Devemos ter Maria como exemplo de vida

Comunidade de Oração Mariano-Eucarística de Schoenstatt – Mais que um costume, um preceito da fé judaica, a apresentação da menina Maria de Nazaré no Templo é a festa do encontro de Deus com sua filha preferida, do Criador com sua mais perfeita criatura.  É a antecipação de sua Assunção e sua Coroação, no céu, porque a Virgem Maria já estava coroada como o único ser humano concebido sem o pecado original. Principalmente porque “Deus, por assim dizer, esgotou sua Onipotência com a querida Mãe de Deus, isto é, que não lhe foi possível chamar à vida uma criadora maior do que ela”[1].

Embora a tradição tenha se iniciado com o povo, essa Memória é reconhecida e celebrada pela Santa Igreja desde o ano 543, todos os anos, em 21 de novembro, embora não se encontrem fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos.  O fundamento da Memória está no chamado ‘Protoevangelho de Tiago’[2].

Nos manuscritos de São Tiago, pode-se ler que São Joaquim e Sant’Ana, pais de Maria, só tiveram essa menina como filha; como gratidão por essa bênção de Javé na vida deles, quando ela tinha três anos, levaram-na para o Templo cumprindo a promessa que tinham feito.  Foi uma apresentação simples, mas solene; seus pais pediram que virgens hebreias, de duas em duas, subissem antes dela a escadeira do Templo, carregando lâmpadas acesas; assim, com o coração da menina voltado para o Templo, ela não sofreria tanto a separação dos pais, ainda em tenra idade, e não pensaria em mais nada, a não ser em Deus.

“O sacerdote a recebeu, a beijou e abençoou-a. E disse [à Maria]: ‘O Senhor engrandeceu o teu nome diante de todas as gerações. No final dos tempos, manifestará em ti Sua redenção aos filhos de Israel’. Então fez [Maria] sentar-se no terceiro degrau do altar e o Senhor derramou Sua graça sobre ela. Ela dançou e cativou toda a casa de Israel”, diz o Protoevangelho.

Assim, Maria foi educada na fé de seus pais; enquanto permaneceu no Templo, também segundo o Protoevangelho, muitos fatos extraordinários aconteceram ali, como, por exemplo, os anjos que lhe traziam comida extraordinária. Maria permaneceu ali até os 12 anos, preparando-se, sem nem mesmo ter consciência disso, para ser a Mãe do Filho de Deus.  Era muito interessada, estudava, guardava em seu coração tudo o que lia no que hoje chamamos Antigo Testamento.  Depois que seus pais faleceram, ela saiu do Tempo para desposar São José – e o resto da História bem conhecemos.

Como toda festa que a Igreja nos propõe, a apresentação de Maria no Templo tem sentido prático na vida de cada um de seus devotos.  Porque foi levada ao Templo e ali permaneceu, fica claro que ela era totalmente de Deus, toda pura, imaculada, consagrada desde o ventre de sua mãe[3]. Ter sido levada ao Templo aos três anos é um pré-anúncio do Evangelho de Cristo: “Em verdade, eu vos digo: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no reino dos céus”[4].

O fato de Maria ter sido consagrada remete-nos à Consagração que fazemos, a Aliança de Amor que selamos; recorda-nos que cada batizado é templo do Espírito Santo; portanto, como sempre, todos devemos ter Maria como exemplo de vida: deixar que a Palavra de seu Filho Jesus penetre tão fundo na alma até chegar a ser a única forma do nosso ser e do agir.  Nos Santuários de Schoenstatt, todo dia de festa mariana é celebrado de forma especial, com profunda gratidão a Maria, porque ela deu o seu Fiat e o viveu profunda e eternamente.

 

 

[1] Pe. José Kentenich, Espiritualidade mariana do instrumento, pág. 96

[2] também conhecido como ‘Livro de Tiago’, ou ainda ‘História do nascimento de Maria’)

[3] Cf. Jr 5,1

[4] Cf. Mt 18, 3