Início e realização da história
Juliana Dorigo– Hoje, a Igreja celebra a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, com a qual encerramos o ano litúrgico. O Papa Francisco explica: “A grande parábola em que se desdobra o mistério de Cristo. Ele é o Alfa e o Ômega, o início e a realização da história.”[1] O título de “rei”, que se refere a Jesus é está presente no Evangelho e nos ajuda a percebera importância da sua missão de Salvação.
“Parte-se da expressão ‘rei de Israel’ e chega-se à de rei universal, Senhor da criação e da história, portanto muito além das expectativas do próprio povo judeu. No centro deste percurso de revelação da realeza de Jesus Cristo está mais uma vez o mistério da sua morte e ressurreição. Quando Jesus é crucificado, os sacerdotes, os escribas e os idosos escarnecem-no dizendo: ‘Se é o rei de Israel, desça da cruz, e acreditaremos n’Ele’ (Mt 27, 42). Na realidade, precisamente porque é o Filho de Deus Jesus entregou-se livremente à sua paixão, e a cruz é o sinal paradoxal da sua realeza, que consiste na vontade do amor de Deus Pai sobre a desobediência do pecado. É precisamente oferecendo-se a si mesmo no sacrifício de expiação que Jesus se torna o Rei universal, como Ele mesmo declarará ao aparecer aos Apóstolos depois da ressurreição: ‘Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra’ (Mt 28, 18)”.[2]
Poder divino da vida eterna
Mas no que consiste o “poder” de Jesus como Rei? “É o poder divino de dar a vida eterna, de libertar do mal, de derrotar o domínio da morte. É o poder do Amor, que do mal sabe obter o bem, enternecer um coração endurecido, levar paz ao conflito mais áspero, acender a esperança na escuridão mais cerrada. Este Reino da Graça nunca se impõe, e respeita sempre a nossa liberdade. Cristo veio para “dar testemunho da verdade.” (Jo 18, 37) [3]
No momento mais difícil, “na sua morte e ressurreição, Jesus se mostrará o Senhor da história, o Rei do universo, o Juiz de todos. Mas o paradoxo cristão é que o Juiz não é um temível rei, mas um pastor cheio de mansidão e misericórdia.”[4]
O Pe. José Kentenich nos ensina: “E por que tudo isto? É justamente a grande lei do Reino de Deus: Deus quer ser amado. E porque Ele quis ser amado, documentou, de maneira grandiosa, o seu próprio amor pelo mundo, pela humanidade. ‘Si vis amari, ama!’ Se queres ser amado, também deves amar; amar com prodigalidade[i], dar-se com prodigalidade! De outro modo, como queres que os outros te amem? Qualquer um pode fazer exigências: tu mesmo deves te lançar na balança. Realmente, se queres ser amado, deves também amar! E Deus quer ser amado. Por isso Ele mandou seu Filho Unigénito documentar seu amor deste modo efusivo, de tal modo que por nós derramou até a última gota de seu sangue”.[5]
Maria, Mãe e Educadora do Reino do Céu
Maria como Mãe e Educadora os ensina a reinar no servir. “Quando o Anjo Gabriel levou o anúncio a Maria, prenunciou-lhe que o seu Filho teria herdado o trono de David e reinado para sempre (cf. Lc 1, 32-33). E a Virgem Santa acreditou ainda antes de O dar ao mundo. Depois, sem dúvida, teve que se interrogar sobre qual novo género de realeza era a de Jesus, e compreendeu-o ouvindo as suas palavras e sobretudo participando intimamente do mistério da sua morte e ressurreição.”[6]
Maria foi fiel à missão no caminho do amor e como Mãe e Educadora nos ensina a percorrer o caminho para a Salvação. “Nossa Senhora, elevada ao Céu, recebeu do seu Filho a coroa da realeza, porque o seguiu fielmente no caminho do Amor. Aprendamos com ela a entrar desde agora no Reino de Deus, através da porta do serviço humilde e generoso”.[7]
“Assim a Mãe de Deus hoje nos entrega seu Filho para que o contemplemos e nos tornemos mais e mais semelhantes a Ele para que, em nossa doação a Cristo Rei, nós mesmas cresçamos mais e mais em nossa tarefa de guias. ‘Cristo, Senhor dos novos tempos!’ Estas são as palavras que a Mãe de Deus deseja bradar a nós. Entregai-vos a mim aqui. Com isso tomais parte na tarefa do tempo atual: Cristo deve ser o Senhor dos novos tempos.”[8]
Referências:
[1] Papa Francisco Angelus 22 de novembro de 2020. Acesso em: Francisco no Angelus: seremos julgados com base no amor – Vatican News
[2] Papa Bento XVI Angelus 22 de novembro de 2009. Acesso em: Angelus, 22 de novembro de 2009, Solenidade de Cristo Rei do Universo | Bento XVI (vatican.va)
[3] Idem 2
[4] Idem 1
[5] KENTENICH, José. Cristo Minha Vida: Textos escolhidos sobre Cristo. São Paulo-SP: Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt,1997. Pág.150
[6] Idem 2 e 3
[7] Idem 1 e 4
[8] Idem 5. Pág. 173
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[i] Prodigalidade
substantivo feminino
1.grande quantidade de (algo); abundância, fartura.
2.ato de repartir ou oferecer com largueza (p.ex., dinheiro); generosidade, dadivosidade.