“People – Personalidade do ano 2019 – João Luiz Pozzobon”

Com este título talvez começaria uma importante revista americana, que elege as pessoas mais importantes e influentes do ano.

A Família de Schoenstatt, desde as interiores forças vitais, elege, para o ANO de 2019, a pessoa do Servo de Deus João Luiz Pozzobon, que se destaca não somente por os seus feitos, mas por seu caráter. Um ditado popular diz: “Preocupe-se do teu caráter do que da tua reputação. Caráter é aquilo que você é, reputação e aquilo que os outros dizem que você é”.

Queremos conhecer este homem de caráter e de reputação.

Deus nos quer presentear, para este ano, a imagem de um homem que está a caminho dos altares, isto é, do reconhecimento oficial da Igreja, como uma pessoa que viveu no seu tempo uma santidade diária e que a mesma é proposta como exemplo para toda a Igreja.

Este ano é o jubileu de uma iniciativa divina em que João Luiz Pozzobon está no centro, sem ser o centro: 70 anos da Campanha da Mãe Peregrina. É um tempo histórico onde se comprova a fecundidade de uma iniciativa divina, onde Maria, a Virgem, tem um protagonismo importante. Ela e Jesus são o centro. João Luiz Pozzobon nunca gostava de estar em primeiro plano, sempre acenava para Maria. Quando inescusavelmente não podia evitar a sua pessoa, ele referia-se: o João!

Deste João, como instrumento, queremos lembrar este ano, mas não separado de quem o projetou: Maria, Mãe de Deus.

Lapidado desde a infância

João Luiz Pozzobon, deste a tenra infância, foi envolvido em uma atmosfera mariana, vivida junto ao seu povo, junto a sua cultura. Esse foi um ambiente de evangelização. Uma evangelização direta quando frequentava os átrios da Igreja de sua localidade, recebendo catequese e vivenciando liturgicamente a fecundidade dos sacramentos; mas também, seu ambiente cultural o evangelizou por meio das vivências e costumes religiosos que possuíam e animavam as famílias. Esses ambientes impregnaram-no com uma evangelização mariana de base, o que foi fundamental naquele momento na formação espiritual de João Luiz Pozzobon.

Faz-se necessário, hoje, ressaltar essa experiência para descobrirmos o João Luiz Pozzobon da Campanha da Mãe Peregrina. João, com a Campanha, quis atingir fundamentalmente as famílias e assim oferecer uma oportunidade de experiência com a Mãe de Deus, a qual abre caminho para o ENCONTRO COM CRISTO. Assim, podemos dizer que Deus o estava formando na escola da santidade mariana. João, ainda adolescente e jovem, participava ativamente de todas as atividades da Igreja, mais precisamente daqueles eventos marianos que se realizavam na sua paróquia. Frequentava uma associação mariana e, para os eventos desta, tinha um único sapato, que conservava limpinho para usar nas atividades realizadas pela associação.

Deus o foi lapidando através das alegrias e dores, esperanças e desesperanças, sofrimentos e angústias. Deus muitas vezes conduz por caminhos mais longos, não para fazer sofrer, mas para preparar para uma missão. Assim podemos ver a vida do João antes de ele começar com a Campanha da Mãe Peregrina. Deus amadureceu um homem! Deu-lhe a sabedoria de saber de seus próprios limites. E, por isso, ele não se abateu, resignou-se ou sentiu-se incompetente; mas convidou alguém que poderia estar ao seu lado em todos os momentos da vida: Maria.

 

 

Com Ela, ele não errou!

João Luiz Pozzobon tinha um profundo amor a Maria, poderemos até afirmar: um amor esponsalício com Ela. Ele nunca a abandonou e, depois que começou, no dia 10 de setembro de 1950, a Campanha da Mãe Peregrina, Ela foi sempre sua referência. Com Ela, ele não errou!

Somente compreendemos as atividades do João se entendermos seu profundo vínculo e amor por Maria. Ela era sua acompanhante: Com Ela, ele era bronzeado pelo ardente sol nas caminhadas; com Ela, ele aguentava o frescor das chuvas atolando-se no barro das colinas da Quarta Colonia e além; com Ela, era mal compreendido nas sendas da missão; com Ela, visitava as escolas levando alegria e evangelização às crianças; com Ela, visitava os párocos para prestar contas de seu trabalho apostólico; com Ela, em um assento ao lado, no ônibus, retornava ao seu lar.

João, uma pessoa de caráter íntegro, não se deixava contaminar pela baixeza fomentada pelos desesperançados. No seu local de trabalho diário, conservava uma atitude varonil e digna de um filho de Maria. Não permitia vilezas e, ao mesmo tempo, conservava um ambiente de alegria. Esta é uma característica dos santos, como afirma o Papa Francisco no documento apostólico Gaudete et Exultate: ‘Os santos são alegres!’

Descobrimos também um João que não se resigna diante das dificuldades da vida, mas sabe olhar para a Virgem Dolorosa e encontrar caminhos de esperança. Assim, podemos caracterizar o João como um empreendedor – encontrando forças contemplando o rosto de Maria. Quando se muda para Santa Maria/RS, perdendo em seguida sua primeira esposa Teresa Turcatto, juntamente com todos seus bens, na busca de soluções médicas para a mesma, marca-lhe uma cicatriz na alma pelos mais sofredores da sociedade. A sós, com dois pequenos filhos para criar, sem casa para morar, recomeça a vida novamente com a ajuda de amigos que lhe emprestam temporariamente uma casa para reiniciar a vida.

Sentia profundamente um compromisso com sua família. Mesmo em tempos idos, repetia: ‘Primeiro a família, depois a Campanha!’ Reinicia sua vida com ajuda de amigos e gradativamente vai buscando independência financeira até conseguir seu próprio espaço de sustentabilidade. Não podemos olhar para o João como o pobre, na dialética pobre/rico. Ele construiu, para sua época, um patrimônio de sustentabilidade para sua família desde o nada, adquirindo os terrenos em volta de sua casa, reflorestando com eucalipto, cultivando manualmente uma pequena parte, o que ofereceu, ao final da vida, um pouco de herança para cada filho. Ele se reconhecia pobre/pequeno diante de Deus. Assinava: “O pobre peregrino Diác. João!”

Mas, segundo o próprio João, sua grande missão, depois da família, foi a Campanha da Mãe Peregrina. Esta missão de evangelizar primeiramente os mais pobres, os mais afastados, foi que lhe abriu grandes horizontes. “Ela ia à frente, João era instrumento!” Repetia o Servo de Deus. Com a Campanha, João encontrou um meio rápido e eficaz de evangelizar. De levar Cristo às casas das pessoas por meio de Maria, para que, por Maria, as pessoas fossem à casa de Cristo, à Igreja. Por suas visitas domiciliares, as quais realizava com muito carinho, levou muitas pessoas à Igreja para receber os sacramentos, para alimentar suas esperanças, para encontrarem sentido à vida. Não era o João que estava entrando, mas Maria com o seu Filho nos braços. Mais de 35 anos, mais de 140.000 quilômetros com a Virgem, nesse tempo e nesse espaço, quantas pessoas foram tocadas pela mão de Deus! Hoje sua iniciativa evangeliza povos de uma maneira simples e eficaz, onde toca a alma e a fé daqueles que se encontram com a Mãe e Rainha, Mãe de Deus.

A Virgem, a Imaculada, para João, era símbolo de jovialidade, de pureza, de nobreza, espírito de entrega, como foi Maria na visitação à sua prima Isabel. Seu estilo de vestir clássico em todas as ocasiões, de terno e gravata, era em honra a esta Virgem e Imaculada, Maria, a Mãe de Deus. Por Ela, ele tinha tanto carinho que expressava em seus muitos pequenos gestos, mas também neles fazia “suas loucuras de amor”, levantando às 4 horas da manhã para espalhar pétalas de rosas ao entorno do Santuário, para que a chegada dos peregrinos estivessem envolvidos com o mais puro perfume de amor.

De Maria ‘nunquam satis’ se fala na Teologia, ou seja, de Maria “nunca se diz tudo”; o mesmo se poderia falar do Servo de Deus, João Luiz Pozzobon, em um ano João ‘nunquam satis`.

Pe. Vandemir J. Meister, ISch 
Postulador da Causa de Beatificação do Servo de Deus João Luiz Pozzobon

 

Fonte:schoenstatt.org.br