Encerramos o Tempo Pascal, já vivemos grandes solenidades, como a de Pentecostes e Corpus Christi, que sempre nos ajudam a renovar nossa fé e aprofundar nosso amor a Deus e nossa adesão ao Evangelho. Vivemos agora no Tempo Comum dentro do ciclo do ano litúrgico. Apesar do termo “tempo comum”, não podemos fazer deste período algo comum, sem importância, sem entusiasmo.
Vivemos numa época confusa, cheia de desafios, ficamos assustados com tudo o que vemos e ouvimos nos meios de comunicação, pois o mundo e nosso país parecem estar num caos. É uma onda de negatividade… Então, se torna realmente desafiador e uma verdadeira missão permanecer sempre alegre! Um cristão não pode deixar de lado essa tarefa essencial de sua vida, pois cristão triste não é cristão!
Em sua nova exortação apostólica Gaudete et exsultate, o Papa Francisco, entre outros estímulos, nos exorta à alegria. Ele diz:
O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança. Ser cristão é «alegria no Espírito Santo» (Rm 14, 17), porque, «do amor de caridade, segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com o amado. (…) Daí que a consequência da caridade seja a alegria».[99]Recebemos a beleza da sua Palavra e abraçamo-la «em plena tribulação, com a alegria do Espírito Santo» (1 Ts 1, 6). Se deixarmos que o Senhor nos arranque da nossa concha e mude a nossa vida, então poderemos realizar o que pedia São Paulo: «Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!» (Flp 4, 4).
Existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode destruir a alegria sobrenatural, que «se adapta e transforma, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados». É uma segurança interior, uma serenidade cheia de esperança que proporciona uma satisfação espiritual incompreensível à luz dos critérios mundanos.
Normalmente a alegria cristã é acompanhada pelo sentido do humor, tão saliente, por exemplo, em São Tomás Moro, São Vicente de Paulo, ou São Filipe Néri. O mau humor não é um sinal de santidade: «lança fora do teu coração a tristeza» (Qo 11, 10). É tanto o que recebemos do Senhor «para nosso usufruto» (1 Tm 6, 17), que às vezes a tristeza tem a ver com a ingratidão, com estar tão fechados em nós mesmos que nos tornamos incapazes de reconhecer os dons de Deus.
Assim nos convida o seu amor paterno: «meu filho, se tens com quê, trata-te bem (…). Não te prives da felicidade presente» (Sir 14, 11.14). Quer-nos positivos, agradecidos e não demasiado complicados (…). Em cada situação, devemos manter um espírito flexível, fazendo como São Paulo: aprendi a adaptar-me «às situações em que me encontre» (Flp 4, 11). Isto mesmo vivia São Francisco de Assis, capaz de se comover de gratidão perante um pedaço de pão duro, ou de louvar, feliz, a Deus só pela brisa que acariciava o seu rosto.
Não estou a falar da alegria consumista e individualista muito presente nalgumas experiências culturais de hoje. Com efeito, o consumismo só atravanca o coração; pode proporcionar prazeres ocasionais e passageiros, mas não alegria. Refiro-me, antes, àquela alegria que se vive em comunhão, que se partilha e comunica, porque «a felicidade está mais em dar do que em receber» (At 20, 35) e «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7). O amor fraterno multiplica a nossa capacidade de alegria, porque nos torna capazes de rejubilar com o bem dos outros: «alegrai-vos com os que se alegram» (Rm 12, 15). (…) Ao contrário, «concentrando-nos, sobretudo, nas nossas próprias necessidades, condenamo-nos a viver com pouca alegria».
Pe. Kentenich também nos ensina que: “Nada há que possa abalar a alegria do cristão, pois ele se funda inteiramente em Deus” (Santidade de Todos os Dias).
Esse sério esforço e empenho em permanecer alegre, não obstante os desafios da vida, só o conseguiremos em Aliança com a Mãe de Deus. Ela, como nossa grande educadora, nos ajuda a superarmos muitas situações de tensão, pessimismo, desânimo para vivermos na alegria que vem de Deus, alegria de sermos profundamente amados e cuidados por Deus. Ela cantou, cheia de alegria, em seu Magnificat: Minha alma glorifica o Senhor!”
Como diz o Papa Francisco e também o Pe. Kentenich: para estarmos sempre alegres, precisamos estar atentos e reconhecer os dons e benefícios de Deus em nossa vida, nas menores coisas e agradecer! Quem sabe agradecer sempre terá motivo para ser alegre e levar alegria a todas as pessoas.
Comecemos agora: o que você recebeu hoje de Deus? Pense, anote, agradeça! Seu coração se alegrará!