As palavras do Papa Francisco são dirigidas a todos que têm medo, vergonha ou receio de se confessar, acompanhe:
Quando nos sentirmos “para baixo” – porque todos, em certos momentos da vida, nos sentimos um pouco desanimados; todos nós passamos por esta experiência – o que podemos fazer? Há um remédio infalível para erguer-se. A Confissão!
Se eu vos perguntar “No que pensais quando vais confessar?”, tenho quase a certeza da resposta: “Nos pecados”. Mas – pergunto-vos (e respondei) – são verdadeiramente os pecados o centro da Confissão? Não!
Deus quer que te aproximes d’Ele pensando em ti, nos teus pecados, ou n’Ele? Deus, o que quer? Que te aproximes d’Ele ou dos teus pecados? Que quer Ele?
Qual é o centro: os pecados ou o Pai que perdoa todos os pecados? O Pai!
Não vamos confessar-nos como pessoas castigadas que devem se humilhar, mas como filhos que correm para receber o abraço do Pai. E o Pai levanta-nos em qualquer situação, perdoa-nos todos os pecados. Fixai bem: Deus perdoa sempre! Entendestes? Deus perdoa sempre!
Deixo-vos um pequeno conselho: depois de cada Confissão, permanecei alguns momentos a recordar o perdão que recebestes. Guardai aquela paz no coração, aquela liberdade que sentis dentro de vós: não os pecados, que já não existem, mas o perdão que Deus te deu, a carícia de Deus Pai. Este, o perdão de Deus, guardai-o; não deixeis que vos roubem-no.
E na próxima vez que fordes vos confessar, lembrai disto: vou receber de novo aquele abraço que me fez muito bem. Não vou a um juiz para regularizar as contas; vou a Jesus que me ama e cura.
Neste momento, tenho vontade de dar um conselho aos padres. Digo, aos padres que se sentam no lugar de Deus Pai, que Ele sempre perdoa, abraça e acolhe. Demos a Deus o primeiro lugar na Confissão. Se o protagonista for Ele, tudo se torna belo e confessar-se torna-se o sacramento da alegria. Sim, da alegria: não do medo e do julgamento, mas da alegria. E é importante que os padres sejam misericordiosos. Nunca sejam curiosos, nunca inquisidores, por favor, mas sejam irmãos que dão o perdão do Pai, sejam irmãos que acompanham neste abraço do Pai.
Mas alguém poderia dizer: “Seja como for, eu sinto vergonha; não consigo superar a vergonha ao ir me confessar”. Não é um problema; trata-se de uma coisa boa. Sentir vergonha na vida, às vezes faz bem. Se te envergonhas, quer dizer que não aceitas aquilo que fizeste. A vergonha é um bom sinal, mas, como qualquer sinal, convida a ir mais longe. Não fiques prisioneiro da vergonha, porque Deus nunca Se envergonha de ti. Ama-te mesmo no ponto em que te envergonhas de ti mesmo. E ama-te sempre. Não está no ecrã, isto que vos digo: na minha terra, aos descarados que fazem mal em tudo, chamamos-lhes «desavergonhados».
Uma última dúvida: “Mas, padre, eu não consigo me perdoar, portanto, nem sequer Deus poderá perdoar-me, pois cairei sempre nos mesmos pecados”. Ouve! Mas Deus, quando é que Se ofende? Quando Lhe vais pedir perdão? Não! Nunca Se ofende… Deus sofre quando pensamos que Ele não pode perdoar-nos, pois é como se Lhe dissesses: «És fraco no amor». Dizer, de Deus, isto – «és fraco no amor» – é injusto! Ao contrário, Deus alegra-Se em nos perdoar, todas as vezes. Quando nos levanta, acredita em nós como na primeira vez. Ele não desanima. Somos nós que desanimamos; Ele não. Não vê pecadores a etiquetar, mas filhos a amar. Não vê pessoas erradas, mas filhos amados; porventura feridos, e então Ele tem ainda mais compaixão e ternura. E cada vez que nos confessamos – nunca o esqueçais –, faz-se festa no Céu. Seja assim também na terra.
Discurso do Papa Francisco no encontro com jovens em Košice/Eslováquia, em 14 de setembro de 2021
Fonte: schoenstatt.org.br