“Não tenho nada para dar-te, só meu pobre coração cansado, esgotado por teu amor..”
Ir Maria Aparecida Gehn – Estamos vivendo o “Ano João Pozzobon” e, neste período da quaresma, sua vida nos motiva a seguirmos com fidelidade os passos de Jesus, também quando o caminho se torna íngreme e pedregoso. Para o cristão, não é motivo de glória o sucesso, a fama e o poder, e sim os verdadeiros valores do reino dos céus. O Apóstolo Paulo escreve aos Coríntios: “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é uma força divina.” Assim como na vida de Jesus, Maria foi sempre a sua colaboradora e companheira inseparável. João Pozzobon aceitou o testamento de Cristo e se deixou educar pela Mãe e Rainha, conforme a imagem de seu Filho amado. O sentido de tudo o que fazia era levar as pessoas a Deus e abrir caminhos para que elas voltassem a se encontrar com Ele. E não media sacrifícios para que isso acontecesse. Queria ser herói, desejava renunciar e sacrificar para que Jesus e sua Mãe chegassem até as pessoas mais abandonadas e esquecidas. Mãe e Rainha, acompanha-me para eu poder realizar o meu calvário João Pozzobon descobriu a sua vocação e missão de “peregrino” de Jesus e Maria e por esta missão a sua entrega foi total. Uma vez confessou que a imagem da Mãe Peregrina pesava “como o madeiro da cruz”[3] e acrescentou, dirigindo-se a Mãe: “não tenho nada para dar-te, só meu pobre coração cansado, esgotado por teu amor… Agora peço a Mãe que não me abandone. Mãe e Rainha, Mãe das Dores, acompanha-me para eu poder realizar o meu calvário.”[4] O pobre peregrino, como se autodenominava João Pozzobon, entendeu e viveu o que o Catecismo da Igreja Católica ensina sobre a participação na Paixão de Cristo: “O Espírito Santo confere a alguns o carisma especial de poderem curar para manifestar a força da graça do Ressuscitado. … Assim, São Paulo deve aprender do Senhor que «a minha graça te basta: pois na fraqueza é que a minha força atua plenamente»[5] , e que os sofrimentos a suportar podem ter como sentido que «eu complete na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo, que é a Igreja»[6] . Para “completar” o que falta a Paixão de Cristo, João Pozzobon levou adiante a missão recebida no Santuário. Ele mesmo testemunhou: “eu sempre tinha esse “espírito” do grande sacrifício de Cristo que carregava a cruz e fazia aquilo por amor de todos… então, da minha pequena parte também queria me incluir, cooperar um pouco no sacrifício… e fiz minha penitência até, muitas vezes, a falta de refeições, caminhar o dia inteiro… e fazia tudo pelo florescimento desta grande Campanha.” [7] No amor, abraço a cruz que o Pai Celestial me destinou Pelo grande apostolado realizado dia e noite, com sol ou chuva, com frio ou calor, por cidades e matas, João Pozzobon ajudou muitas pessoas a se encontrarem com Deus e a voltar novamente aos sacramentos. Confiava filialmente na Mãe e Rainha e lhe implorava: “Se tu me ajudas, vou adiante. Embora todos estejam contra mim, vou e quero aprender a levar Jesus, teu Filho, a todos.”[8] Para ele nenhum caminho era difícil demais e nenhuma estrada tortuosa demais, pois descobriu o segredo e o verdadeiro sentido do amor a cruz. Seu profundo e terno amor a Mãe e Rainha o fez entender que “sofrer também é uma consolação e é o único tempo que nos parecemos com Jesus”.[9] E Reza: “Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt… quero ser um instrumento sacrifical pioneiro do Santuário, disposto a consumir-me por ti. No amor abraço a cruz que o Pai Celestial me destinou … Peço que não te compadeças de mim… Que cada sofrimento e dor que me enviares, se converta numa constante alegria e agradecimento” .[10] João Pozzobon vivia na presença de Deus e o seu dia era perpassado pela oração. “Não fazer nada que desagrade a Deus. Para Deus a glória, para o próximo a alegria, para mim o sofrimento. O amor supera tudo. Quem vive para a Mãe, vive num oceano de graças. Mãe ensina-me a sempre ser melhor, a servir os outros. Guia minha família e minha missão. O que é amargo, engolir sozinho. O que é alegria, anunciar a todos.”[11] O amor ao próximo é expressão do amor a Deus. “Nisso todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.[12] João Pozzobon encontrou na oração uma forma de levar a Deus todas as pessoas que lhe foram confiadas. O muito trabalho apostólico ou o cuidado com os mais pobres nunca foi para ele uma desculpa para descuidar da vida de oração. Rezar o terço era para ele um diálogo filial com a Mãe e Rainha e uma forma de meditar a vida de Cristo. Rezar a Via Sacra significava meditar nos sofrimentos de Cristo e dos irmãos. Ele costumava rezá-la no trajeto de retorno da Santa Missa do Santuário para a sua casa. João revela: “Comecei a valorizar a Via Sacra… ao colocar as estações na Vila Nobre da Caridade, para rezá-la uma vez por mês. Entendi então o sentido da Via Sacra, os sofrimentos de Cristo, os sofrimentos dos irmãos”. [13] No Monumento dos Heróis de Schoenstatt, junto ao Santuário Tabor em Santa Maria, RS, encontramos uma cruz negra com o nome de João Pozzobon. Ela é expressão de gratidão por sua fidelidade, seu heroísmo e seu grande amor ao Santuário, que foi a sua escola de santidade. A Aliança de Amor vivida lhe conferiu uma confiança inabalável na atuação de sua Mãe e Educadora. Ele sabia que “quando tudo parece impossível, bem pertinho vem o possível, porque Ela é a portadora da graça.”[14] Vemos em João Pozzobon um exemplo de cristão que amou muito a cruz e o Crucificado. Nele podemos nos espelhar, procurando aceitar, como ele, com fidelidade a nossa missão em Schoenstatt e, por ela, nos entregar totalmente. Ref. [1] I Coríntios 1, 18 [2] Mateus 16, 24-25 [3] Citado em “João Luiz Pozzobon evangelizador da família na pós-modernidade” pg 63 [4] Idem [5] 2 Cor 12, 9 [6] Cl 1, 24 [7] Uriburu, 140.000 km a caminho com a Virgem, p. 59 [8] Trevisan, João Luiz Pozzobon, p. 26 [9] Uriburu, João Luiz Pozzobon, Peregrino e Missioneiro de Maria, p. 125 [10] Uriburu, Herói hoje, não amanhã, p. 148 [11] 641-029/ITPE – arquivo [12] Jo 13,35 [13] Trevisan, João Luiz Pozzobon, p. 25 [14] 1100-002, pag.9 – arquivo