Como a “ideia maluca” comprovou-se numa Obra divina

Karen Bueno / Ir. M. Nilza P. da Silva – Ouvir a história de Schoenstatt, da primeira Aliança de Amor, sempre traz algo de novo. Reviver aquele momento único, colocar-se como parte da fundação, leva a um contato pessoal com a Mãe de Deus, com o Fundador e com os primeiros membros do nosso Movimento.

Já ouvimos sobre a origem de Schoenstatt algumas vezes, mas ninguém melhor para contar essa história da Aliança de Amor original do que o próprio Pe. José Kentenich. Ele revela, pouco a pouco, como a Providência Divina foi atuando e indicando as “portas abertas” para a fundação. Assim nosso Fundador descreve o dia 18 de outubro de 1914:

É assim que começa…

O Pe. Kentenich conta: “De súbito irrompeu a guerra de 1914. Os jovens foram espalhados para as diversas frentes de batalha. Eu tinha a responsabilidade por eles”. Pe. Kentenich é o diretor espiritual dos jovens na época e se preocupa com o rumo que cada um vai tomar, pois alguns já estavam convocados como soldados para a grande guerra mundial.

Deus age por meio de causas segundas

Ele continua sua história:

“Durante esse tempo, em que os jovens tiveram que partir, caiu-me na mão – como acontece a qualquer ser humano – uma pequena revista. Nela apareceu um artigo, talvez uma coluna apenas, bem breve. Falava de um advogado, não era americano, era italiano, que pertencera antes à maçonaria. O bom Deus e a Mãe de Deus usaram-no como instrumento para fundar um santuário mariano. Talvez já tenha ouvido falar desse lugar: Pompéia. Tornou-se um grande Santuário, de fama mundial. Veio-me então, de repente, uma ideia ‘maluca’”.

A “ideia maluca” se revela

Pe. Kentenich lê esse artigo no dia 18 de julho de 1914 e nessa época ele e os seminaristas reformavam uma pequena capela abandonada para realizar seus encontros:

“Se a Mãe de Deus lá (em Pompéia) se estabeleceu e lá realizou grandes feitos, não seria possível atraí-la também para nosso pequeno Santuário?”

A preocupação do Fundador é a educação daqueles jovens:

“Recebi a missão de educar a minha juventude. A Mãe de Deus é, conforme os planos de Deus, a grande Educadora. Agora recordem: a capelinha era um galpão bagunçado. Seria atrair a Mãe de Deus a um local bagunçado. Por que isso? Para qual finalidade? Para ela, então, educar os jovens, pois eu não poderia correr atrás deles nas batalhas da guerra. Mesmo com toda capacidade e força, não poderia estar aqui e acolá, no leste e depois no norte. Impossível! Ainda mais as limitações, minha fragilidade e a deles. O que então fazer?”.

Nada sem vós, nada sem nós

Ao ler o jornal com a história do Santuário de Pompéia, o Fundador de Schoenstatt deixa-se inspirar pela Divina Providência. Já não cabe mais somente a ele a educação dos jovens – a Mãe de Deus deve educar cada um, formando personalidades autênticas:

“Eu tinha uma tarefa de educação e queria educar, por isso a Mãe de Deus era para mim, desde o começo, a grande Educadora. Foi por esse motivo que tentei introduzi-la na formação deles. Ela respondeu, como que falando: “bom, eu aprovo o plano, mas com uma condição, que vocês se autoeduquem com vigor, de modo que saiam lascas. Não pode sobrar mais nada

[de imperfeito]. Devem tornar-se obra de mestre. Devem exigir o máximo de si. Se assim o fizerem, descerei junto a vocês. Deixarei atrair-me e iniciarei, a partir deste lugarzinho, um grande Movimento de renovação”.

Consciência de missão

Os jovens aceitam o desafio de deixar-se educar por Maria. No dia 18 de outubro de 1914, o Pe. Kentenich e o grupo de jovens congregados fazem o convite para a Mãe de Deus se estabelecer no Santuário. Mas, como saber se ela aceitou a proposta? “Se a Mãe de Deus realmente deseja isso, então terá que nos demonstrar que ela, de fato, o deseja”.

A Primeira Guerra Mundial é o momento propício para descobrir se a Aliança de Amor é capaz de gerar vida. Conta o Pe. Kentenich: “Os jovens estavam espalhados nos campos de batalha. Diziam para si: vamos averiguar se a Mãe realmente aprovou o plano lá de cima. Então, procuravam atrair todos que se mostravam abertos aos seus círculos”.

Nas dificuldades vêm a prova de fogo

A prova de que a Aliança de Amor fora aceita pela Mãe de Deus é dada durante a Guerra. Cada vez, por atuação dos seminaristas e da graça divina, mais e mais pessoas aderem aos ideais de Schoenstatt. “Todos deveriam ajudar a rezar e a fazer sacrifícios, a fim de que a Mãe de Deus, de fato, criasse, a partir dali, um Movimento de renovação do mundo”, narra o Fundador.

Schoenstatt é filho da Guerra, é em meio às trincheiras que a mensagem da Aliança se difunde, provando que a Mãe aceitara a consagração dos primeiros jovens: “Sem a Guerra nossos estudantes não teriam sido jogados aos campos de batalha do leste e oeste, sul e norte. E em toda parte procuramos sempre colaborar fielmente”, conta Pe. Kentenich sobre o começo da Obra, indicando como Deus usou a situação de Guerra para um papel fundamental na história de Schoenstatt.

Schoenstatt é escola onde a Mãe de Deus forma herois

Muitas outras provas são dadas ao longo dos mais de 105 anos de história. A cada dia a Mãe se mostra presente ao lado dos filhos que a ela se consagram pela Aliança de Amor. Muitas vidas santas se forjaram e se forjam à sombra do Santuário, como presente para a Igreja e para o tempo atual. Pe. Kentenich percebia tudo isso e sabia quão valiosa era sua fundação:

“Em tudo podemos vê-la claramente e dizer: a Mãe de Deus, em verdade, se estabeleceu aqui. Este complexo todo é Obra de Deus e por isso estamos dispostos a enfrentar até a morte por esta Obra”.

É disso que depende também a história dos novos cem anos. Quando cantamos no hino jubilar “Ao novo tempo, envia-nos!” manifestamos nossa prontidão em deixar-nos educar como santos e fundamentos para as novas páginas da história de Schoenstatt.

*As falas do Fundador foram retiradas do livro:
Padre José Kentenich: Família – Serviço à Vida – Encontro com Famílias (Estados Unidos-1953)
Volume II (Página 237 a 241)

 

Fonte: schoenstatt.org.br