“Concede, ó meu Deus, que todos os espíritos se unam na verdade e todos os corações no amor”
Pe. José Kentenich
Foi a oração que o Padre Kentenich escolheu para a sua ordenação sacerdotal, recebida a 8 de Julho de 1910, na capela da Misericórdia de Limburgo. José Kentenich recebe, com sete coirmãos, a ordenação sacerdotal das mãos de Dom Henrique Vieter, de Camarões. Durante toda a vida, considerou a ordenação sacerdotal com radicalismo, com total entrega ao serviço de Cristo e, assim, ao serviço da Igreja. Viveu para a Igreja! A Igreja foi o seu grande amor. Por isso, na sua vida e atuação como sacerdote, deu a máxima importância não à vontade e à obra, mas à vontade e à obra de Deus, à obra da Igreja.
Padre Kentenich foi exemplo de personalidade sacerdotal, que foi ao encontro, que deixou sua própria vontade pelos demais, fazendo de sua vida uma doação total para a realização plena do plano de Deus. Podemos notar seu grande amor à Igreja, aos planos de Deus na aceitação de sua prisão em Dachau e em seus 14 anos de exílio – foi exilado pela própria Igreja e aceitou isso com a certeza de que a Mãe se glorificaria e mostraria que a obra era dela, era inspiração divina.
Desde que recebeu o sacramento da Ordem, sua vida deixou, definitivamente, de ser sua para tornar-se totalmente de Deus, colocando-se em estado permanente de missão. “O verdadeiro amor impele à ação”, afirma o Pai e Fundador, e é esse amor verdadeiro que o torna presente a todos que lhe procuram. Um jovem escreve: “Eu era estudante e fui convidado para visitar o Pe. Kentenich. Embora ele tivesse muito trabalho, quase todas as manhãs saíamos juntos a passear. Ele simplesmente ouvia. Durante horas . E eu podia contar e contar. Eu sentia que aí alguém me escutava, como nunca na minha vida alguém me escutou. O mundo parecia ficar muito longe, só nós existíamos: ele e eu. Eu tinha ‘direito de cidadania’ no seu coração Sacerdotal desde a infância e sacerdote para sempre Desde sua infância, sua vida é um preparar-se para a realização da vontade de Deus, a missão que Deus sonhou para si desde sempre. Ainda como criança, Pe. Kentenich expressou o anseio do seu coração de se colocar a serviço, de sair de si: “[…] dá-me almas, e tudo o mais toma para ti”. Aos 12 anos, no dia da Primeira Comunhão, Pe. Kentenich revela à sua mãe que deseja ser sacerdote. Pela situação da época, Catarina Kentenich não vê nenhuma possibilidade disso acontecer. Contudo, o menino não desiste. Um poema – o primeiro testemunho autobiográfico que a Família de Schoenstatt possui – reflete a luta interior do Fundador para seguir sua vocação: “Ó Senhor, a ti me encomendo agora! Guia a disposição de minha mãe, que eu não quero afligir, para que ela me deixe um sacerdote vir a ser. Deixa-me antes morrer, do que não seguir teu chamado e escolher a vocação para a qual, ó Senhor, tu me criaste. Eu ouço como tu, ó Deus, me chamas”. O anseio do menino de seguir o chamado de Deus é maior que os empecilhos da época. Aos 14 anos ele ingressa no Seminário Menor dos Palotinos, e escreve, como justificativa, no pedido de admissão: “Gostaria de trabalhar pela conversão dos pagãos”. A intenção do Fundador de Schoenstatt, desde sempre, é tornar-se missionário, o que ele concretiza na fundação de sua Obra. “Tu és sacerdote para sempre” (Sl 109, 4). No céu o Pe. José Kentenich continua sendo sacerdote e Pai para muitos. Pe. Clemente Maria Hernandez conta: “Creio que, se não tivesse conhecido o Pe. Kentenich, nunca teria me tornado sacerdote. Foi o encontro providencial com ele que me levou a tomar a sério a minha vocação sacerdotal. Na sua pessoa encontrei o ideal do sacerdote que sempre ansiara durante os meus anos de seminário: um homem profundamente ancorado em Deus, capaz de responder à problemática do mundo atual”. Hoje ainda o Pai e Fundador continua sua missão junto aos filhos espirituais. “Quem me busca me encontra sempre no Santuário e no coração de Maria”, afirma. Seu exemplo de amor e fidelidade à Igreja e a personalidade autêntica permanecem como um modelo para muitos sacerdotes e vocacionados. “A graça de Deus necessita somente de uma única pessoa para realizar grandes coisas na Igreja e no mundo”, disse o Papa Francisco sobre o Pai e Fundador. A frase revela a grandeza da graça de Deus, que é capaz de operar maravilhas no mundo, como fez por meio do Pe. Kentenich. As contribuições ao Capital de Graças são uma forma de constantemente ir ao encontro de quem necessita, e viver nosso sacerdócio batismal. Com isso, todas as obras do dia são consagradas, no Santuário, e se revertem em graças para todo aquele que necessita, não importa o lugar em que se encontre. Esse dia da ordenação sacerdotal de nosso Fundador é uma abençoada ocasião para agradecer sua vida sacerdotal e rever como estamos vivendo nosso sacerdócio batismal. Texto original: Karen Bueno/Ir. M. Nilza P. da Silva __________________________________ [1] RIECHEL, Lioba; DOLD, Uirike. Anseio de viver. Edição Portuguesa, 2009. Pág 11.