Iluminado pela luz da fé cristã

Sonia Tubino/ Maria Dulce Torres/ Thelma Soutello – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta anualmente a Campanha da Fraternidade como caminho de conversão quaresmal. O tema para a Quaresma de 2020 é: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, e o lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”, em referência à parábola do bom samaritano (Lc 10, 34-35).

A Campanha da Fraternidade busca conscientizar, à luz da palavra de Deus, para o sentido da vida como dom e compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, casa comum. O cartaz da campanha destaca a imagem de Santa Dulce dos Pobres, uma das mais representativas e impactantes personificações da caridade cristã levada à prática no Brasil.

O Servo de Deus, Diácono João Luiz Pozzobon, personificou esta Campanha da Fraternidade com sua própria maneira de viver, sempre atento às necessidades dos irmãos. Iluminado pela luz da fé cristã e enriquecido pela vida brotada do Santuário de Schoenstatt, João Pozzobon tinha uma visão muito bela, delicada e rica de todas as pessoas humanas. Podemos dizer que via todas com os olhos de Jesus Cristo e de Maria.

Para ele, todos são uma imagem e semelhança de Deus. Via-os, pois, como seus irmãos e irmãs. Alegrava-se com a bondade e santidade das pessoas, mas também, como Cristo e Maria, ele se entristecia ao vê-las feridas ou deformadas pelo pecado. Agradecia a Deus quando elas estavam bem e, quando as via separadas d’Ele ou indiferentes a Ele, pedia o perdão de Deus e a sua conversão.

O bom samaritano

Amava as crianças, os jovens, os adultos, os doentes, os idosos, os encarcerados, os que estavam presos ao leito. Imitava o bom samaritano que, movido de amor e compaixão, procurava curar as feridas do irmão ferido. João Luiz fez sua a atitude de Cristo, que veio não para ser servido, mas para servir.

Em 1954, João Pozzobon fundou a “Vila Nobre da Caridade”. Começou construindo, com os pobres, uma casinha de madeira, propondo-se a levantar uma a cada ano. “Moradia gratuita para os pobres. Para educar, saber valorizar-se como pobre, formar cidadãos e, também, para que todos tenham conhecimento da religião”. Desta forma, ele contribuiu para uma concretização dos postulados da Doutrina Social da Igreja, levando cristãos atentos a assumirem o seu papel de corresponsáveis pela transformação da sociedade em crise.

Objetivo social

João Luiz Pozzobon não assume apenas o objetivo social do Movimento Apostólico de Schoenstatt, ele o recria e traduz em uma obra social, enriquecida com um método de educação, capaz de dar à família carente, sócio e cultural, religioso e moralmente, aquilo que, na linguagem popular costumamos expressar: “não dar o peixe, mas, ensinar a pescar”.

A Vila não foi um projeto premeditado por ele. O contato com as famílias carentes, deu-lhe a convicção de que Deus queria a construção das casinhas. Com esta iniciativa, podia contribuir para uma solução eficaz dos problemas que atingiam algumas famílias, de uma forma mais aguda, nos arredores de Santa Maria/RS.

Além disso, a intuição mostrou-lhe que Deus queria usá-lo como instrumento para a formação do “homem novo”, para uma nova ordem social”, como havia aprendido dos ensinamentos do Pe. José Kentenich. João Pozzobon visava a promoção da dignidade da pessoa humana no seu todo. No centro da Vila Nobre, próximo à última Estação da Via-Sacra, ele gravou uma frase que para ele resume o Documento de Puebla: ‘Viver e ensinar a viver’.

Dignidade da pessoa humana

Pozzobon criou uma verdadeira escola de educação social. Atento aos exemplos do Pe. José Kentenich, o Servo de Deus não apenas viveu exemplarmente a espiritualidade do Movimento Apostólico de Schoenstatt, mas também soube traduzi-la num método de resgate da dignidade da pessoa humana, levando-a à autonomia e liberdade.

A Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, por ele iniciada, está em “saída” e vive em permanente estado de missão, empenhando-se em levar a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, e seu Filho Jesus, aos lares de milhões de famílias, estando presente nos cinco continentes. Hoje, o Servo de Deus é um candidato à honra dos altares. Sua causa de Beatificação já está encaminhada no Vaticano. Neste momento estudam-se casos de possíveis milagres realizados pela intercessão dele.

No Hino da Campanha da Fraternidade, o refrão retrata sua vida e sua missão:

 Peregrinos, aprendemos nesta estrada
o que o “bom samaritano” ensinou:
Ao passar por uma vida ameaçada,
Ele a viu, compadeceu e cuidou. (Cf. Lc 10,33-34)

Referências:

Livro: João Luiz Pozzobon – Um ícone de Maria

Excertos dos textos: A doutrina social da Igreja – Pe. Ottomar Schneider

A espiritualidade em João L. Pozzobon – Pe. João B. Quaini