A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou (Jo 14, 27).
Juliana Dorigo– Nos últimos tempos voltamos nossas atenções para os grandes conflitos. Entre o medo, bombardeios e explosões, estão pessoas vulneráveis: crianças, mulheres e famílias que perderam tudo. A guerra na Rússia e Ucrânia, o conflito em Israel e a Faixa de Gaza. É preciso ressaltar que atualmente, estão em curso pelo menos 10 guerras no planeta. O que sentimos quando estamos diante de grandes catástrofes mundiais? O Pe. Kentenich chama a atenção para uma transição de épocas. “A seus olhos, os sinais que indicavam essas mudanças de extraordinárias proporções eram: A-) a mudança da imagem do homem válida até então; B-) a alteração na relação do homem e da sociedade com o Deus da revelação; C-) a mudança das estruturas sociais reinantes entre os homens e nações (Carta de Outubro de 1949)”.[2] Neste momento em que estamos apreensivos, diante de tantas transformações, também precisamos refletir sobre uma oportunidade de refletir sobre formas de impregnar os valores de Cristo. “O Pe. José Kentenich, fundador de Schoenstatt, testemunha de duas Guerras Mundiais, costumava dizer que ‘um velho mundo está em chamas’. Esta, porém, não era uma constatação pessimista, pois via nesta realidade uma oportunidade única para impregnarmos os valores de Cristo e do Evangelho nesta ‘nova era’ que está em gestação”.[3] Como podemos impregnar esses valores? Se, pois, cumpris a lei régia, segundo a Escritura: “Amar ao próximo como a si mesmo”, estais agindo bem (Tg 2,8). Podemos destacar esses valores como a compaixão e o amor ao próximo, às pessoas vulneráveis que estão em meio a violência. Jesus andava por todas as cidades e aldeias, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda doença e enfermidade. Vendo as multidões, teve compaixão delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor. (Mt 9,35-36) “A guerra e a revolução elevaram desmedidamente a superficialidade e a exteriorização de tal modo que o caos tornou-se a característica da atualidade”.[4] Não podemos ter um coração indiferente e fechar nossos olhos. O Papa Francisco, chama a atenção para que não seja tratado como “comum” as situações de conflitos violentos. “Por favor, não nos acostumemos com conflitos e violência. Não devemos nos acostumar com a guerra!”[5] Perante essas dificuldades e em busca da fraternidade e da paz, o Papa faz um apelo a todos os fiéis da Igreja para que “não nos cansemos de invocar, por intercessão de Maria, o dom da paz sobre os numerosos países do mundo marcados por guerras e conflitos”. [6]Francisco também reforça que “toda guerra é uma derrota!” Em meio a insegurança do tempo atual e em relação ao futuro de nossa própria fragilidade, devemos voltar nossos olhos à Maria, recorrer a sua ternura e o amor materno, entregando a ela corações filiais e dispostos a coroá-la como Rainha, entregando o cetro, para que ela possa conduzir todas as situações. Assim como fez o Pe. Kentenich em 1941, numa época de grandes aflições durante a II Guerra Mundial, ele se expressou: “Em todas as situações, por mais inseguras que sejam, só temos uma resposta: crescimento, aprofundamento na relação com a Mãe de Deus [7]” Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2, 14). “A paz que os anjos proclamam em Belém para os homens de boa vontade. E a mesma paz que o Senhor nos oferece continuamente: A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou (Jo 14, 27). Este é como o ‘logotipo’ de Jesus Cristo, que deveria ser também o distintivo de todo o cristão: ser como um remanso de serenidade.”[8] Com o Pe. José Kentenich, rezemos: “Tu és a límpida fonte de paz, Referências: [1] Acesso em: Além de Israel: mundo tem outras guerras sangrentas em andamento (uol.com.br) [2] Pe. José Kentenich, Uma vida pela Igreja, p.12 [3] Cf. uma excelente análise do nosso tempo, as causas da crise e propostas para o futuro: KENTENICH, José. Desafios do nosso tempo: formar um homem novo e uma nova cultura em tempos de mudança histórica. Lisboa: Patris, 2002, p. 11 -42. [4] Idem, p. 62 [5] Acesso em: Papa Francisco: “Não devemos nos acostumar à guerra!” (acidigital.com) [6] Acesso em: O Papa: parem as armas, o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução – Vatican News [7] Ir. M. Lúbia Bonfante, Coroar por quê, p.81 [8] Rafael Llano Cifuentes, Viver na Paz, p.11
Impregnar os valores de Cristo e do Evangelho
Invoquemos a intercessão de Maria
o vínculo que une todos os povos,
o poder que vence a discórdia, a luz que ilumina e aquece.”
(Rumo ao Céu, 136)