(Foto: Juliede Simoes)

A cada remada de 2021, uma nova oferta para o Capital de Graças, na certeza de que Deus permanece conosco, e tem o leme nas mãos

Pe. Vitor Possetti – Uma imagem marcante do ano de 2020 foi do Papa Francisco, diante da praça de São Pedro vazia, no dia 27 de março, onde comparou nossa experiência da pandemia com a dos discípulos do evangelho (Mc 4), “surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, frágeis e desorientados mas, ao mesmo tempo, importantes e necessários: todos chamados a remar juntos.” 

[1]

Isso de algum modo “desmascarou a nossa vulnerabilidade e deixou a descoberto falsas e supérfluas seguranças”. De fato, muitas delas foram agravadas nesse ano de Covid-19, com diversos sintomas de egoísmo e indiferença.

Por outro lado experimentamos significativas experiencias de solidariedade, corresponsabilidade e cuidado em diferentes níveis. Sem contar o despertar da criatividade e as tantas inovações no âmbito do trabalho, dos serviços e das relações em geral.

Certamente um ano muito especial que ficará em nossa memória. Grandes foram os desafios, maiores ainda serão as graças.

Por mais que experimentemos o tempo entre o cíclico e o linear (houve um começo e haverá um fim), cruzar as portas de 2021, mais que um trocar a página do calendário, poderá ser um passo adiante no sentido do Deus da história. Para Ele, mil anos são como um dia (2 Ped 3), e os verdadeiros progressos nos trazem um toque de eternidade.

Esse ano pode ter sido, acima de tudo, um chamado à conversão. “Tempo de reajustar a rota da vida rumo ao Senhor e aos demais”, dizia o papa Francisco. “O Senhor, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança”.[2]

Pe. Kentenich, nas tormentas do campo de concentração, rezava: Da-me, Pai, a conversão total… Contigo atravessarei noites e trevas porque Seu amor sempre vela por mim [3]

É assim que, depois de 2020, não se trata somente do limiar para um ano novo, mas o convite a avançar em vista de um Mundo Novo e de sermos Pessoas Novas. A expectativa, por várias vezes, foi a de sairmos desse ano mais humanos, mais solidários e que tantas dores e lutas não tenham sido em vão.

Em aliança, sabemos que o Tabor pode ajudar a transfigurar as realidades, muitas vezes marcada por situações que desfiguram os rostos. Queremos ser colaboradores nessa travessia.

Em 2021 vamos seguir remando juntos, livremente, também a partir de nossos santuários, grupos e lares. A cada remada uma nova oferta para o Capital de Graças, na certeza de que Deus permanece conosco, e tem o leme nas mãos [4]. Ali onde houver um coração que se consagra a Maria, que confia no Pai e se abre aos irmãos, ali acontecerá um novo Tabor para transfigurar nossa realidade.

Adeus ano velho, bem-vindo 2021, companheiro e amigo na busca de um Mundo Novo.

Nunca é tarde para recomeçar.

Adeus ano-velho, bem-vindo 2021, mar e caminho na rota do Homem Novo.

Que seja um ano de Fé, Conversão, Esperança e Solidariedade.

(Foto: Ir. M. Vilma Vassoler)

Pe. Vitor Possetti
Santuário Tabor da Nova Evangelização, Olinda/PE

 

Referências:

[1] Papa Francisco, Ubi et Orbi, 27 Março 2020

[2] Papa Francisco, Ubi et Orbi, 27 Março 2020

[3] Pe. José Kentenich, Rumo ao Céu 399, 400

[4] Cf. Pe. José Kentenich, Rumo ao Céu 399

 

Fonte: schoenstatt.org.br