Paixão e Morte de nosso Senhor Jesus Cristo – Sexta-feira Santa

Pe. Francisco José Lemes Gonçalves- “Quando eu for levantado atrairei todos a mim” (Jo 12,32) relata o evangelista São João e nesta celebração se concretiza essa profecia de Jesus em todo o mundo! Atrairei todos a mim! Por que que a imagem do Crucificado não nos atrai mais? E como devemos ser curados disso?

Primeiro: O andar da carruagem do mundo foi nos distanciando de uma ascese contemplativa do Crucificado. Fomos nos deixando levar por um mundo com ausência de sofrimento, uma constante avalanche de um “bem-estar” material e econômico que supre a cruz.

Quase e nunca encontramos imagens de Jesus Crucificado nos lugares públicos, em nossas casas, escolas e até mesmo nas igrejas tentam substituí-lo por imagens que não nos façam lembrar do Calvário. O Papa Bento XVI, hoje emérito, já nos falava da importância de tê-lo sobre a Mesa do Altar para nos lembrar de seu grande sacrifício de amor.

“Para contemplarmos Cristo crucificado a fim de termos a força de ultrapassar as dificuldades. A Cruz de Jesus é o sinal supremo do amor de Deus por cada homem, a resposta superabundante à necessidade que toda a pessoa sente de ser amada. Quando passamos pela prova, quando as nossas famílias enfrentam o sofrimento, a tribulação, olhemos para a Cruz de Cristo!” (Papa Bento XVI, 6 de abril de 2012)

Segundo: nossos olhos foram deseducados a parar diante da Cruz e contemplar. Se estamos diante dele estamos preocupados com compromissos ou ligados nas mensagens que chegam pelo celular. Não conjugamos a dor que estamos a passar com a do Corpo sofrido e dilacerado na cruz; aí não entendemos a dimensão do sofrimento e fugimos em busca de um alívio rápido.

Não nos esvaziamos de nós mesmos, não silenciamos nosso interior. Temos dificuldades de estar como Maria aos pés da cruz diante do mistério de um Deus que se fez homem e morreu por nós.

Terceiro: as ofertas do mundo nos atraem tanto que o olhar o Crucificado nos remete a passagem de Isaias:

Como muitos ficaram pasmados a sua vista
– por demais desfigurado para ser de homem seu aspecto (Is 52,14)

Do mundo nos tirou a piedade, o envolvimento com aquele que se deu a nós por puro amor e de livre vontade.

Um dos soldados abriu-lhe o peito com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. Quem viu isto é que está dando testemunho, e seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade, a fim de que acrediteis. Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura: “Nenhum de seus ossos será quebrado”. E diz em outra parte a Escritura: “Olharão para aquele que transpassaram”. (Jo 19: 34,37)

Que nesta Sexta-feira Santa, mais uma vez online, paremos diante de nossos celulares, TVs e outros meios de comunicação e acompanhemos esta cerimônia rica de leituras e gestos. Coloque em destaque o Crucifixo que tiver em casa, se não o tem imprima uma imagem dele. Permita atrair-se por Ele e aos pés de sua cruz temos uma Mãe que reeducará o nosso olhar para aquele que tem a salvação.

Não é mais a serpente do deserto levantada por Moisés para curar os que foram picados (curando apenas do veneno); mas agora é Jesus levantado na Cruz que não só cura dos males físicos, mas do mal maior: o pecado!

“Para isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve minha voz”. (Jo 18,37)

Neste dia, os nossos Santuários de Schoenstatt serão nossos “pequenos calvários”, onde a Mãe nos atrairá aos pés da Cruz de seu Divino Filho e com ela descer o calvário na espera dos frutos da ressurreição.