Juliana Dorigo– Foi sua última aparição pública. No papamóvel, entre aplausos, lágrimas e preces silenciosas, o Papa Francisco percorreu pela última vez a Praça de São Pedro ao encontro do povo. Naquele momento de despedida, um gesto simples, mas carregado de sentido: foi-lhe entregue uma imagem da Mãe e Rainha, a Mãe Peregrina de Schoenstatt. O olhar do Papa se encontrou com o dela. Confira no vídeo a seguir.
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Naquele instante, sem palavras, compreendemos que ele não estava só. A Mãe o acompanhava — como sempre acompanhou. Em seu quarto, a imagem da Mãe e Rainha está sobre sua mesinha de cabeceira. Todos os dias, ao despertar, ele a tocava. A imagem foi um presente do Padre de Schoenstatt Pe. Alexandre Awi Mello, durante a Jornada da Juventude no Rio de Janeiro em 2013.
“Faz um tempo, um Padre de Schoenstatt me presenteou uma imagem da Mãe. E a tenho na mesa ao lado da minha cama. E todas as manhãs, quando me levanto, a toco e rezo. É um segredo que queria lhes contar”, disse ele durante a audiência privada com a Família de Schoenstatt no dia 25 de outubro de 2014.
Esta presença mariana, tão íntima e constante em sua vida, ilumina o legado espiritual de Francisco, que deixa à Igreja um testemunho de ternura, coragem e esperança.
Imagem da Mãe Peregrina no quarto do Papa Francisco
Um Papa com alma de missionário
Desde os primeiros passos no pontificado, Francisco mostrou ser diferente. Preferiu a simplicidade às pompas, o olhar atento aos esquecidos à atenção dos poderosos. Com gestos e palavras, foi se tornando o Papa dos invisíveis, aquele que parava para escutar, que se dobrava para acolher, que fazia de cada encontro uma bênção.
Em diversas ocasiões, expressou seu carinho por Maria, a Mãe de Jesus, a Mãe da Igreja. Mas não foi apenas devoção abstrata. Era uma relação viva, concreta. E entre as muitas representações marianas, escolheu manter por perto a imagem da Mãe Peregrina — aquela que visita os lares, que caminha com as famílias, que entra nas realidades mais simples e ali faz morada.
Em sua resposta à Sinfonia de Oração da Campanha da Mãe Peregrina, enviada ao Pe. Antonio Bracht, Diretor Nacional do Movimento de Schoenstatt no Brasil, Francisco expressou sua gratidão e admiração pelo compromisso dos missionários, coordenadores e famílias. Em sua mensagem, recordou uma homilia marcante da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, em janeiro de 2025:
“Maria, a jovem de Nazaré, nos leva sempre para o Mistério do seu Filho, Jesus. Ela recorda-nos que Jesus vem na nossa carne e, por isso, o lugar privilegiado onde podemos encontrá-lo é, antes de mais, a nossa vida, a nossa frágil humanidade e a de quem passa por nós todos os dias.”
Com essa sensibilidade, o Papa confirmava o espírito da Campanha da Mãe Peregrina: levar Cristo às realidades do cotidiano, deixar que a Mãe entre, transforme e conduza.
Uma vida marcada por Maria
Francisco não foi apenas o Papa da reforma ou da palavra profética. Foi um homem conduzido pela Mãe. Desde a juventude, trazia em si uma espiritualidade profundamente mariana. E ao escolher a Mãe Peregrina para acompanhá-lo nos dias e noites do pontificado, mostrou que sua confiança estava naquela que o levou a Cristo desde o início.
A imagem da Mãe e Rainha, simples e singela, foi seu consolo nas madrugadas solitárias e sua força nas decisões difíceis. E quando chegou o momento de entregar sua vida ao Pai, ela estava ali — como sempre esteve.
O Papa do povo nos deixa uma herança de fé viva e encarnada. Sua vida foi uma carta escrita com gestos, seu pontificado, uma homilia vivida. Francisco ensinou que ser Igreja é ser casa, que ser cristão é caminhar com os últimos, e que o coração da missão pulsa mais forte quando confiado à Mãe.
Hoje, sob o olhar maternal da Mãe e Rainha, seguimos adiante. Com saudade, sim. Mas com gratidão. Porque o Papa que entregou tudo sob o olhar de Maria, nos ensinou a confiar — como ele confiava — que nunca caminhamos sozinhos.
Ao receberem a visita da Mãe nas casas, se lembrem de rezar pelo Santo Padre.