O Pe. Antônio Bracht, do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt e Vice-Postulador da Causa de Beatificação de João Luiz Pozzobon, explica sobre como é o caminho para que um candidato seja declarado santo pela Igreja.

 

Como é o início de um processo de beatificação?

O candidato aos altares é apresentado como tal, para ser proposto ao povo de Deus como intercessor e modelo. Isso se faz através do Processo de Canonização. Para uma pessoa ser declarada santa precisa primeiro ser declarada beata. Portanto, o processo tem duas fases: a fase Diocesana e a fase junto ao Dicastério dos Santos. Trata-se de um processo. Portanto, há formalidades a serem cumpridas. O processo é feito em duas instâncias: é iniciado na diocese onde a pessoa faleceu, e uma vez concluído, vai para o Vaticano.

Como acontece a abertura do processo na diocese?

O ordinário local (bispo), para iniciar o processo, consulta aos  bispos da região, para saber se teriam algo a alegar contra a abertura do processo. Depois consulta o Vaticano, com a mesma intenção. Nada constando, o Vaticano dá o nihil obstat, o marca-se a abertura do processo.

Quem são os atores que intervém no processo?

Os atores principais são: a diocese e o “autor”. O autor é designado a instituição que pleiteia a canonização. Pode ser a diocese mesma, como pode ser uma comunidade, ou um grupo de católicos que se organizam para isso.

Como é o desenvolvimento do processo na diocese?

Para o processo ser desenvolvido, a diocese constitui um tribunal e o autor propõe um  “postulador”. O postulador é a pessoa encarregada de reunir tudo o que precisa para o processo e apresenta-lo ao tribunal.

Neste procedimento os principais movimentos são: a elaboração de uma biografia o mais completa possível; a seleção de uma lista de testemunhas e a entrevista delas; a pesquisa da história do candidato aos altares; a apresentação da “fama de santidade” – principalmente, pedidos de intercessão, relatos de graças alcançadas, publicações sobre o candidato aos altares. Mais adiante se procede à exumação dos restos mortais da pessoa. 

Por que é importante reunir tantos arquivos?

Tudo o que vai sendo reunido em documentação e objetos pertencentes à pessoa é organizado num arquivo, administrado e mantido pelo postulador em nome do autor da causa.

Além de demonstrar sua santidade de vida, vai sendo constatado o perfil do futuro santo, quer dizer, a característica mais forte de sua pessoa, que vai marcar em que ele pode ser proposto como modelo, e para o que as pessoas usualmente o invocam, pedindo  sua intercessão.

Esse processo exige algum custo?

Como é um processo e o mesmo produz muitos materiais, envolvendo a atuação de pessoas e instituições, tem gastos econômicos. O postulador, em conjunto com o ator, fica encarregado de reunir os recursos financeiros para custear o processo, na diocese e em Roma.   

O que acontece após o processo ser aberto?

Quando o processo está aberto, o candidato aos altares é chamado “Servo de Deus”. Quando tudo foi catalogado e demonstrado, o processo é fechado na diocese e enviado a Roma.

Qual é o próximo passo em Roma?

Em Roma os atores que intervém são o Dicastério para a Causa dos Santos e o autor através de um postulador residente em Roma (pode ser o mesmo do processo diocesano), contando também eventualmente com vice-postuladores.

O que se manda para Roma normalmente é muito material. Para poder levar o processo no Dicastério, o postulador (ou a postuladora) elabora – a partir do processo diocesano – uma apresentação geral e resumida da vida, do grau heroico das virtudes e de outros aspectos do Servo de Deus, e isso é apresentado para a continuação do processo. Essa apresentação é chamada “Positio”. A Positio passa por uma revisão, feita por um perito chamado Relator.

A Positio, com toda a documentação, é apresentada ao Dicastério para a Causa dos Santos. O Dicastério entrega o processo para alguns peritos (teólogos) para análise. Se estes peritos levantam questões relativas à vida de santidade, elas são entregues à postulação para esclarecimento. Uma vez que tudo fica esclarecido, o Dicastério prepara a declaração  do grau heroico das virtudes. A partir da publicação da declaração a pessoa passa a ser chamada de “venerável”.

O que é preciso para a canonização?

Para que uma pessoa seja canonizada e/ou beatificada, a Igreja espera, e pede, uma confirmação de Deus. Isso se dá através de um milagre, normalmente uma cura. Essa cura deve ser instantânea, completa e irreversível. Ela é constatada através de um processo  – o processo do milagre. Ele é feito na diocese onde se deu o acontecimento com características de milagre e enviado a Roma. Em Roma, esse processo é revisado por médicos e peritos. Quem afirma que seja ou não um milagre é o Dicastério para a Causa dos Santos.

Constatado o milagre prepara-se a reunião plenária do Dicastério que revisa tudo e aceita o processo como concluído. Então o Prefeito do Dicastério leva o processo ao Papa e pede que ele assine o decreto de beatificação.  Assinado o decreto, marca-se a data para a cerimônia de beatificação.

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