Verônica Cristina dos Santos– Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. João (20,19-31)
Neste segundo domingo da Páscoa celebramos com toda a Igreja o Domingo da Divina Misericórdia, justamente hoje diante da incredulidade de Tomé somos convidados a descobrir a infinita Misericórdia de Deus.
O Pe. José Kentenich, ao falar da nova imagem de Deus ele nos diz: “Deus não nos ama tanto porque fomos bons e bem-comportados, mas porque é nosso Pai: ou porque derrama mais abundantemente sobre nós seu amor misericordioso quando aceitamos alegremente nossos limites, nossas fraquezas e misérias…”
O Papa Francisco ao explicar essa passagem da vida de Tomé diz que o Evangelho de hoje nos mostra-nos a “crise” de Tomé para nos dizer que não devemos temer as crises da vida e da fé. As crises não são um pecado, são um caminho, não devemos receá-las. Muitas vezes tornam-nos humildes, porque nos despojam da ideia de estarmos certos, de sermos melhores do que os outros. As crises ajudam-nos a reconhecer que estamos em necessidade: despertam a nossa necessidade de Deus e permitem-nos assim regressar ao Senhor, tocar as suas feridas, experimentar novamente o seu amor. [1]
A dúvida de Tomé deu-lhe a grande oportunidade de um encontro pessoal com o Ressuscitado. Da dúvida verbalizada, nasce a saudade interior de ver o Senhor, de estar com Ele, e mais do que tocá-lo nas chagas surge o desejo de ser tocado por Ele em suas próprias feridas.
Por outro lado, a atitude de Jesus diante de Tomé revela a imagem do Deus infinitamente misericordioso, que se deixa encontrar, ser tocado e a partir deste encontro renova completamente a vida daquele que o busca verdadeiramente. A experiência da Misericórdia de Deus faz Tomé exclamar: Meu Senhor e meu Deus.
Também nós podemos fazer semelhante confissão: Jesus eu confio em vós! Do encontro com o Senhor nasce a confiança, os medos são dissipados, a paz volta habitar no coração e somos enviados a anunciar o Reino do Amor misericordioso do Pai, desse amor que perdoa e renova a vida de todos aqueles que confiam e esperam no Senhor.
Neste domingo da Misericórdia, no Santuário, Maria aquela que cantou as misericórdias divinas recebe os filhos que volve a ela o olhar cheio de confiança rezando:
Salve Rainha, Mãe de Misericórdia!
Deixemos que Maria, o espelho da misericórdia do Pai, nos conduza a essa fonte que renova nossa vida a partir do coração.
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[1] II Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia, 24 de abril de 2022