6 de abril, o dia que o Fundador deixa o campo de concentração
Ana Paula Paiva – Em um dia 6 de abril, como o de hoje, Pe. José Kentenich foi liberado do campo de concentração de Dachau, após mais de 2 anos preso pelo regime nazista (1945). Foram duras as penas sofridas por nosso fundador (e por todos os presos, evidentemente), mas também abundantes as graças (pensemos nas obras e cartas escritas, nos frutos espirituais para nossa Família, nos atos de heroísmo e martírio em nome da fé de tantas pessoas – sangue derramado que semeiam cristãos, e as comunidades fundadas, para citar apenas alguns exemplos).
Ao sair do campo de concentração, já às vésperas do encerramento material da II Guerra Mundial, o contexto em que vivia a Alemanha era de devastação social e econômica, sentimento de fraqueza da população, aliada à culpa (consciente ou não) dos apoiadores do regime, instabilidade política, invasão das tropas contrárias (lideradas pelos Estados Unidos), tristeza por tantos mortos e famílias desfeitas. O pós-guerra foi devastador.
E, nesse contexto, nosso Fundador é liberado e se dirige ao local seguro mais próximo: Ennabeuren, que contava com a presença de palotinos e local onde foi construída a primeira capela dedicada à Mãe Três Vezes Admirável fora de Schoenstatt (uma capela bem parecida com o Santuário, dedicada em 1926 – veja fotos aqui). E o que o Fundador encontrou ali?
Uma população muitíssimo amedrontada e um pároco que entrega ao Pe. José Kentenich fiéis, em grande maioria camponeses (lembremo-nos que Dachau foi um campo de concentração basicamente agrícola) temerosos com uma possível invasão norte-americana.
Nosso Fundador então os prepara: diariamente rezam o terço, celebram a missa e recebem conferências sobre a necessária confiança em Deus em tempos de dificuldades e incertezas. Em 17 de maio, Pe. Alexander Menningem chega a Ennabeuren e no dia 18 partem, finalmente, para Schoenstatt.
Interessante notar que, quando os americanos chegam à cidadezinha, a encontram serena e prestativa, ainda que o medo não a tivesse completamente abandonado, e, diferentemente do que havia acontecido em outros vilarejos, os americanos não são violentos e não a destroem, pois não encontram uma população em revolta.
Profundamente marcante a postura de nosso Fundador, que entrou e saiu de Dachau com o coração pronto para todas as batalhas e provas que Deus exigisse, com o coração sem hesitar na confiança na Divina Providência e no cuidado muitíssimo especial de Maria. Imediatamente me vem à mente o grande bispo de Hipona, Santo Agostinho, de quem nosso Pai e Fundador herda e teologia positiva da Graça e de um Deus da Vida – aliás, e que também preparou seus fiéis para as invasões bárbaras que cercavam sua diocese. É nesse contexto que o grande Bispo escreve como a Roma material (a cidade dos homens) deve ser substituída pela Roma Eterna (cidade de Deus), no tempo da queda do Império Romano que trouxe consigo ainda mais desagregação e dificuldade (evidentemente aqui não se compara o Império Romano com o regime nazista, mas apenas a postura de ambos os clérigos).
O que isso tem a nos ensinar?
Quais são as duras provas que, hoje, cada um de nós enfrenta?
Que a exemplo de nosso fundador possamos entrar e sair delas com a confiança de filhos prediletos e muito amados de Deus, confiando no cuidado de Maria e na Providência de Deus que tudo sabe e cuida.