Pe. Nicolás Schwizer– Por que não rezamos como uma criança? Ela não fala muito, repete o mesmo, durante muito tempo. Assim rezava Cristo, assim rezava Maria. Quando queremos rezar o Pai Nosso, na verdade é suficiente dizer apenas “Pai”, com todo o sentido que essa palavra encerra, porque tudo está incluído nela. Ele é meu Pai e eu realmente sou seu filho. Com todo seu amor paternal, olha para mim, me conduz, cuida de mim. Meditando, rezando, falando e conversando assim com Deus, minha oração me causa muita alegria e será eficaz.

O que precisamos fazer para que nossa oração seja eficaz?

A Bíblia e os mestres da vida religiosa nos indicam três condições para que a oração seja eficaz: deve ser feita com humildade, confiança e perseverança.

  1. A humildade ou filialidade como atitude fundamental diante de Deus é o que torna mais eficaz nossa oração de súplica, porque Deus Pai não consegue resistir a uma debilidade conhecida e reconhecida por seus filhos.

Encontramos a atitude de humildade na oração de quem se reconhece como pecador, injusto, ladrão, mas possui um espírito humilde e pobre; por isso, confessa a verdade. Em sua miséria, pede perdão e suplica ajuda a Deus, confiando em Sua misericórdia.

Oposto a essa atitude de humildade, que Deus espera e busca em nossas orações, está a atitude de soberba, de autocomplacência e de desprezo frente ao outro; é atitude de quem não necessita de Deus, nem de Sua misericórdia, nem de Sua justiça, porque se crê limpo de todo pecado e dá-se como justificado pelo mérito de suas próprias obras boas – e, assim, coloca-se diante de Deus como um grande pecador que não é justificado.

  1. Junto com a humildade está a confiança. O próprio Jesus nos ensina em suas despedidas: “Em verdade vos digo, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos concederá. Pedi e recebereis, para que vossa alegria seja completa” (Jo 16,23-34).

Por que tanta desconfiança? Qual é o sentido da angústia que sofremos no mundo de hoje? Uma verdade conhecida, que nos esquecemos no trajeto de nossa vida, nos revela que não podemos encontrar a segurança e a proteção neste mundo; devemos buscá-las em outro mundo, devemos buscá-las em Deus.

  1. A perseverança na oração, sempre junto com a humildade e a confiança, é o que Jesus nos deixa como exemplo de rezar e implorar. Assim entendemos que a oração forma o centro vital do cristão, do cristão que reza com humildade, confiança e perseverança.

Não se pode separar a oração da vida cristã; ambas sempre caminham juntas.

Santa Teresa explica: “Para mim, sempre é o mesmo: rezar e encontrar o caminho ao Pai”. Quem, por isso, não reza, não encontrará nunca o caminho rumo ao Pai. Assim entendemos por que muitos de nossos contemporâneos não vivem como cristãos, não têm uma relação pessoal com Deus: eles não se esforçam para rezar.

A essas pessoas, Santo Alfonso diz uma palavra muito dura: “Quem não reza, quem deixa de rezar, não deve ser condenado, porque já está condenado”. Mesmo assim, não percamos nunca a esperança de salvação para essas pessoas; com certeza sentimos que a oração é totalmente necessária para um cristão vivo.

Roguemos ao Senhor, dizendo-lhe: Senhor, ensina-nos a rezar, a oferecer-te ao Pai; e nós nos oferecemos, como tu, ao Pai, pela salvação de todos nossos irmãos.

Tradução de Maria Rita Vianna