Todos nós sabemos que é indiscutível a importância que o diálogo tem em cada relacionamento. Não existe amor, amizade, união, comunidade, família sem o diálogo. Pode haver um agrupamento de pessoas, mas não relacionamento de amor. Qualquer vínculo requer o diálogo. Mas por que cada vez mais essa ferramenta tão essencial se torna escassa, difícil?
O crescente individualismo da sociedade e das famílias é um fator decisivo, mas é possível reverter a situação.
Você quer aprender a dialogar para ser mais feliz? Então, continue lendo!
Uma pessoa madura é alguém que sabe escutar e dialogar. As palavras são o veículo da intercomunicação pessoal. A vinculação nasce e se cultiva por meio do diálogo e se corta quando o diálogo deixa de existir.
Nossa sociedade é uma sociedade paradoxal. Estamos mais perto do que nunca uns dos outros, mas a distância espiritual é muitas vezes um abismo; temos desenvolvido com perfeição e técnica incrível os meios de comunicação e quem sabe, como nunca na história, reina hoje a falta de comunicação.
O mundo que queremos formar é o mundo da plena proximidade espiritual entre as pessoas, que vence todas as distâncias físicas, onde basta um olhar ou um gesto para entender o que o outro deseja, pensa e saber da mútua pertença.
Nossos grupos, comunidades e famílias podem ser uma escola onde aprendemos a dialogar verdadeiramente. Não queremos ser mestres do monólogo, aqueles que monopolizam as palavras e sempre têm a última palavra; tampouco queremos ser peritos no silêncio sepulcral.
Queremos um autêntico e enriquecedor intercâmbio. Este é nosso ideal. Para atingi-lo temos que cultivar as seguintes atitudes:
– saber escutar;
– saber respeitar;
– desprender-se das antipatias;
– evitar discussões sem sentido;
– aprender a adaptar-se.
SABER ESCUTAR – quem não está disposto a escutar nunca poderá estabelecer um diálogo. Se a pessoa pretende sempre falar do que lhe interessa, do que lhe aconteceu, do que lhe disseram, então, não brotará o diálogo. Quantas vezes alguém começa a contar uma coisa e outro o interrompe com o comentário: “Ah comigo também aconteceu algo semelhante, blá, blá, blá…”
Enquanto o outro falava, eu não o havia escutado. Só pensava em mim mesmo.
Se numa conversa estamos falando de nós mesmos, dos nossos gostos ou experiências, que não seja para nos colocar em primeiro plano, mas seja para uma sincera comunicação de si mesmo, como presente ao outro.
Para escutar tem que se ter paciência. Só sabe escutar quem está vazio de si mesmo, em quem o eu não faz muito barulho.
SABER RESPEITAR – O êxito de um diálogo está condicionado à quantidade de respeito que reina nele. Deste respeito nasce a vontade de receber o outro como ele é, com suas opiniões, seus pontos de vista, suas objeções; deste respeito nasce a delicadeza e o cuidado de não ferir a sensibilidade do irmão, com afirmações categóricas e irônicas, ou com observações que o desclassificam.
O apóstolo São Tiago nos chama a atenção ao respeito, de uma forma bem prática. Disse:
“Se alguém não cair por palavra, este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo. Quando pomos os freios na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, governamos também todo o seu corpo. Vede também os navios: por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados com um pequeno leme à vontade do piloto. Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Considerai como uma pequena chama pode incendiar uma grande floresta! Também a língua é um fogo, um mundo de iniquidade. (…) É um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos ao Senhor, nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos a semelhança de Deus. De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição. Não convêm, meus irmãos, que seja assim. Porventura lança uma fonte por uma mesma bica água doce e água amarga? Acaso, meus irmãos, pode a figueira dar azeitonas ou a videira dar figos? Do mesmo modo a fonte de água salobra não pode dar água doce” (Tg 3, 2, 12).
Quem tem respeito trata de captar o porquê das razões do outro. Tendo-se um ponto de vista diferente do dele, não tratará de fazer valer com violência e intransigentemente seus argumentos, de modo a “deixar calado” e “vencer” o “adversário”.
Por isso, em qualquer diálogo, iniciemos escutando o outro, perguntando pelos seus pontos de vista e ideias, escutando com o coração aberto, não armados, para nos defender ou atacar. Queiramos, com sinceridade, escutar, respeitar o ponto de vista do outro, aprender com o que ele fala, deixar-nos complementar por suas ideias e modo de ser. Queiramos sempre mais escutar do que falar.