Acalmar o coração por meio da fé e da confiança em Deus
Juliana Dorigo – Como aprender a desacelerar em uma sociedade que vive no imediatismo? Como conseguir colocar a fé acima de todos os problemas que nos causam tristeza? Deus nos ama, precisamos entregar a Ele toda a dor que estamos sentindo e confiar em sua Divina Providência.
“Há muitas pessoas que concentram toda a sua atenção no que devem fazer no mundo exterior: trabalho, família, amigos; e procuram esmerar-se em fazê-lo, de modo oportuno e agradando a todos. Mas mal prestam atenção ao seu mundo interior, às suas necessidades físicas e, sobretudo, às suas necessidades psicológicas e espirituais. Sabem cuidar muito bem dos outros, mas não sabem cuidar de si mesmas.”1
O imediatismo nos faz esperar uma rápida solução para tudo e por muitas vezes nos esquecemos de cuidar da nossa vida de oração, de aliviar o coração em alguns minutos de silêncio, concentrando o pensamento no que estamos rezando.
“Por outro lado, a pressa com que vivem deve-se à sensação de terem muitas coisas que resolver. Coisas que, em muitos casos, são elas mesmas que se obrigam a fazer. A sua maior e quase única alegria é o alivio que sentem cada vez que solucionam ou terminam uma coisa. Além disso, costumam tender a fazer várias coisas ao mesmo tempo, o que cria nelas uma tensão muito maior do que a daqueles que fazem apenas uma de cada vez, e a fazem com calma. Desgosta-as ver os outros fazerem as coisas devagar, e chegam a sentir amargura por tanta lentidão”2.
Imagem e semelhança de Deus
“Deus quer nossa alegria. Ele nos criou à sua imagem e Ele é alegria. Mas, e as lágrimas? Em meio a tantos sofrimentos, como se pode ter certeza de que Deus quer sempre nossa felicidade? Que felicidade? Se tantas vezes ameaçadas… Não é uma pergunta fácil. Mas podemos inverter a perspectiva. Em lugar de olhar o mundo como o mundo da infelicidade, podemos deslocar a infelicidade de dentro de um mundo que começou com a alegria e que produz alegria”3.
Voltemos para as palavras de Jesus no Evangelho de Matheus: “Aquele que não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim” (Mt 10,38). “É verdade, cada pessoa deve carregar a sua cruz. Mas esta não é a mesma de Cristo! Só Ele carregou o mundo. Depois d’Ele e graças a Ele, a parte de alegria em nossas vidas é grande, e a parte de infelicidade menos difícil de carregar. Ele é nossa vida, não nossa morte”4.
Amor de toda a eternidade
“Muitas vezes, na presença de Deus, os problemas e as responsabilidades mudam de figura; perdem importância e passamos a encará-los com mais realismo, eliminando ou ao menos aliviando o jugo paralisante e cansativo da preocupação e do temor”5.
“Deus é nosso Pai… Ama-nos a tal ponto que nos entregou o seu Filho Unigênito, para que, resgatados, pudéssemos ser amados com o mesmo amor com que Ele ama desde toda a eternidade a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se fez carne por nós. Deus ama-nos em Cristo, porque vê em nós um decalque, uma réplica, digamos assim, de Cristo. Ou a gozosa possibilidade de o sermos”6.
Na alegria do Evangelho, ele nos convida a meditar as maravilhas que o Senhor fez para nós. “O Evangelho nos traz a alegria Felizmente, o Evangelho aí está! Ele nos convida a abrir totalmente nossas velas a todos os ventos: “Eu vim para que tenham vida em abundância’’ (Jo 10,10)”7.
Vida extraordinária de Maria
Seguimos o exemplo de Maria, “que vida foi mais modesta e extraordinária que a de Maria?”8 Maria era uma mulher simples e foi confiada para dar a luz ao Filho de Deus, que viria ao mundo para salvar os pecadores pela morte na Cruz. “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38)”. Maria acreditou desde o princípio na Divina Providência de Deus, mesmo nas dificuldades.
“Segui-Lo não significa buscar o sofrimento, mas aprender a suportá-lo e a saborear ao máximo nossas alegrias. Fala-se muito de alegria no Evangelho; ele começa por esta frase: “Eu vos anuncio uma grande alegria…(Lc 2,10)”9.
________
Ref:
1,2 e 8 Aprender a Descansar: Fernando Sarráis
3 a 7 A alegria de Viver: André Sève
Foto: Lilia Macías
