Sabemos que o Padre Kentenich foi consagrado a Nossa Senhora, já antes de nascer. Talvez tenha sido esta consagração um prenúncio do que ele haveria de ser no futuro.”

[1]

Ir. M. Larissa Rodrigues- Catarina Kentenich, mãe de Pedro José Kentenich, movida pela dificuldade financeira e pelo novo emprego que exigia de si disponibilidade quase integral, busca auxílio junto a seu confessor Padre Savels.  Ela não desejava confiar seu filho aos cuidados dos avós do menino, que já não possuíam condições para assumir esta responsabilidade, devido à idade avançada. Catarina decide, então, levar seu pequeno filho ao Orfanato St. Vincenzhaus, na cidade de Oberhausen/Alemanha.

Antes de iniciar uma nova fase em suas vidas, mãe e filho vão à Capela do Orfanato buscar refúgio junto a Nossa Senhora, ali personificada por meio de uma estátua. Imersa em aflição por saber que em poucos minutos chegaria o momento da despedida, Catarina consagra à Mãe de Deus o que possuía de mais valioso: seu filho. Esta vivência abre José para a consagração e a experiência de fé adquirida por este ato ameniza a dor da separação.

Naquele 12 de abril de 1894, José Kentenich oferece, conscientemente, seu próprio coração a Nossa Senhora, selando com ela uma Aliança de Amor.[2] E adota, livremente, Nossa Senhora como sua mãe.

“No entanto, nosso Pai afirmou que em toda a sua infância e juventude, ninguém exerceu uma influência importante sobre ele. Foi como se Deus tivesse querido guardar seu coração intocado para que a única educadora de sua vida fosse Nossa Senhora. Resumindo: exteriormente, nosso Pai era normal no trato com os outros, mas ninguém atingiu o fundo do seu ser; só Nossa Senhora foi o único e grande amor de toda sua infância e juventude.” [3]

Pela consagração feita há 128 anos, em Oberhausen, o bom Deus já começara a atuar em vista do futuro de Schoenstatt. “A consagração a Maria foi, certamente, fruto de uma misteriosa condução divina. Anos mais tarde, falando por ocasião de uma consagração a Maria, Padre Kentenich relaciona o acontecimento na capela do orfanato com a entrega total a Deus: ‘a minha insegurança entrega-se agora às mãos mais seguras que se possa imaginar, às mãos maternais (de Maria) e assim, às mãos de Deus’”.[4]

Tal vivência de filialidade abrangeu tão profundamente seu ser que, anos depois, como sacerdote, José Kentenich quis transmitir a todos essa experiência filial. A partir dessa Aliança de Amor, selada em 12 de abril de 1894 e da sua renovação em 18 de outubro de 1914, junto aos jovens congregados, na Capelinha em Schoenstatt, a Igreja e todos nós presenteados com a fundação da Obra de Schoenstatt. Ninguém poderia imaginar que aquela consagração a Nossa Senhora de um pequeno menino de 9 anos, traria tantos frutos para a Igreja e tantas bênçãos a milhares de pessoas, no mundo inteiro.

Neste 12 de abril  “(…) peçamos à Mãe que nos dê a graça de um profundo contato filial com ele; peçamos-lhe que nos permita sentir que Deus nos quer em unidade com ele; que a vida de nosso Fundador pode tornar-se nossa vida, para que possamos dar seu espírito à Igreja e ao mundo do futuro, e nos transformarmos em homens construtores de história como ele o foi.”[5]

 

 

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Referência: 

[1] BARBOSA, Maria Augusta. Pai e Educador Carismático. 4. ed. Atibaia: Edições Aliança, 2009

[2] Cf. J. Kentenich, segundo testemunho escrito de Ir. M. Christine Pauly, 27.11.1993.

[3] ALESSANDRI, Pe. Hernán. Um Fundador, um Pai, uma missão. Santa Maria: Palotti, 2001. Tradução: Pe. Gilberto Cavani.

[4] SCHLICKMANN, Dorothea M. Os anos ocultos: Padre José Kentenich Infância e Juventude (1885-1910). Santa Maria: Sociedade Mãe e Rainha, 2008. Tradução: Maria da Graça Sales Henriques.

[5] Cf. ALESSANDRI, Pe. Hernán. Um Fundador, um Pai, uma missão. Santa Maria: Palotti, 2001. Tradução: Pe. Gilberto Cavani.