(Foto: marthaartess via cathopic.com)
Início do Tríduo Pascal
Pe. José Antonio Boareto– A celebração do Mistério Pascal: A Ceia do Senhor, a Missa do Crisma que geralmente é celebrada na quinta-feira de manhã traz a perícope[1] do Evangelho de Lucas (4,16-21). Neste texto lemos que Jesus veio à Nazaré, onde se tinha criado, e conforme o costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”.
O texto diz que após a leitura, Jesus fechou o livro e disse que aquela passagem da Escritura que acabavam de ouvir estava cumprindo-se naquele dia.
Para nós cristãos a celebração do Mistério Pascal de Jesus Cristo não pode estar separada do anúncio da Boa Nova que Ele testemunhou. Jesus com sua vida e missão anunciou o Reino de Deus, e sobretudo, revelou-nos que o Pai é misericordioso. A Boa Nova de Jesus se fez conhecer em seu modo de atuar.
Este ano, em particular, a Igreja no Brasil, através da Campanha da Fraternidade, nos convida a refletir sobre o ato de educar, e para ajudar-nos nessa compreensão, utilizou-se da perícope da mulher adúltera no Evangelho de João. Jesus é aquele que revela que somos frágeis, ninguém tem o direito de julgar a ninguém e que Deus não condena, mas oferece o perdão e quer que o ser humano não peque mais.
Com isto queremos afirmar que só encontramos sentido no celebrar o mistério pascal ao identificarmos que estamos agindo como discípulos e discípulas de Jesus, buscando configurar nossa vida à de Jesus. Ser evangelizadores que levam a Boa Nova do Reino, testemunhando-o com a vida, sobretudo, revelando a misericórdia do amor de Deus ao nosso semelhante. Neste sentido, celebrar a Ceia do Senhor é primeiramente recordar que Deus revela-se justo e libertador, este é o sentido da ceia judaica, ela faz memória da libertação. E agora a ceia reveste-se de novo significado, pois Deus tornou-se humano em Cristo Jesus. Ele revelou que Deus quer se fazer próximo de nós, e por isso, convida seus discípulos a participar do mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição ali na Eucaristia antecipada.
A sua auto entrega, a oblação, a vida doada por amor a nós encontra a sua expressão máxima na salvação que oferece para todo ser humano na cruz. Tal Mistério é memorizado/atualizado na Ceia. A comunidade reunida é chamada a fazer o mesmo que Jesus fez, por isso, lavar os pés é condição para ser discípulo de Jesus e somente quem compreende o amor como serviço pode ter parte com Ele, e mesmo fazer parte da Ceia, isto é, viver em comunidade, onde através do rito do comer do mesmo pão e beber do mesmo cálice, que se tornam a sua carne e seu sangue, se “faz isto em memória de mim!”
O discípulo e a discípula de Jesus comungam com Cristo quando em seu modo de viver também tornam-se comunhão e a testemunham como serviço aos irmãos e irmãs. Sem uma profunda conversão de vida, um permanente exame do consciente, corre-se o risco de nossa vida cristã não passar de momentos celebrativos ao invés de serem experiências de fé no Cristo Jesus que vive entre nós.
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[1] Trecho de um livro utilizado para transcrição ou para outras finalidades.
passagem da Bíblia utilizada para leitura durante culto ou sermão.