Como a Aliança de Amor me ajudou a coordenar esta ala do hospital?
Gabriel Afonso Dutra Kreling – O ano de 2020 ficará marcado na história. A grande pandemia do novo coronavírus foi motivo de inúmeros desafios, uma vez que a situação teve potencial de desequilibrar o macrocosmo (Mundo exterior, meio comum) e o microcosmo (Mundo interior, individual).
Chamo-me Gabriel, selei minha Aliança de Amor no Santuário Esmagadora da Serpente, em Londrina/PR, meus pais são da União de Famílias. Eu e minha esposa, Carina, moramos em Cascavel, no Paraná, onde atuo como médico. Neste ano, tive o maior desafio profissional da minha vida: ser coordenador da Ala Covid-19 do maior hospital público do oeste do Paraná, o Hospital Universitário de Cascavel.
Medo, insegurança, desespero, saudade, angústia, incerteza, solidão foram alguns dos sentimentos que vivi. Medo de morrer, medo de adoecer, medo de levar a doença para as pessoas que amo, medo de não conseguir salvar todas as pessoas que dependeriam dos meus cuidados e dos cuidados da minha equipe. Chamavam-nos de super-heróis, mas nunca tive superpoderes para passar imune a todos esses sentimentos; eu era apenas alguém capacitado para cuidar de pessoas que havia sido chamado ao trabalho.
Para passar por isso, pude contar com o apoio incondicional da minha esposa e dos meus familiares, mas, sem dúvida, a Aliança de Amor teve papel fundamental em tudo. Vinha à minha mente a imagem da geração fundadora, que no início da juventude foi convocada para a Guerra, dando um sim confiante à Mãe, estando preparada ou não para o que viria. Tenho certeza de que eles também tiveram medos, mas a presença real de Maria os fazia seguir. Também não tinham superpoderes, mas hoje são considerados nossos “Heróis de Schoenstatt”. Essa presença real da Mãe foi um dos grandes motivos que me manteve diariamente.
Muitas vezes, não tinha a profundidade necessária para uma oração. Meus pensamentos se voltavam para os pacientes, para a minha equipe, para os problemas estruturais. Eu tentava, mas não conseguia, estava além da minha capacidade humana. A solução que eu encontrei foi parar na frente da imagem da Mãe da minha casa antes de sair e dizer: “desculpe-me, eu não consigo rezar. Cuida de tudo, cubra-me com o seu manto de proteção. ‘Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao Vosso’”. Essa era a minha oração diária, a única forma que tinha de focar meus pensamentos por um pequeno momento. Neste ponto, gostaria de agradecer ao Pe. Vitor Possetti, que foi um grande amigo na condução da minha vida espiritual.
Outra forma de me sentir protegido era pedir para que as pessoas rezassem por mim – meus pais e avós, meus sogros, minha esposa, meus irmãos. Nas ligações para os familiares, diariamente, não era infrequente ouvir: “estamos rezando por vocês.” Minha resposta sempre foi: “muito obrigado, estamos contado com isso, por favor continue”. Dessa forma podia, principalmente nos momentos mais frágeis, sentir a presença e o cuidado da Mãe e de Deus Misericordioso.