Padre Nicolás Schwizer – O matrimônio é uma Aliança de amor, selada no dia das bodas. É, naturalmente, uma comunidade de vida entre duas pessoas. Além disso, é também um Sacramento e, como tal, é o símbolo de uma Aliança de amor entre Cristo e sua Igreja. É o que nos diz São Paulo (Ef 5, 22ss):
Os esposos cristãos devem amar-se como Cristo amou à sua Igreja e se entregou por ela, o que nos faz entender que o amor de vocês não é apenas de vocês, mas também é um amor que transcende o humano. Vocês se convertem em sacramentos vivos do amor e da presença de Deus.
No dia do casamento, Cristo se aproximou e tocou o amor de vocês e o transformou, convertendo-o em sinal e presença de seu amor divino entre as pessoas. O amor recebeu a missão de ser sinal e reflexo do amor de Deus. Casar-se pela Igreja significa, portanto, prometer amar o cônjuge não segundo a própria vontade, mas amá-lo com um amor como aquele que Cristo tem por todos nós.
Contudo, essa é uma tarefa muito difícil, um ideal sumamente elevado. Precisamos nos perguntar em que medida estamos manifestando esse amor de Cristo em nossa vida matrimonial. No Sacramento do Matrimônio, Cristo nos oferece sua força, para que assim possamos viver, quando se compara o próprio amor com o amor do Senhor, sente-se estar terrivelmente distante desse verdadeiro amor. Entretanto, Ele está aí, com a mão estendida e oferecendo sua força de amor e de fidelidade, para que o amor de cada casal possa assemelhar-se ao Seu Amor.
No dia do matrimônio, Cristo se comprometeu com vocês. Foi uma Aliança não entre dois, mas sim uma Aliança a três. Nesse dia, começaram uma aventura em uma barca na qual estavam três pessoas, porque Ele embarcou com vocês, para, a cada dia, dar-lhes as forças que necessitam. Não se trata de uma lei imposta aos esposos, embora trace o caminho da felicidade humana; vai além: revela que a relação conjugal e familiar é uma fonte inesgotável de criação e alegria.
Tudo, no matrimônio, pode ser caminho para a santidade
O matrimônio é, para os dois, um chamado à santidade. A Igreja, em sua mentalidade, ainda não mudou sua concepção de vida conjugal como caminho de santidade. Somos convidados a desenvolver uma espiritualidade leiga no caminho à santidade a partir da vida conjugal, onde a sexualidade, o trabalho, a educação dos filhos tenham um lugar particular. O matrimônio é uma escola superior de amor e deveria ser como uma saudável competição entre consagrados e casados de quem chega antes à santidade e à plenitude do amor. Tudo, no matrimônio, pode ser caminho para a santidade.
O matrimônio é um Sacramento dos leigos; essa afirmação é muito importante para nossa espiritualidade leiga que precisa ocupar, em primeiro lugar, uma espiritualidade matrimonial e familiar. Disso tudo, concluímos que o diálogo deveria ser algo essencial para a vida matrimonial. Somos uma comunidade e precisaríamos ser peritos em nos comunicarmos por meio de sentimentos, quer dizer, escutar um ao outro e estimular o outro em seu crescimento.
Porque todo amor autêntico quer ser eterno, cria uma fidelidade, exige um compromisso, aspira a um descobrimento, pretende não terminar nunca, quer crescer e desenvolver-se sem fim. Ninguém que ame verdadeiramente coloca prazo. Não existe um amor por cotas ou por tempos e, por isso, temos que cultivar diariamente o amor, temos que renová-lo permanentemente.
Hoje, para muitos jovens, a fidelidade tornou-se uma realidade inalcançável; eles questionam a essência da instituição matrimonial. A fé em Jesus Cristo, em sua graça que nos santifica é a força que nossos jovens e casais precisam, no caminho à santidade.