Padre Kentenich foi um grande propagador da Divina Misericórdia. Ele mesmo foi um reflexo da misericórdia do Pai eterno, conduzindo muitas pessoas a confiarem irrestritamente e a se abandonarem à misericórdia infinita de Deus.

Procurava incluir o maior número possível de referências na temática que tratava. Assim, quis expor também o papel que o tema da misericórdia desempenhou na história da Igreja. Nesta perspectiva, fala da devoção ao Sagrado Coração de Jesus introduzida na Igreja por Santa Margarida Maria Alacoque. Considera esta devoção com um forte antídoto à cruel severidade e justiça do jansenismo que dominava a espiritualidade dos séculos XVII e XVIII. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é sustentada pelo amor e o desejo de fazer expiação por amor. Expressa o amor misericordioso do Redentor pelos homens.

Padre Kentenich cita uma segunda religiosa da mesma ordem, a Irmã Benigna Consolata, também ela portadora de uma incumbência do Senhor. Enquanto a Irmã Margaria Alacoque propaga a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a segunda tem a missão de anunciar a misericórdia desse coração. Segundo o Padre Kentenich, esta missão adequa-se inteiramente à percepção e convicção que ele adquiriu à luz da Providência: o nosso tempo precisa de uma imagem de Cristo e de Deus inteiramente marcada pela misericórdia. Neste sentido, hoje apontaria certamente para o testemunho da irmã polonesa Faustyna Kowalska, já canonizada.

Palavras do Pe. Kentenich:

“Deus quer revelar hoje especialmente seu rosto misericordioso, ou seja, o seu amor na perspectiva da misericórdia. Assim como revelou ao mundo seu amor, seu coração amoroso através de Margarida Maria Alacoque, agora revela de forma semelhante o rosto de seu amor misericordioso através de outras almas religiosas.

Margarida Maria Alacoque pertencia à ordem da Visitação de Maria, fundada por São Francisco de Sales. Entre 1885 e 1916 viveu outra religiosa da mesma ordem chamada Irmã Benigna Consolata. O que significa Irmã Benigna? A bondosa, misericordiosa. O que significa Irmã Consolata? A Consolata é rica em consolo.

O que lhe foi revelado por Jesus? Ele a chamava de sua “secretária”. O que lhe comunicou? Vou dizê-lo brevemente: escreve, Benigna, apóstola da minha misericórdia, escreve que eu desejo antes de tudo fazer saber que sou todo amor. Escreve ainda que quem duvidar da minha bondade causa maior dor ao meu coração.

É essencialmente a mesma mensagem que Margarida Maria Alacoque anunciou ao mundo. Mas qual é a complementação que o bom Deus quer introduzir posteriormente através de Irmã Benigna Consolata? O próprio Jesus o disse, ao afirmar no dia 3 de outubro de 1915: Margarida Maria Alacoque tinha a missão de revelar ao mundo o meu coração. Tu tens a missão de divulgar a misericórdia desse coração e seus infinitos tesouros. E ainda: eu sou o Senhor de todas as misericórdias. O meu maior desejo é revelar continuamente a minha misericórdia.

Não esqueçam, era exatamente o que Jesus queria dizer: eu sou o amor. E também não esquecemos: quando falamos de amor, referimo-nos sempre ao amor misericordioso de Jesus por nós. Damos grande ênfase à ideia da misericórdia.

Jesus continua falando a Irmã Benigna Consolata: ‘Praticar a justiça significa para mim nadar contra a corrente. É literalmente necessário que eu seja obrigado a ser justo. A porta da minha misericórdia não está trancada, está apenas encostada. Basta tocá-la para que se abra. Mesmo um ancião sem forças pode abri-la. A porta da minha justiça, ao contrário, está trancada à chave e eu só abro a quem me obriga formalmente a fazê-lo; nunca a abro por livre iniciativa’”.

(Texto do livro Sob o olhar do Pai de amor e misericórdia, p. 91, 94 e 95).

Nesta festa da Divina Misericórdia, unamo-nos profundamente a Jesus e confiemos a ele a nossa salvação, a de nossos familiares, de todas as pessoas que amamos, mas também a salvação de toda a humanidade, para que neste tempo da misericórdia, mergulhemos, sempre mais, nesta torrente que jorra de seu coração, que nos purifica e santifica e nos prepara para a eternidade.

Lembremos que hoje é possível receber a indulgência plenária:

“Para fazer com que os fiéis vivam com piedade intensa esta celebração, o mesmo Sumo Pontífice (João Paulo II) estabeleceu que o citado Domingo seja enriquecido com a Indulgência Plenária”, “para que os fiéis possam receber mais amplamente o dom do conforto do Espírito Santo e desta forma alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo e, obtendo eles mesmos o perdão de Deus, sejam por sua vez induzidos a perdoar imediatamente aos irmãos” (Decreto da Penitenciaria Apostólica de 2002).