Ao celebrarmos o mês vocacional, dedicamos nesta semana as nossas orações suplicando pela santificação dos sacerdotes e pelas vocações.
Uma das tarefas que nosso Fundador, Pe. Kentenich, exercia com zelo especial é o cuidado pelo acompanhamento dos sacerdotes. Conhecemos o heroísmo de muitos deles, principalmente durante o tempo de perseguição pelo nazismo.
Há um deles, pouco conhecido, e que merece toda nossa gratidão. É o primeiro sacerdote schoenstattiano a ser martirizado no Campo de Concentração de Dachau: Pe. Heinrich König, nascido em 24 de junho de 1900, em Höchst, na Alemanha, e morto no Campo de Concentração de Dachau, no dia de seu aniversário, em 24 de junho de 1942. Uma praça, na cidade de Gesenkirchen, tem o seu nome, desde 1987. Nesta cidade ele foi preso, em 30 de setembro de 1941. Há também uma estação de metrô com seu nome, desde 2002. Nessa estação há um memorial dedicado a ele. Desde 18 de junho de 2021, ele ainda dá nome a uma Rua.
Quem é esse sacerdote tão admirado ainda hoje?
Ele pertencia a uma família católica, era o mais velho de seis irmãos, após concluir seu estudo fundamental, entrou para o seminário em Paderborn. Estudou também em Münster e Munique e foi ordenado sacerdote em 10 de agosto de 1924, na Catedral de Paderborn, por Dom Kaspar Klein. Ainda como seminarista, em 1923, ele entrou para o grupo de sacerdotes, no Movimento Apostólico de Schoenstatt e conheceu o Fundador, Pe. José Kentenich. Trabalhou em várias paróquias e acompanhava alguns grupos da juventude de Schoenstatt. Não escondia sua posição contra as ideologias nazistas e foi denunciado por causa disso, sendo preso no dia 30 se setembro de 1941.
Sua irmã, Helma König, escreve nas recordações sobre seu irmão: A Gestapo foi informada “que ele havia recebido, em nosso apartamento, um soldado que tinha perdido seu irmão no campo de concentração e que meu irmão prometeu celebrar a Santa Missa pelos falecidos. Meu irmão conhecia bem os dois soldados, pois eles pertenciam à família Kolping, da qual meu irmão era também presidente. … No decorrer dessa conversa, eles também falaram sobre a situação atual. O bispo de Munster havia acabado de protestar publicamente, em suas homilias, contra o confisco e a dissolução dos mosteiros, a espionagem e a prisão de padres e religiosos, a morte de deficientes e doentes mentais etc. Ao retornar ao front, o soldado contou ao seu capitão e o relatório dele veio para a Gestapo local.”
Torturado e morto no campo de concentração
Pe. Heinrich König foi preso, em Gelsenkirchen, onde permaneceu de 30 de setembro a 2 de dezembro de 1941, quando foi transferido, sem julgamento, para o Campo de concentração de Dachau, onde chegou em 5 de dezembro de 1941. Ali, sua saúde agravou-se, ele tinha um sério problema no fígado, e, foi operado por um jovem médico nazista, no mesmo mês em que chegou. A cirurgia foi executada de forma tão amadora que ele nunca mais se recuperou. Em março de 1942, foi transferido para o bloco dos sacerdotes e, como não conseguia fazer nenhum trabalho pesado, foi designado para cuidar da casa e arrumar as camas (que tinham 3 andares) no quartel. Pe. José Fischer, que também estava como prisioneiro, diz que num dia, ao realizar esse trabalho, Pe. Heinrich caiu de um banquinho e deve ter ferido o local de sua cirurgia.” Com muita dor e febre, foi transferido, então, para a enfermaria do Campo, onde faleceu.
Ele tinha uma fonte interior
Um companheiro de prisão de Dachau, Rev. E. Th.,caracterizou Heinrich König como um homem com um comportamento gentil, sereno e silencioso. “Ele sempre tinha uma palavra amorosa para dizer e um sorriso amável no rosto. Quando se considera a terrível situação em que estávamos, é preciso valorizar isso.” Sua irmã Helma escreve: “Era visível que meu irmão tinha uma fonte profunda dentro de si. Seus amigos sacerdotes gostavam se seu jeito simples, prático e seu modo de ser profundo.” Um de seus amigos sacerdotes escreveu, em 1957: “Heinrich certa vez falou às jovens, de modo profundo e compreensível sobre o Espírito Santo. Quando, mais tarde, eu lhe disse que gostava muito de seus pensamentos, ele respondeu: ‘Quando eu aprendi sobre o mistério da Santíssima Trindade, isso se iluminou tanto que não consegui dormir a noite inteira de alegria’.”
Uma “oferenda sacrifical”
Pe. Heinrich König preparou-se como “oferenda sacrifical” na escola de Schoenstatt. Em agosto de1927, participou da primeira consagração de 12 padres, da diocese de Paderborn, à Mãe de Deus, no Santuário Original, em Schoenstatt. Em agosto de 1939, participou dos primeiros retiros de 4 semanas para sacerdotes, em 18 de outubro de 1939, consagrou-se na altura da Carta Branca. Isto é, deu um cheque em branco, por assim dizer, para a Mãe de Deus, com a disposição de aceitar tudo o que o Pai Celestial tinha reservado para sua vida. Ele viveu essa entrega total à Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt e à sua obra.
Em sua oração pessoal de consagração, ele reza: “Mãe e Rainha Três Vezes Admirável, nesta hora, eu me consagro a ti, solene e irrevogavelmente, com o meu ser e todos os meus dons. Quero ser inteiramente e para sempre a tua propriedade e instrumento. …Uma saudade ardente me faz suplicar-te: Deixe-me – como tu – ser radicalmente livre de mim mesmo, pleno de Cristo, e voltado para Deus. …Mesmo convicto de minha incapacidade, mas, confiante em tua bondade sem limites, eu gostaria de ser teu instrumento, apenas instrumento, mas, também, inteiramente instrumento…” Ele escreve ainda pedindo que a Mãe de Deus leve a sério esta sua entrega e que diariamente, a renovaria em cada Santa Missa: “Será meu presente matinal, uma consagração diária, um sacrifício de vida. Conduze-me como uma criança fraca, para junto de Cristo sob a cruz, para que minha vida – como a tua – se torne uma oferenda sacrifical de ação de graças e de amor ao Pai, em Cristo pelo Espírito Santo”.
Para mim o mínimo!
Esta oração de consagração tão íntima, profunda e pessoal expressa não só o seu vínculo a Maria e o seu Filho, Jesus Cristo, mas também o seu desejo e vontade de se dedicar totalmente aos outros. Sua irmã escreve ainda: “No caderno de meu irmão, que não contém muitos registros, há a frase: ‘Na dedicação aos pobres, fracos e humildes, quero devolver a Deus o amor que ele tem por mim.’ Esta frase nos revela o espírito humilde e seu cuidado pastoral… Ao longo dos anos, o Espírito Santo levou seu irmão ainda mais fundo no mistério de Cristo. Sobre sua mesa, de forma bastante discreta, mas claramente visível, estava a frase: ‘Para mim o mínimo!’ Nunca falamos sobre isso, mas, posso pressentir que era a expressão de seu profundo desejo de levar a sério o seguimento do Senhor crucificado. Provavelmente esta era frase de seu ideal pessoal.”
Fonte: sch.de