Pe. Nicolás Schwizer – Pouco a pouco, Jesus nos leva a descobrir que a verdadeira comida, a que dá a vida eterna, consiste em sua Palavra e em seu Corpo e Sangue. O que Ele mais exige de cada um de nós, neste momento, é uma tomada de posição clara e explícita, um compromisso a favor ou contra Ele. Muitas pessoas se entusiasmaram ao ver o milagre da multiplicação dos pães; porém, depois de ter escutado as mesmas palavras de Jesus, dividiram-se em três grupos diferentes.
O 1º grupo – Muitos discípulos não acreditam em Jesus; criticam-no, rechaçam-no. Não é a primeira vez que os homens se manifestam em desacordo com Deus.
Por exemplo, o Livro do Êxodo – que conta a saída do Egito e a marcha pelo deserto – contém inúmeras murmurações do povo escolhido: contra a sede, contra a fome, contra os vários perigos possíveis. Todo o Antigo Testamento nos mostra que Israel foi um povo rebelde, que rechaça até mesmo os benefícios de seu Deus.
Quanto aos ouvintes de Jesus: com certeza o tinham aclamado como Rei dos judeus, talvez também como profeta; porém, como poderiam levar à sério a esse carpinteiro de Nazaré, que prometia a vida eterna a quem comesse sua carne?
“Desde então, muitos discípulos se afastaram dele e pararam de caminhar com Ele”. Para onde foram? Para quem foram? Não o sabemos. Contudo, de uma coisa não podemos duvidar: quem abandona a Deus, logo depois cria seus próprios deuses, seus próprios ídolos, porque o homem não pode viver sem Deus.
O 2º grupo– Ao lado daqueles que se retiram, há outro grupo que também não crê em Cristo, que não deixa de criticá-lo, mas segue caminhando com Ele.
Não o deixam por respeito humano, ou porque esperam voltar a, gratuitamente, comer pão ou ainda para beber o famoso vinho que os habitantes de Caná comentam.
Alguns ambiciosos desejam ser colocados em primeiro plano no possível reino terreno.
No fundo, todos são hipócritas e aproveitadores. Judas Iscariotes é um deles, um desses incrédulos que vai até o final, até o abraço da traição; todos querem se aproveitar de Jesus.
Por último, resta o 3º grupo – Muito reduzido, de verdadeiros discípulos de Cristo: os onze, algumas mulheres e outros poucos crentes. O Senhor não os retém à força, tanto que lhes pergunta: “Vocês também querem ir embora?” E então Pedro, falando pela primeira vez em nome de seus companheiros, responde: “Tu tens palavras de vida eterna. Nós assim cremos”.
Assim que a primeira comunidade ao redor de Cristo é formada a partir de homens livres, que sabem decidir-se por Ele, que enfrentam a grande maioria do povo e que o seguiram tanto em seus triunfos, como em seus fracassos.
E nós, hoje? Nosso mundo atual e a situação atual dos cristãos se parecem ao mundo daquele tempo. Chegou a hora de uma nova opção a favor ou contra Cristo e à Igreja.
Atualmente, nós estamos também diante da mesma decisão; igualmente encontramos hoje as mesmas atitudes e os mesmos grupos diferentes, diante dessa opção.
Todos devemos nos converter: de cristãos de herança e de rotina em cristãos que tomam uma decisão pessoal, uma opção radical que nos compromete por inteiro no seguimento a Cristo. A fé cristã é uma opção por Deus e contra tudo aquele ou aquilo que se faz passar por deus neste mundo.
Queridos irmãos, Cristo nos convida a nos declararmos como seus verdadeiros discípulos, a definirmos nossa fé com mais firmeza e mais claridade, a darmos testemunho de nossa opção na entrega e fidelidade de cada dia.
Tradução: Maria Rita Vianna