Iniciamos o mês de novembro celebrando, no dia 1 Todos os Santos. A Igreja recorda nesse dia todos os santos conhecidos e amados por nós, e também todos aqueles santos não canonizados e desconhecidos. É um tempo especial para recordar que todos nós somos chamados à santidade. Em Schoenstatt aprendemos a trilhar o caminho da santidade no heroísmo da vida diária, em nossa “extraordinária vida comum”, seja na vida familiar, no ambiente do trabalho, no relacionamento com os amigos e o próximo, e principalmente no nosso relacionamento com Deus.

No livro Santidade de todos os dias, o Pe. Kentenich nos estimula a praticar as pequenas virtudes, como expressão da nossa fé, amor a Cristo e ao próximo. São imprescindíveis para se viver bem em família, em comunidade, no Movimento, no trabalho. Vamos conhecê-las?

“As virtudes a que nos referimos chamam-se pequenas, porque passam quase despercebidas, são pouco apreciadas e valori­zadas aos olhos do mundo. Todavia, o cristão dispensa particular atenção a estas virtudes, porque são boas auxiliares na santifica­ção.

  1. Pe. Roberti, orientando-se em São Francisco de Sales es­creveu um opúsculo sobre as pequenas virtudes. Começa sua ex­posição dizendo: “As pequenas virtudes são muitas. Vou nomeá-las brevemente: indulgência com as faltas dos outros e prontidão para perdoá-las, ainda que não haja o direito de se pedir tais con­siderações; certa dissimulação que parece não ver as faltas salien­tes do próximo, o que, como vês, é justamente o contrário da­quela triste perspicácia de descobrir as faltas ocultas; certa com­paixão que torna seus, os sofrimentos dos infelizes e oprimidos e uma alegria que partilha da felicidade dos que são felizes, para aumentá-la; certa flexibilidade de espírito que aceita sem repugnância o que é certo e razoável nas opiniões de um companheiro ou companheira, mesmo que não a tenha compreendido no mo­mento e que apoia, sem inveja, as opiniões alheias, reconhecidas como melhores; certa solicitude em ajudar os outros, a fim de evi­tar-lhes a aflição e a humilhação de precisarem constantemente pedir auxílio; generosidade do coração, que sempre faz o possível para ser útil, obsequioso e agradável aos outros e ainda que só possa fazer pouco, demonstra o desejo de fazer muito mais; deli­cada afabilidade que sabe ouvir os importunos sem observações e aborrecimentos; certa cortesia nos deveres de urbanidade, que não se assemelha à falsa amabilidade dos mundanos, mas exterio­riza, uma sincera cordialidade cristã”.

O Bispo Carnus nos relata um diálogo que manteve com seu amigo São Francisco de Sales. Certa vez disse o santo: “Como deveríamos apre­ciar as pequenas virtudes que desabrocham aos pés da cruz, pois são rega­das pelo sangue do Filho de Deus!”

  Quais são estas virtudes? perguntei-lhe.

  A humildade — respondeu ele — a paciência, a caridade, a bonda­de, o saber suportar o próximo, a tolerância, a mansidão do coração, a do­cilidade, a cordialidade, a compaixão, o saber perdoar as faltas de atenção, a simplicidade, a sinceridade e outras virtudes semelhantes a estas. Tais vir­tudes são como as violetas, crescem no frescor da sombra, alimentam-se do orvalho, e, mesmo sendo tão pouco vistosas, espalham o mais suave perfu­me em torno de si!

Perguntei-lhe: “Há então outras virtudes que crescem no alto da cruz?” E ele me respondeu: “Muitas. São as que irradiam grande brilho, quando acompanhadas de um amor sensível, como por exemplo: a sabedo­ria, a justiça, a magnanimidade, o zelo, a prodigalidade, a esmola, a cora­gem, a pureza, a mortificação exterior, a obediência, a contemplação, a perseverança, o desprezo dos bens e das honras terrenas e outras virtudes se­melhantes a estas. Todos gostariam de possuí-las. São mais apreciadas e por isso muitas vezes preferidas, pois conferem maior honra e prestígio à pes­soa. No entanto, deveríamos desejá-las tão somente porque são mais apre­ciadas por Deus e nos servem de meio para provarmos o nosso amor, de modo mais elevado. ‘

  1. As pequenas virtudes possuem uma grande importância porque são consideradas sociais, seguras, comuns e razoáveis. Sociais, porque são a alma da vida em comum, que sem elas não poderia existir com tranquilidade. Seguras, porque oferecem pouca possibilidade de honra exterior e por isso, tão facilmente, não nos levam ao orgulho. Dizemos que são comuns, porque surgem muitíssimas ocasiões de praticá-las no dia-a-dia. E ainda, devemos dizer que são bastante razoáveis, porque todos sabemos por experiência que, se não as possuímos os outros sofrem por nossa causa e nós, pelos outros.

Em seu livro sobre a humildade, Leão XIII nos dá uma norma de ouro para a vida prática: “Durante uma conversa, nunca contradigas a ninguém, em se tratando de questões duvidosas, que podem ser apreciadas ora de um modo, ora de outro! Cede, portanto, em coisas de menor importância, mes­mo que estejas convencido de serem errôneas as convicções alheias! Mas em todas as ocasiões em que seja conveniente defender a verdade, age com co­ragem, todavia sem paixão, sem te exaltares, sem mostrar desprezo. Podes estar certo de que vencerás mais facilmente com serenidade e moderação do que através da impetuosidade e descortesia”.”