Com alegria tirareis água das fontes da salvação (Is 12,3)

Pe. José Antônio Boareto– Em 15 de maio de 1956, o Papa Pio XII, escreveu a carta encíclica “Hauretis Aquas” (Is 12,3) sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus. Por meio desta carta, ele faz menção a esta passagem do profeta Isaías e interpreta-a à luz do evento do coração traspassado de Cristo.

O Papa afirma que há um estreito vínculo entre a Sagrada Escritura e o Espírito Santo, reconhece ele que: “Este estreito vínculo que segundo a Sagrada Escritura, existe entre o Espírito Santo, que é amor por essência, é a caridade divina, que deve acender-se cada vez mais nas almas dos fiéis, demonstra abundantemente a todos nós, veneráveis irmãos, a natureza íntima que se deve tributar ao coração de Jesus”. (HA, n. 4)

Sinal e símbolo vivo

Ainda de acordo com o Papa, este culto é “um ato de religião excelentíssimo, visto exigir de nós uma plena e inteira vontade de entrega e consagração ao amor do divino Redentor, do qual é sinal e símbolo vivo o seu coração traspassado.”. (HA, n. 4). Este culto aprofunda a nossa correspondência do nosso amor ao amor divino, diz o Papa: “Pois só em virtude da caridade se obtém que os homens se submetam mais perfeitamente e inteiramente ao domínio de Deus, já que o nosso amor de tal maneira se apega à divina vontade, que vem a fazer-se uma coisa só com ela, consoante aquelas palavras: ‘Quem está unido ao Senhor é com ele um mesmo espírito’ (1 Cor 6, 17)”. (HA, n.4)

Caridade de Deus

Pio XII solicita que seja promovido o culto do Sagrado Coração de Jesus, pois não há outra devoção que corresponda melhor à própria índole da fé católica. “Que homenagem religiosa mais nobre, mais suave e salutar do que este culto que se dirige todo à própria caridade de Deus? Por último, que pode haver de mais eficaz do que a caridade de Cristo – que a devoção ao sagrado coração promove e fomenta cada dia mais – para estimular os cristãos a praticarem em sua vida a lei evangélica, sem a qual não é possível haver entre os homens paz verdadeira, como claramente ensinam aquelas palavras do Espírito Santo: ‘Obra da justiça será a paz’ (Is 32,17)?”. (HA, n. 70)

Cristãos na sociedade moderna

O Papa escreve esta carta encíclica pois estava preocupado com o materialismo. Sua postura é por meio da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, fortalecer os cristãos para viverem na sociedade moderna. “Da caridade divina recebe o reino de Jesus Cristo a sua força e a sua beleza; o seu fundamento e a sua síntese é amar santa e ordenadamente. Donde necessariamente segue o cumprir integralmente os próprios deveres, o não violar os direitos alheios, o considerar os bens naturais como inferiores aos sobrenaturais, e o antepor o amor de Deus a todas as coisas” (HA, n. 73).

Coração imaculado de Maria

 Junto ao culto ao Sagrado Coração de Jesus, os fiéis unem-se estreitamente à devoção ao coração imaculado de Mãe de Deus. Diz o Papa: “Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a santíssima virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo; tanto que é a nossa salvação é fruto da caridade de Jesus Cristo e dos seus padecimentos, aos quais foram intimamente associados o amor e as dores de sua Mãe”. (HA, n. 74).

Sentido da redenção

Através da apresentação de algumas ideais fundamentais desta carta encíclica, eu procurei demonstrar os fundamentos para o culto do Sagrado Coração de Jesus na Igreja e assim podermos aprofundar nosso conhecimento sobre este “ato de religião excelentíssimo”, o culto à caridade de Cristo – nossa salvação – e caminho de nossa salvação, pois só pela caridade vivida entre nós podemos experimentar em nossa vida o sentido profundo da redenção.