Conheci João Luiz Pozzobon em vida, na década de 1970, quando ele peregrinava entre os municípios do interior do Rio Grande do Sul visitando hospitais, presídios e escolas. Lembro-me de tê-lo visto pela primeira vez na escola onde cursava as primeiras séries do 1º Grau, hoje, anos iniciais do Ensino Fundamental.
O peregrino (Pozzobon) chegava à escola sempre usando um terno escuro, era um homem grande e carregava uma capela em seus ombros muito maior do que aquela que visitava minha família todos os meses. Parecia bastante pesada, era toda de madeira e seu pedestal tinha várias camadas. O terço que trazia em suas mãos também era grande. Ele carregava-a em seus ombros e após apoiá-la na mesa da professora, com uma toalha que servia para diminuir o impacto que o peso causava em seus ombros, enxugava o suor que lhe escorria pelo rosto. Seu semblante era sério e cansado.
Minha atenção era toda para a enorme capela e ansiosa aguardava o momento que suas portas seriam abertas revelando a imagem da Mãe Peregrina carregando o Menino Jesus. Era como se um livro dos mais preciosos para uma criança estivesse sendo aberto. Como um clássico da literatura infantil o qual somente a professora estava autorizada a tocá-lo, ler em voz alta e mostrar-nos suas belas e coloridas ilustrações.
Embora tudo me parecia gigante, ele entrava silencioso na sala. A professora, com muito respeito, interrompia a atividade que havia planejado e o recebia. Suas entradas em sala de aula eram de curta duração, mas permanecem até hoje em minha memória e, certamente, na de todos que estudavam no Grupo Escolar Vicente Dutra de Caiçara – RS, naquela época.
Com uma suavidade que contrariava a robustez daquele homem de traços fortes, convidava-nos a rezar uma dezena do terço, não antes de dirigir um olhar de ternura para a imagem e dizer que Ela representava a Mãe de todos e nos protegeria sempre e em todas as nossas dificuldades. E assim prosseguia entrando em cada uma das salas de aula da nossa escola.
Meu reencontro com a imagem da Mãe Peregrina, a Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, aconteceu no ano de 2003 quando fui, com minha filha, morar em Campo Grande – MS. Passávamos por tempos difíceis de recomeço e reestruturação de nossas vidas. Providencialmente, uma vizinha bateu em nossa porta perguntando se gostaríamos de receber a capelinha todos os meses e participar da corrente de oração pelo Diácono João Luiz Pozzobon. Ela era a coordenadora de um grupo que promovia o movimento para o processo de sua canonização. Foi um momento de emoção e de alegria quando revelei que o conheci em vida, na minha infância. A profecia do peregrino João Luiz Pozzobon de que “a Mãe Peregrina nos protegeria sempre e em todas as nossas dificuldades” se consolidava em minha vida neste momento. Sou grata por muitas bênçãos recebidas desde esse reencontro.
Edione Maria Lazzari – Campo Grande, MS