Um estilo mariano de viver e celebrar a Eucaristia

Pe. Marcelo Aravena – A Semana Santa nos lembra novamente, na Quinta-feira Santa, a grande herança que nosso Salvador nos deixou com a Instituição da Eucaristia, ao celebrar a tradicional ceia pascal dos judeus. Esse antigo rito ficava obsoleto. Ele, o Filho do Homem, ao passar pela cruz redentora iniciou uma nova tradição, pela qual a Antiga Aliança foi superada para sempre por uma Nova, que seria lembrada, renovada e celebrada em cada Eucaristia como a Ceia do Senhor, após sua morte e ressurreição. Assim, a liturgia eucarística se torna a fonte inesgotável de vida para a nova Igreja até hoje.

Na Constituição sobre a Liturgia (Sacrosantum Concilium, 10), diz-se o seguinte sobre a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja: “A Liturgia, por sua vez, impele os fiéis, saciados pelos «mistérios pascais», a viverem «unidos no amor»; pede «que sejam fiéis na vida a quanto receberam pela fé»; e pela renovação da aliança do Senhor com os homens na Eucaristia, e aquece os fiéis na caridade urgente de Cristo. Da Liturgia, pois, em especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas as outras obras da Igreja”.

Em resumo, a Igreja ensina que: a eucaristia, o sacramento da nova aliança, é a fonte e o ápice da vida de cada pessoa batizada e, por meio dela, obtém a santificação em Cristo para que Ele seja tudo em tudo e em todos.

Essa afirmação magisterial da Igreja é confirmada nas palavras eloquentes de São João Paulo II, em sua Exortação Apostólica Ecclesia da Eucaristia, quando diz no número 1: “A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém, em síntese, o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: « Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo » (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança”.

Missa da Vida

Nosso Fundador, Pe. José Kentenich, não fica para trás quando se refere à eucaristia como parte fundamental de nossa vida espiritual. Ele afirma que em cada eucaristia somos chamados a “morrer com Cristo”. E acrescenta que o Deus da Vida vem ao nosso encontro em cada celebração, portanto, “transformados em Cristo”, devemos sair e anunciar aos outros a morte e a ressurreição do Senhor. Isso deve acontecer em cada eucaristia e, assim, converter gradualmente “cada eucaristia em uma missa da vida”:

“…este é o significado da missa. A missa de cada dia, da qual eu participo, …deveria ser uma missa de vida. O que significa isto? Todas as ações durante o dia devem tornar-se uma constante reiteração do ofertório, consagração e comunhão, todas as ações, uma reiteração” (Homilia, 29/11/1964).

Nossa maneira de celebrar a Eucaristia é mariana

Neste contexto, é muito bonito e profundo quando o Pe. Kentenich nos convida “com Maria subir ao altar”. Ele diz que, com ela e com seu exemplo, “aprendemos a participar ativamente da missa”. Ele acrescenta que ela entende como ninguém o significado da Palavra de Deus, de seu Filho. Maria assumiu a Palavra, guardou-a no coração e colocou-a em prática… Também com ela aprendemos “ser ativos em toda a obra redentora de Jesus Cristo… Ela foi especialmente ativa no sacrifício da cruz”. Ou seja, com Maria e seguindo seu exemplo, subimos ao altar da eucaristia e com sua ajuda participamos da reencenação do sacrifício do Salvador. Isso implica que: com Maria e em Aliança com ela, participamos em sua missão de ser companheira e colaboradora permanente de Jesus Cristo (Homilia 03/12/1964).

Daí a importância de estar em um vínculo vivo de aliança com Maria, pois, para o Pe. Kentenich: “todo o plano salvífico tem, segundo o plano de Deus, uma modalidade mariana”. … “Cum Maria ad altare”. Para ele é evidente que, com Maria, queremos subir ao altar, girar em torno dele de maneira ativa, cooperando, participando, em torno do mistério que se celebra em cada altar.
Em conclusão, nossa maneira de celebrar a Eucaristia é de uma modalidade mariana, com uma atitude e uma disposição mariana. Assim, como Maria, somos membros ativos e modelos da Igreja no meio do mundo que queremos transformar para Deus (homilia 03/12/1964).

O Papa Francisco disse no Vaticano que a comunhão nos transforma em “Eucaristia viva”, ou seja, no próprio Jesus. E “cada vez que nós comungamos, mais nos assemelhamos a Jesus, mais nos transformamos em Jesus”, assinalou. “Como o pão e o vinho são convertidos no Corpo e Sangue do Senhor, assim aqueles que os recebem com fé são transformados em Eucaristia viva”…“ao recebermos Jesus, além de nos transformarmos n´Ele, “nos faz mais fortes”, completou Francisco (Catequese, 21.03.2019).

Como batizados, somos convidados a viver a plenitude de Cristo e também a plenitude de Maria. Nosso caminho para alcançar isso é de aliança com ela. Vamos, então, fazer desta Aliança com Maria a melhor expressão, caminho e seguro de viver na vida diária o sacrifício redentor da Nova Aliança em Cristo, Salvador do mundo.
Foto: Tatiana Adam Barros
Fonte: schoenstatt.org.br