uma exortação apostólica, afirmando que o Documento Final é suficiente e já contém diretrizes concretas para a missão das igrejas em diferentes contextos. Ele também confirmou a continuidade do trabalho de dez grupos de estudo até junho de 2025, abordando temas como pobreza, participação das mulheres na Igreja e formação de sacerdotes.

“No Documento há já indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diversos continentes, nos diversos contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos. Por isto, disse que seja publicado. Quero, deste modo, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que através deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus”, declarou Francisco.

O Papa enfatizou a importância de traduzir as palavras do Documento em ações concretas nas dioceses, destacando a necessidade de criatividade e compromisso na implementação das propostas.

Conclusão e entrega a Maria

O Documento conclui ressaltando que a salvação é alcançada através das relações e que, apesar das dificuldades do mundo, existe um desejo profundo de relações autênticas. A oração à Virgem Maria pede sua intercessão para que possamos ser um povo de discípulos missionários que caminham juntos em uma Igreja sinodal.

 

Até o momento, o documento está disponível apenas em italiano e pode ser acessado clicando aqui

 

Com informações de vatincannews.va e cnbb.org.br