Pe. Kentenich nos fala sobre o diálogo com Deus
O momento de oração é onde nos colocamos mais próximos de Deus, onde depositamos nossa fé, confiança e amor. O Pe. José Kentenich, nos fala do significado desse momento pessoal. confira:
Devo provar? Facilmente nos convencer desta verdade, se recordarmos a mais habitual qualidade, o conceito mais elementar da oração. Não pretendo dar uma definição doutrinal, mas repetir, chamar à memória o que nós, talvez desde criança, aprendemos nesse sentido. É uma certa definição, um certo esclarecimento do que é a oração. A definição mais comum e simples reza: a oração é um colóquio pessoal com Deus. Ela nos é conhecida. Mas será que entendemos todo o valor que ressoa nesta frase? É um diálogo pessoal – não impessoal.
Quando falamos de um colóquio impessoal com Deus? Quando interiormente não demonstramos interesse naquilo que proferimos pelos lábios. Quando se trata de um diálogo impessoal com Deus? Quando repetimos, sem interesse pessoal, o que os santos e a Igreja rezaram. Cuidemos, então, para que a nossa oração não continue sendo apenas um movimento de lábios. “Esse povo louva-me com os lábios, mas seu coração está distante de mim”.
Sendo sinceros, teremos que confessar que nossos momentos de oração estão marcados pela distração, pela recitação monótona. Recitamos monotonamente o que os outros proferiram. Repetimos simplesmente nossas orações, sem emoção interior, sem espírito.
A oração pessoal, repetimos, deve ser a expressão de um interesse intimamente pessoal. E o que temos interesse de expressar, de modo singelo, ao Bom Deus? Expressemo-lo como se falássemos com um amigo. Deus é nosso interlocutor pessoal. É claro que, no decorrer de nossa vida, cresce nosso círculo de interesses. Posso ter interesse por meu irmão, por minha esposa, por meus filhos; como posso também alimentar interesses políticos ou de muitos outros gêneros. Meu interesse primeiro, sem dúvida, será em favor de meus filhos. Se minha oração for pessoal, então essa variedade de preocupações será incluída no colóquio com Deus. Há ademais interesses meramente pessoais, ou pelas coisas econômicas, ou pela escolha vocacional; estou preocupado em descobrir se esse ou aquele jovem, essa ou aquela moça enquadra comigo. Posso também estar preocupado em saber se devo casar ou permanecer virgem. Portanto os interesses e ocupações podem ser de inúmeras espécies. Mas também poderei estar alimentando meu interesse por Deus. Desde que me tornei mais idoso, aumentou em mim o número de interesses: todos eles ocupam um lugar especial, em meu colóquio com Deus pela oração.
Minha conversação com Deus deve ser pessoal. Frequentemente insistimos que Deus alegra-se em especial ao ouvir nossos desabafos. Não precisa ser através de uma conversa douta. Deus entende todas as linguagens e dialetos, consoante reza um provérbio popular: posso falar com Deus “como me cresceu o bico”. Minha linguagem pode ser alemã, inglesa… Falo com Deus “como me cresceu o bico”! Expressando-me mais profundamente diria: como o coração se desenvolveu!
Na verdade, caros ouvintes, a oração é susceptível de variadas formas. Se hoje algo ainda tem sentido, pois que seja levado até o trono de Deus!
Sendo pai ou mãe, recordo a satisfação que sentia ao ouvir os primeiros balbucios de meus filhos: papai, mamãe! Isso constituiu para mim, pai ou mãe, verdadeira alegria. Não se há de aplicar o mesmo com relação a Deus? Causa-nos particular contentamento, ao perceber a criança, através das primeiras pulsações do seu coração, a dialogar com Deus! Muitas vezes não há melhor escola para nós adolescentes, pais ou mães, do que a maneira como as crianças rezam.[1]
[1] Pe. José Kentenich, Livro: Como é bonito rezar.