(Foto: cathopic.com)

Pe. José Antonio Boareto– A Vigília Pascal é a mãe de todas as vigílias. Nela os cristãos vivenciam o sentido profundo do que significa viver a partir de uma existência cristã compreendendo que esta realiza na experiência de fé em comunidade. A liturgia consta de quatro momentos: benção do fogo novo, liturgia da Palavra, liturgia do Batismo e liturgia Eucarística.

O fogo novo significa que o Cristo ressuscitado vive entre nós e Nele tudo se renova permanente. Através da liturgia da Palavra somos chamados a ouvir as leituras que falam da história da salvação, isto é, a história do povo de Deus, desde Israel até a ressurreição de Jesus. A liturgia do Batismo que acolhe os neófitos ou mesmo faz toda a assembleia participante renovar as promessas do Batismo, e a liturgia Eucarística que nos faz viver o sentido de sermos profundamente eucarísticos em Cristo Jesus.

Esta celebração quer fazer-nos compreender que para nós cristãos, os sucessos, fracassos, alegrias, dores e sofrimentos serão superados, pois em Cristo temos tal promessa, e a certeza Dele entre nós ressuscitado oferece-nos a motivação para seguirmos em frente. Ele é o Deus vivo que nos faz experimentar em nossa vida o amor misericordioso do Pai e na força do Cristo viver uma existência que se realize nesse mesmo amor. A experiência pascal se vive em comunidade. A narrativa do Evangelho do túmulo vazio demonstra que Deus vive, e o mal e a morte foram vencidos. Aos Onze (discípulos) e todos os outros, as mulheres anunciam a Ressurreição.

Em nossos dias, como compreender a fé no Ressuscitado? Devemos confiar no Senhor que vive entre nós, e ressuscitado ensina-nos que “onde dois ou três estão reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20) Precisamos urgentemente entender o sentido da vivência da fé cristã como uma mística, ou seja, buscarmos um modo de existir a partir de Jesus Cristo, e isto só é possível, se olharmos para o passado apenas para se reconciliar com ele – “alguém te condenou? eu também não te condeno, vá e não peques mais” (Jo 8,11), e viver no presente com a expectativa do futuro, pois o cristianismo nossa ensina a ter esperança em um novo céu e nova terra que virá.

Viver uma vida, existir em Cristo é procurar buscar assemelhar-se em Cristo até a morte, assim como ensina São Paulo. É procurar a cada dia, em comunidade, descobrir que o sentido de uma vida nova – ressuscitada – é ser para os outros, é viver como Cristo que deu sua vida por nós. É considerar tudo como lixo e viver para Cristo. Uma vida ressuscitada, enfim, é buscar a cada dia, já não viver para si, mas para Cristo. Uma vida cristificada que irradie a luz do Ressuscitado no mundo, mas que só é possível vivendo na Igreja, pois nela é que se pode viver por Cristo, com Cristo e em Cristo.