Outubro é um mês repleto de significado para a Igreja e o Movimento de Schoenstatt. Não apenas celebramos o Mês Missionário, mas também renovamos nossa Aliança de Amor com a Mãe e Rainha, uma expressão do compromisso missionário com Maria.
Juliana Dorigo – O mês de outubro é tradicionalmente dedicado à reflexão e ao engajamento na missão da Igreja. A escolha de outubro para celebrar o Mês Missionário remonta à memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões, comemorada em 1º de outubro, e ao Dia Mundial das Missões, celebrado no penúltimo domingo do mês. Além disso, o Papa Pio XI, em 1926, oficializou a intenção de dedicar este mês às missões, intensificando a consciência sobre o papel missionário da Igreja e o chamado à evangelização.
Além do foco missionário, outubro tem um significado ainda mais profundo para a Família de Schoenstatt. No dia 18 de outubro de 1914, o Pe. José Kentenich, junto com um pequeno grupo de seminaristas, selou a primeira Aliança de Amor com Maria, na pequena capela de São Miguel, que se tornaria o Santuário Original, na Alemanha. A Aliança de Amor é um compromisso com a Mãe Três Vezes Admirável, de viver uma vida cristã de forma profunda e colaborar com Maria na missão de levar Cristo ao mundo.
“A Aliança de Amor com Nossa Senhora é uma fonte de graças para a transformação do mundo. Através dela, somos chamados a ser missionários, levando a luz de Cristo e o amor de Maria a todos os povos,” afirmou o Pe. Kentenich.
A Importância da Missão
A missão é o coração da Igreja. Cristo, ao enviar seus apóstolos, deixou claro que a mensagem do Evangelho deveria alcançar “todos os povos” (cf. Mt 28,19-20). O Papa Francisco reafirma essa dimensão missionária ao nos chamar a sermos uma “Igreja em saída”, não centrada em si mesma, mas voltada para as periferias existenciais. O Papa nos convida a não nos contentarmos com uma fé estagnada, mas a levarmos a Boa Nova de Cristo a todos, especialmente aos que estão à margem da sociedade.
“Cada batizado é um missionário”, afirmou o Papa Francisco em diversas ocasiões, destacando que a missão é um chamado para todos, e não apenas para aqueles que deixam sua terra natal. Assim, cada cristão, por meio de suas ações cotidianas, deve ser um testemunho vivo da mensagem de Jesus.
O Trabalho Missionário da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt
Na Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, o trabalho missionário assume uma expressão única. Iniciada por João Luiz Pozzobon em 1950, inspirado por seu profundo amor a Nossa Senhora e pelo compromisso com o Santuário de Schoenstatt, Pozzobon percorreu milhares de quilômetros a pé, levando a imagem da Mãe Três Vezes Admirável às famílias, escolas, hospitais e presídios. Ele acreditava que, ao visitar os lares com a imagem da Mãe Peregrina, a graça do Santuário de Schoenstatt também estaria presente, fortalecendo a fé e unindo as famílias. Por isso, dedicou sua vida para salvar às famílias.
“Toda pessoa, que queira seguir de perto Jesus Cristo, comprometendo-se com sua missão, deve preparar-se para percorrer os mesmos caminhos do Redentor, aprontar-se interiormente para uma dura luta”
Pozzobon, em sua incansável jornada missionária, dizia: “Schoenstatt trouxe para mim grande mudança, um enorme enriquecimento de minha fé, e também uma missão a realizar, um grande apostolado… quando me encontrei com Schoenstatt, quando comecei a Campanha, começou uma nova vida, uma vida diferente”. Seu compromisso reflete a essência da Campanha que tem como objetivo renovar e santificar as famílias, ajudando-as a viver uma fé mais profunda e autêntica.
Ao longo dos anos, a Campanha cresceu, espalhando-se por diversos países e continentes, sempre com o mesmo espírito missionário. Hoje, mais de 30 milhões de famílias em todo o mundo recebem a visita da Mãe Peregrina, fortalecendo suas vidas de fé e comunhão com a Igreja. Esse trabalho missionário reflete o chamado universal à evangelização e à missão, um esforço para levar Cristo e Sua Mãe a todos os cantos do mundo.
Missionários na vida cotidiana
Outubro é um mês que nos lembra de nossa responsabilidade como cristãos de sermos missionários em nossas vidas cotidianas. A missão não é apenas um aspecto da vida da Igreja, mas sua própria essência. Como nos ensinou João Luiz Pozzobon:
“Conservava um espírito forte, uma coragem capaz de demolir montanhas”. Perante as adversidades, “era como receber forças, um passo para a frente, cresciam as energias e o amor à missão, compreendendo bem que se tratava de algo divino”; “o amor superava tudo, e eu até agradecia, porque ficava mais clara a força divina que se manifestava na missão”.
E, assim, como missionários da esperança, seguimos o caminho do serviço, da oração e do compromisso com a renovação espiritual das famílias e da sociedade, em união com o Santuário e com a missão de Cristo.
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Referências Bibliográficas
Papa Francisco. Evangelii Gaudium (2013). Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual.
João Luiz Pozzobon. Cartas e discursos missionários. Arquivo do Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria, Brasil.
Kentenich, Pe. José. A Missão da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Edições Instituto Secular de Schoenstatt Padres de Schoenstatt, 1998.
Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. A Alegria de Ser Missionário: Reflexões sobre o Mês Missionário Extraordinário. Vaticano, 2019.
Uriburu, Esteban. Herói hoje, não amanhã. Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt. Santa Maria, Brasil