Pe. Nicolás Schwizer– O homem é um ser vivo, se desenvolve. Enriquece-se no trato com os outros, com a experiência, porque é verdade que cada pessoa, porque é pessoa também em relação aos grupos, às organizações, aos movimentos.

E para os cristãos? E para a Igreja? Não temos nada para descobrir, nada para aprender, nada de novo para viver juntos? Tudo está fixado, definitivamente classificado em livros e em leis imutáveis?

Jesus Cristo nos dá a resposta. Dirigindo-se aos seus discípulos, lhes disse: “Tenho ainda muitas outras coisas para vos dizer, porém vós não podeis entendê-las agora; o Espírito da verdade vos guiará até a verdade plena; porque, assim, de mim receberão aqueles que lhes for comunicado”.

Portanto, nem tudo estava definitivamente determinado desde o começo. Nosso cristianismo, também nossa Igreja vive, se move, desenvolve-se e nasce a cada dia. Além disso, os cristãos, cada um por si e de forma comunitária, de fato ainda não encontraram Jesus Cristo, não o descobriram, nem o vivem plenamente.

A Igreja está viva, muda em seu desenvolvimento e nasce a cada dia. A Igreja cresce, por um lado, quando, sem cessar, acolhe a novos discípulos. Por outro lado, nasce a cada dia quando os homens, reunidos em Jesus Cristo, descobrem a Deus e com ele se comprometem a, com ele, construir o reino no coração de cada história humana.

Então, a Igreja cresce, se transforma e, por isso, felizmente, está viva e muda o “rosto humano” em cada tempo.

Além disso, a Igreja se transforma porque não vive fora do mundo. Jesus nos disse que é fermento na massa. É uma semente na terra. Toda semente que cria raízes cresce pouco a pouco e se converte em árvore, árvore grande com muitos ramos, sempre novos, sempre inesperados. Árvore onde todos os pássaros do céu podem fazer seu ninho.

Os cristãos, de forma individual ou coletiva, ainda não encontraram a Jesus Cristo, não o compreendem, nem o vivem. Somos incapazes, no breve período de nossa vida, de compreender Jesus Cristo, de contemplar todas suas riquezas e, mais ainda, de viver todos os aspectos. Nossa alma, nosso olhar de fé realmente não são suficientemente amplos para, como diz São Paulo, compreender o comprimento, a largura, a altura e a profundidade, de conhecer plenamente o amor de Cristo, que supera todo o entendimento.

O que acontece com o cristão que, pouco a pouco, descobre as riquezas de Cristo e vive cada vez melhor um ou outro aspecto, acontece também com os grupos de crentes. Acontece com as Igrejas particulares de todos os continentes, cada uma chamada a compreender, viver, expressar certas riquezas de Cristo que nós não captamos com tanta profundidade.

O mesmo acontece com a Igreja universal. Certamente, tudo permanece dito e feito, em tudo Jesus Cristo triunfou. É verdade que o depósito da revelação está todo por inteiro nas mãos da Igreja; porém, quem se atreverá dizer que tudo foi realmente compreendido e, mais ainda, vivido?

Fica a questão: a Igreja se contradiz, ou muda a fé? De maneira alguma, ela não esquece nada; guiada pelo Espírito Santo, atenta às diferentes necessidades dos homens, dos grupos, dos povos de seu tempo, sucessivamente aprofunda este ou aquele aspecto da fé, dá-lhe o devido valor e pede ao cristão que o viva mais.

Na Igreja e pela Igreja o Espírito Santo nos guia até a verdade plena. Queridos irmãos, Cristo vive, a Igreja vive, ninguém pode deter seu crescimento. Ninguém pode amordaçar o Espírito Santo e impedi-lo que oriente os responsáveis pela Igreja, seus teólogos, seus fiéis, a buscarem, descobrirem, viverem e celebrarem as maravilhas que o Senhor fez por nós.

Sim, acreditamos que o Espírito trabalha em nossa Igreja conforme o ritmo da história. Ela “recebe o que vem de Cristo para nos comunicar”, ela “nos guia até a verdade plena”.

Tradução: Maria Rita Vianna