As exigências da Aliança aplicadas à vida das famílias

Flavia e Reinaldo Tiepo – “Está é a grande missão da família: deixar lugar a Jesus que vem, acolher Jesus na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos avós… Jesus está aí. É preciso acolhê-lo ali, para que cresça espiritualmente naquela família” (Papa Francisco) 

[1]

Tua Aliança, nossa missão!

“O matrimônio é uma união profundíssima e permanente de amor e de vida, em primeiro lugar uma união de amor” [2] – e isso significa uma conquista diária do outro. Não se trata de excluir-se do mundo, mas de cultivar o ideal de família integrado no cotidiano. E só é possível viver esse alto ideal matrimonial se confiarmos à nossa Mãe e Rainha a nossa educação para o amor.

Pe. José Kentenich compreende que a Aliança de Amor entre os cônjuges é a mais bela expressão do seu amor a Deus e a Maria. Quem pratica, dessa forma, a Aliança de Amor e a vida conjugal em todas as suas matizes concebe-a como verdadeiro caminho à efetiva santidade [3].

Mas, muitos de nós vão pensar: “É tão difícil!”. “São propósitos muito elevados”. Esse pensar também acontece em nosso dia a dia. Por isso, é uma luta diária não nos tornarmos “famílias massificadas”. E a Aliança de Amor é o nosso sustento e fortaleza para sermos “Famílias do céu aqui na terra”.

Provai primeiro

“Não vos preocupeis com a realização de vosso desejo. Ego diligentes me diligo. Amo aos que me amam. Provai primeiro que realmente me amais e tomais a sério os vossos propósitos. Agora tendes a melhor ocasião para demonstrá-lo” [4]

Maria é nossa Mãe. Verdadeira, real e espiritual! Ela nos ama! Hoje, vivemos a cultura do descartável e isso inclui até mesmo o “sentir”. O amor foi banalizado e muitos não conseguem expressar o amor e nem sentir que são amados. Deixe-se guiar por nossa Mãe! Ela não te decepcionará. É necessário desenvolver as virtudes de Maria no dia a dia. E, assim, ela te auxiliará a cultivar, em sua casa, a vida sobrenatural, a vida da graça.

Mas, atenção: a Mãe e Rainha não se contenta com palavras bonitas e sentimentos piedosos passageiros. Ela exige atos: “É realmente tudo por Maria, com Maria, em Maria, para Maria”, diz São Luis Maria Grignion.

Armadura e espada

“Esta santificação exijo de vós. Ela é a armadura que deveis revestir, a espada com a qual deveis lutar para alcançar os vossos desejos” [5]

Essa exigência da Aliança de Amor, na família, indica como viver, na prática, a nossa santidade do dia a dia e a nossa Aliança. Para vivermos a santidade é necessário nos conhecermos a nós mesmos e ao outro. Você deve sempre ser instrumento de santificação e não de tropeço. Isso exige muito amor. Não é no momento de tensão que vamos conversar sobre situações conflituosas. É difícil, mas é um exercício para os dois. Outro ponto importante é a questão da “organicidade”. Muitas vezes não respeitamos essas diferenças e vem a imposição de um sobre o outro. Assim, não existe ajuda mútua para a santificação. O amor constrói pontes e não impõe barreiras. Não significa ficar estagnado para não ter de enfrentar suas fraquezas e desafios.

Vamos contar nossa experiência em família. Em nossa casa, quando sabemos que o assunto é difícil e são necessárias decisões importantes ou até falar sobre os “defeitos” um do outro, fazemos essa conversa em frente ao nosso Santuário Lar e convidamos a Mãe de Deus para participar. E, durante os momentos mais acalorados, falamos com Ela em voz alta em uma verdadeira discussão em família. Muitas vezes até o nosso Pai e Fundador entra na nossa conversa. Mas, assim, conseguimos esgotar tudo o que tira a harmonia de nossa casa e impede a santificação de nossa família. Nem todos os problemas são resolvidos, mas somamos forças para continuar nossos propósitos de família.

Muitas contribuições

“Trazei-me muitas contribuições para o Capital de Graças. Pelo fiel e fidelíssimo cumprimento do dever…” [6]

Oferecer contribuições ao Capital de Graças, em família, é um exercício de amor que pode envolver a todos: filhos, parentes, quem vem a nossa casa e até vizinhos. O Capital de Graças gera vida e amor em nosso Santuário Lar. Nos ensina a confiança na Divina Providência quando depositamos nosso “desespero e pranto” dos problemas do nosso dia a dia. Nos capacita a sermos misericordiosos, pois, na entrega de nossas misérias humanas, percebemos que Deus nos ama e quer que nos tornemos uma família melhor.

Família – Igreja doméstica

“… e uma zelosa vida de oração” [7]

É conhecida a expressão “Família que reza unida, permanece unida”. “A oração reforça a estabilidade e a solidez espiritual da família, ajudando a fazer com que esta participe da ‘fortaleza’ de Deus” [8]. A família é a Igreja doméstica e nela precisa ser cultivada a vida de oração. À medida em que família se relaciona com Deus pela oração, mais seus membros se tornam unidos e fortalecidos para enfrentar todas as dificuldades do dia a dia.

Viver em Aliança na família é apoiar-se no lema: “fazemos tudo por amor, pelo amor e para o amor” [9]. Ou seja, não podemos descansar até nossa Aliança “se tornar fundamento, meta fundamental, norma fundamental e forma fundamental” [10] para nós e toda nossa família. Esse é nosso principal apostolado e nossa principal fonte de graças.

Referências

[1] PAPA FRANCISCO. Audiência Geral, 17 de dezembro de 2014, disponível em: w2.vatican.va

[2] KENTENICH, Pe. José. Às segundas-feiras ao anoitecer – dialogando com famílias. Volume 20, tomo 2: O amor conjugal como caminho à santidade. Trecho retirado da introdução.

[3] AMRHEIN, Ir. M. Mattia. Introdução em: Às segundas-feiras ao anoitecer – dialogando com famílias. Volume 20, Tomo 2

[4] KENTENICH, Pe. José. Documento de Fundação de Schoenstatt. 18 de outubro de 1914

[5] KENTENICH, Pe. José. Documento de Fundação de Schoenstatt. 18 de outubro de 1914

[6] Idem

[7] Ibidem

[8] SÃO JOÃO PAULO II. Carta às Famílias, Gratissimam Sane, 1994. Disponível em: w2.vatican.va

[9] KENTENICH, Pe. José. 16 de junho de 1968. Disponível em: Tua Aliança Nossa Missão, Textos escolhidos do Padre José Kentenich sobre a Aliança de Amor. Editor Peter Wolf.  Sociedade Mãe e Rainha. 1ª edição, 2014.

[10] Idem

Fonte: schoenstatt.org.br