(Foto: Santuário de Schoenstatt, Londrina/PR)
Conhecemos bem o relato do primeiro milagre de Jesus, nas bodas de Caná da Galiléia. Este trecho das escrituras pode nos ensinar algo sobre as contribuições para o Capital de Graças de nossa Mãe e Rainha.
No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galileia e lá se encontrava a mãe de Jesus. Também Jesus foi convidado para a festa junto com seus discípulos. Faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Respondeu-lhe Jesus: “Mulher, que importa isso a mim e a ti? Minha hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Havia lá seis talhas de pedra, destinadas às purificações dos judeus. Cada uma delas podia conter cerca de dois ou três barris. Disse Jesus aos serventes: “Enchei de água as talhas”. Eles as encheram até a boca. Disse-lhes então: “Tirai agora e levai ao mestre-sala”. Eles levaram. O mestre-sala provou a água transformada em vinho, e não sabia donde viera aquele vinho, embora o soubessem os serventes que haviam tirado a água; chamou então o noivo e disse-lhe: “Todo mundo serve primeiro o bom vinho e, quando os convidados já tiverem bebido muito, serve o vinho inferior. Tu, porém, guardaste até agora o vinho bom…” Deste modo iniciou Jesus, em Caná da Galileia, os seus sinais. Manifestou sua glória, e seus discípulos começaram a crer nele. (Jo 2, 1-12)
Enchei as talhas de água!
A espiritualidade do Movimento Apostólico de Schoenstatt é uma espiritualidade de aliança pois, o seu centro de vida é a Aliança de Amor com Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt.
Uma aliança, por si, exige reciprocidade, ou seja, as partes envolvidas têm direitos e deveres. Este caráter de compromisso recíproco, em Schoenstatt, se expressa no lema dirigido à Mãe de Deus e a nós: ‘Nada sem vós, nada sem nós’.
A Mãe de Deus se compromete a acompanhar seus filhos com sua materna intercessão a partir dos seus Santuários de Schoenstatt, implorando para eles todas as graças que necessitam no seu caminho de santidade. E nós, assumimos o compromisso de colocar nas mãos da Mãe e Rainha, no Santuário, o esforço consciente de viver com fidelidade a sua aliança batismal: a vida de oração, fiel cumprimento do dever caridade fraterna. Essas ofertas são chamadas de ‘contribuições para o Capital de Graças’.
O acontecimento das bodas de Caná é um estímulo de fidelidade, essa cooperação com a Mãe e Rainha de Schoenstatt, no seu Santuário. Quando, orientados pela Mãe de Deus, os serventes foram até Jesus, Ele não realizou logo o milagre, o que poderia ter feito sem dificuldades. Ele é Deus e pode tudo. Jesus, porém, ordenou aos serventes: “Enchei as talhas de água” (Jo 2, 7), e o evangelista testemunha que eles as encheram até às bordas.
Jesus Cristo já nos mereceu todas as graças de que nós precisamos pela sua encarnação, morte e ressurreição. Mas, dizia Santo Agostinho, ‘Deus que nos criou sem nós, não quer salvar-nos sem a nossa cooperação’. Deus nos pede: “Enchei as talhas de água”. O que é a água? São nossas alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, propósitos e desânimos, especialmente, o esforço consciente na própria educação e santificação.
“Enchei as talhas de água”. Só Deus mesmo pode fazer algo de bom de nossas míseras contribuições. Ele que poderia fazer tudo sem nós, quer precisar de nossa cooperação, como precisou de Maria no mistério da salvação.
A Ânfora no Santuário
“Enchei as talhas de água”. Este lema estimulou os schoenstateanos a colocarem ‘ânforas’ (talhas) nos Santuários, para recolher os milhares de bilhetinhos, nos quais os devotos da Mãe e Rainha escrevem as suas contribuições para o Capital de Graças.
Também muitas famílias costumam ter sua própria ânfora onde diariamente, jovens, adultos e crianças fazem suas ofertas para a Mãe de Deus. E no dia 18 de cada mês, trazem suas contribuições ao Santuário para que sejam queimadas na pira do Capital de Graças, como símbolo de entrega dos filhos, elevada a Deus em oração.
Em Schoenstatt tem-se a convicção de que, se ninguém mais ofertar as contribuições para o Capital de Graças, a Mãe de Deus deixa de atuar no Santuário. Essa convicção nasce do caráter recíproco de toda aliança: se uma das partes não cumpre o contrato, a outra fica desobrigada dos deveres assumidos. O que, à primeira vista, pode parecer uma relação comercial com Deus, na verdade, é uma relação de amor e confiança. Afinal, a Mãe Três Vezes Admirável, de certa forma, faz-se dependente da cooperação dos seus filhos. Assim como Jesus nas bodas de Caná ao pedir a ajuda dos serventes: “Enchei as talhas de água”.
Fonte: Na Escola de Maria – Imagem Bíblica de Nossa Senhora, p. 96-98.
Texto original publicado em: santuariotabor.org.br