Nicolás Schwizer – Deus Pai é a meta última de nossa fé. Cristo é o Filho Unigênito e predileto do Pai. Sua missão consiste em revelar-nos o rosto, a imagem do Pai e conduzir todos até Ele. É a grande mensagem e, no fundo, a única mensagem do Novo Testamento: Deus é Pai, um Pai que ama infinitamente; em Cristo somos Seus filhos.
Por isso, nosso amor precisa crescer e purificar-se. O amor primitivo gira em torno ao próprio eu e seus interesses. Ao contrário, o amor filial maduro gira em torno do Pai e de Sua vontade.
Isso requer uma permanente autoeducação, uma luta diária constante, renúncias e entregas heroicas. Porém, sabemos que é o único caminho para entrar no Reino do Pai Eterno: converter-se e fazer-se como criança.
Se Deus nos ama tanto, temos de lhe responder com nosso amor. Devemos aceitá-lo como nosso verdadeiro Pai e corresponder-lhe com nosso afeto filial. Devemos olhar para o Pai como a grande meta final de nossa existência. Temos de considerar nossa vida como um caminhar, uma peregrinação contínua rumo à Casa do Pai, rumo ao Seu Coração paternal.
Devemos lutar por uma verdadeira filialidade diante de Deus; facilitar para que nossos filhos tenham essa relação filial, tendo como exemplo nossa própria paternidade madura, desinteressada, amorosa. Tudo isso nos leva a nos perguntar: Sentimos e amamos a Deus como nosso Pai e nos entregamos a Ele com profunda filialidade?
Amor ao Espírito Santo
É o cume de nosso crescimento no amor a Deus. É o mais difícil, porque Deus se apresenta a nós aqui como Espírito puro. Encontramo-nos com a grandeza e o mistério incompreensível de Deus. Sentimos o abismo entre o Criador e nós, suas criaturas. O que parece um pouco mais fácil de entender é o atuar do Espírito Santo na alma: Ele é o autor de todas as graças que recebemos.
Ele é o guia e educador de nossa alma; principalmente, é a fonte de nossa maturidade e santidade, por meio das virtudes divinas (fé, esperança e caridade) e, mais além ainda, pelos sete dons. Ele nos conduz às alturas da vida religiosa. O Espírito permanece conosco, até que preencha nossa alma. Por isso, a exortação de São Paulo: “Não apaguem o Espírito”. Como apagamos ou expulsamos o Espírito Santo?
Com cada pecado grave ou mortal; também o ofendemos e o entristecemos com os demais pecados e faltas. Por isso, a primeira coisa que o Espírito Santo cuida de operar em nós é nos livrar do pecado, nos ajudar a superar nossa negligência e tibieza. Apenas quando flui a força com força a vida divina em nós, o Espírito pode nos presentear todos seus dons e frutos e conduzir-nos às alturas da perfeição cristã.
Percebemos que nossas decisões hão de resultar em amor profundo e uma vinculação pessoal à terceira Pessoa Divina. Para assim conseguirmos, é necessário um anseio profundo, libertar-nos de todo amor desordenado, muito silêncio e conhecimento interior, um ouvido fino e grande abertura de alma. O amor à Maria, sua presença maternal em um coração humano, sua presença na alma atrai poderosamente o Espírito de Deus. Não há outro remédio para encher com seus dons um coração mariano, assim como o Filho na Encarnação com o Coração da Santíssima Virgem.
Perguntas para reflexão:
- Temos nos transformado em pais (ou mães) autênticos, reflexos da paternidade de Deus?
- O que fazemos fora da família para promover essa nova paternidade?
- Qual é nossa atual relação com o Espírito Santo?
Tradução: Maria Rita Vianna