Pe. Nicolás Schwizer – Jesus rezava. Com frequência sentia desejos de deixar por um momento aquela multidão interessada, aqueles discípulos duros de cabeça, para retirar-se a um lugar apartado ou a uma montanha, e ali ficava sozinho diante do Pai.
Para si mesmo não tinha nada que pedir, nem pão, nem perdão, nem proteção, nem favores. Mas em sua presença voltava a ser o que era, se enchia de paz, escutava o mais profundo de sua alma. A consciência de seu ser filial o enchia de força e de alegria. Sabia de novo que era o Filho muito amado que o Pai havia enchido de seus dons.
Sentia-se de novo revestido daquela paciência infinita, daquela misericórdia incansável do Pai, daquele amor dinâmico e criador. Sua oração se transbordava em palavras de confiança e de carinho: “Pai, eu sei que tu sempre me escutas. Pai, eu te bendigo. Dou-te graças. Pai, todo o teu é meu…”
E quando regressava, luminoso, radiante, renovado, os apóstolos se perguntavam: “De onde vem? Que aconteceu? Quem pode transformá-lo dessa maneira?” Alguém lhes contava que havia ido a rezar. E então se diziam: “Ah, se soubéssemos orar assim! Que pena que ninguém nos ensinou a rezar!” E um dia se atreveram a pedir-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar”.
E Jesus lhes ensinou essa oração tão bela que é o Pai Nosso. É uma oração muito parecida a de Jesus: Santificado seja teu nome ‑ venha a nós teu Reino – seja feita tua vontade. Mas, por sua vez é uma oração adaptada as necessidades dos discípulos: Dá-nos o pão de cada dia – perdoa-nos como nós perdoamos – não nos deixes cair em tentação.
Mais que uma oração para rezar, é uma oração para meditar. Não necessitou Ele mesmo uma noite inteira para pronunciar somente um versículo do Pai Nosso: “Que não se faça minha vontade, mas a tua”. É uma oração que iria transformando aos apóstolos, modelando por dentro, que os conduziria, ao longo de sua vida, a mesma entrega total que seu Senhor.
Mediante esta oração, Jesus nos mostra o rosto verdadeiro do Pai: é tão bom que se torna inclusive um pouco débil aos olhos dos superficiais; é tão carinhoso que não sabe negar nada; está tão entregado a nós que aparentemente fazemos com Ele tudo o que se quer.
No Pai Nosso, Jesus se põe a atacar nosso ceticismo e nossa desconfiança, a sacudir nossa timidez e a afirmar com todas suas forças que não há nenhum limite para a generosidade divina. Nossos desejos se vêm limitados unicamente por nosso medo; nossas orações só têm a fronteira de nossa inconstância; nossas realizações fracassam somente por nossa falta de fé. Jamais há que buscar em Deus a razão de nossas falhas.
O único obstáculo para que se nos escute não é a dificuldade de dispor do Pai em nosso favor, se não que é a dificuldade de nos convencer que devemos acudir a Ele com fé. A única resistência que pode opor-se a uma oração perseverante, não é a do Pai que se negue a dar, se não nossa que nos empenhamos em não receber.
Mas não se trata que nos façamos ainda mais interessados do que já somos. A única coisa que se pode pedir, a única coisa que Deus pode dar, é Ele mesmo, seu espírito, seu amor.
Tenhamos cuidado, por isso, com os dons de Deus: são vivos, surpreendentes, ativos, perigosos para nosso egoísmo e nossa preguiça. O dom de Deus faz dar. O perdão de Deus faz perdoar. O amor de Deus faz amar como Ele, até a paixão e a cruz.
Rezemos o Pai Nosso com esse mesmo espírito, com o Espírito de Deus, para que dê seus frutos em nós, para que seja fecundo em nossa vida de cristãos.
Atividade Prática
Faça uma reflexão a cada frase do Pai Nosso
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