A palestra no Encontro de Coordenadores e Equipes Diocesanas apresentada por Ir. Adriana Maria Barboza, levou os coordenadores a refletirem “que a dimensão missionária é a mais profunda identidade da Igreja. A Igreja existe para continuar a missão de Cristo aqui na terra.”

Como Movimento Apostólico de Schoenstatt, não ficamos à margem da Igreja observando se ela cumpre sua missão. Estamos muito conscientes de que somos Igreja, que estamos inseridos em nossa Mãe Igreja e contribuímos com sua missão, fazemos parte da sua missão.

Pe. Lauro Winieski, pertencente ao clero da Arquidiocese de São Paulo, atua na Paróquia Santa Rosa de Lima acompanha o trabalho da Mãe Peregrina na Região Episcopal Belém e esteve presente no Encontro de Equipes Diocesanas em Atibaia/SP. Conversamos com ele para saber o que ele leva de mensagem e estímulo, a partir das experiências partilhadas com os coordenadores:

Redação: É a primeira vez que o senhor participa do Encontro?

Pe. Lauro: Sim. Fiz questão de participar deste encontro justamente porque sou ainda novo no acompanhamento da Campanha da Mãe Peregrina na Região Belém. O encontro nos dá ocasião para entrar em contato com o Movimento de Schoenstatt, que é basicamente formado por leigos, e isso traz um alento muito forte. Percebo o quanto esse trabalho de evangelização por meio da Mãe Peregrina, está em sintonia com a Igreja no Brasil, com os apelos da CNBB. Isso faz com que nossos leigos, nas diferentes realidades de cada diocese esteja em sintonia com os seus bispos, o presbitério e ajudem a apontar o caminho por onde devemos caminhar. E o encontro traz pistas no caminho para o trabalho dos coordenadores e missionários, indicando o objetivo da construção da nova terra mariana. O Encontro dá estímulo e fortalece os ânimos para que nossas dioceses se empenhem por trabalhar por esta proposta.

Redação: O que de concreto o senhor leva para a realidade que encontra na Campanha da Mãe Peregrina em sua Região?

Pe. Lauro: Tem se discutido muito sobre os desafios que as famílias têm enfrentado nos dias atuais, tanto nas grandes como nas pequenas cidades: a questão da recepção e da permanência da Imagem nos lares. Nas discussões do grupo de trabalho em que participei no sábado pela manhã se falou, por exemplo, das situações em que as famílias querem receber a Imagem apenas nos finais de semana, então em vista de questões como essa nos são  exigidas algumas ponderações. Não queremos que as pessoas deixem de receber a Mãe por causa da falta de tempo. Esse é um, entre tantos outros exemplos, como a peregrinação da Imagem dentro dos condomínios fechados, onde a maioria não permite a entrada do missionário. São grandes desafios. E o encontro possibilita tais reflexões. Não sairemos daqui com conclusões, mas uma reflexão de como tudo isso pode ser discutido e trabalhado.

Vejo as pessoas que estão aqui, bastante preocupadas com esta questão. E por outro lado, o Encontro é um momento para o encorajamento, diante daquilo que o Pai e Fundador incutiu nos membros da Família de Schoenstatt. É importante que os participantes levem no coração o desejo de renovar o trabalho, de penetrar ainda mais nas paróquias, mesmo que às vezes as portas não se abrem como deveriam.

Redação: O que não deveríamos perder da essência do nosso trabalho apostólico, em meio aos desafios atuais?

Pe. Lauro: A nossa disposição, porque muitas vezes medimos nossas forças, nosso tempo, nossas capacidades, diante do projeto que Deus nos apresenta, daquilo que Maria nos propõem. Muitas vezes criamos muros e obstáculos e com isso nos prejudicamos a nós mesmos, enfraquecemos diante da possibilidade de superarmos os desafios. Precisamos ter um olhar mais de confiança, aquilo que a liturgia de hoje nos propôs na Carta de São Paulo aos Coríntios: buscar mais o homem celestial. Nós somos marcados e impulsionados pelo homem terrestre que nos impede de olhar com a visão da fé, da superação, de perceber a ação de Deus e a intercessão de Maria para modificar essas situações. Aquilo que hoje é desafio, não significa que não pode ser algo superado. É com esse olhar que vejo o trabalho e a organização do Movimento, dentro do espírito do Pe. José Kentenich. Não desanimar diante das dificuldades, o próprio Fundador é um exemplo, ele viveu isso, quando suportou as grandes dificuldades impostas pela Igreja.

Redação: Na sua opinião, como a Campanha pode trazer uma colaboração mais concreta para a vida da Igreja?

Pe. Lauro: O Brasil como um todo, vem sendo marcado por um ódio muito grande, na questão política, econômica, o desemprego que desestrutura as famílias, a violência que amedronta. As questões morais que adentram as vivências familiares. Nós não vamos julgar ou condenar essas vivências familiares, mas vemos nelas os desafios que são apresentados à nossa missão na evangelização. O repensar as nossas estratégias é um passo para ir ao encontro de todas essas realidades. Devemos confiar que, com Maria, podemos abrir as portas, para ajudar as famílias a superar o medo, superar o ódio, a violência, superar as grandes crises existentes nas famílias. Ajudar as famílias que estão desmoronando e que se desfazem tão facilmente porque não estão alicerçadas no Evangelho de Jesus. E a Campanha tende a levar respostas imediatas e também a longo prazo.

Redação: O senhor gostaria de deixar uma mensagem e estímulo para os coordenadores neste “Ano Missionário “?

Pe. Lauro: Toda a ação da CMP e de todas as obras e comunidades do Pe.  Kentenich trazem esse carácter missionário. E sem dúvida podem contribuir muito com a Igreja e com as famílias, indo ao encontro daquilo que propõe o Papa Francisco para toda a Igreja, no sentido de celebrar o Mês Missionário Extraordinário. Também nas dioceses estamos refletindo sobre a questão da missionariedade, para fazer despertar experiências missionárias nas paróquias. Então eu vejo uma sintonia do Movimento com a Igreja, contradizendo aqueles que pensam que a Campanha pode ser vista como um trabalho à parte, que tira as pessoas da vivência em comunidade, porque extrapola os limites da paróquia. Esse espírito missionário está presente nesta ação evangelizadora, que tem em Maria o exemplo de discípula-missionária. E cada coordenador que participou deste encontro leva esta certeza, essa semente de que o caminho é esse, que não leva ao fechamento, mas que prioriza um olhar voltado para o mundo e a realidade que nos cerca.